O problema dos negros é igual em qualquer lugar do mundo. São os preferenciais ladrões, assassinos, precisam ser presos até enquanto crianças, enfim, são o submundo da sociedade nos EE.UU, como vemos abaixo, no Brasil e em quaisquer outras paragens...
Ah, ia me esquecendo: a mídia, lá como aqui, age da mesmíssima forma! Lembram-se da "Escola Base" aqui de São Paulo? Pois é.
"Enquanto a mídia insiste na narrativa das 'manifestações violentas', vozes locais conclamam a sociedade a enxergar as motivações por trás da revolta.
Sarah Lazare, do Common Dreams
Enquanto pessoas em toda a cidade de Baltimore se preparam para mais um dia de mobilizações pedindo justiça pela morte de Freddie Gray, vozes locais pedem à sociedade americana que busque ir além do discurso da polícia e da mídia sobre "saques" e "violência dos manifestantes" para que consigam ouvir as expressões de indignação e os pedidos por mudanças profundas que vêm das ruas.
"A opressão sistêmica que estamos vendo é o resultado de décadas de omissão aos clamores da população negra de Baltimore," disse ao Common Dreams por telefone Adam Jackson, da organização com sede em Baltimore Leaders of a Beautiful Struggle. "As pessoas estão fazendo discursos moralistas sobre latas de lixo queimadas. Onde está a indignação quando pessoas negras estão sendo mortas pela polícia? Isto é opressão estrutural."
"Destruição de propriedade não é tão importante quanto uma vida negra", acrescentou Jackson.
Milhares de pessoas tomaram as ruas de Baltimore na segunda-feira seguinte ao funeral de Freddie Gray, um homem negro de 25 anos, que morreu em decorrência de graves lesões na espinha sofridas enquanto estava sob a custódia da polícia, no início do mês. A mobilização transformou-se em expressão de ira e indignação numa cidade com um histórico preocupante de violência policial contra negros, incluindo um alto índice de mortes pela polícia. O Baltimore Sun informou, no ano passado, que a cidade pagou "cerca de 5,7 milhões de dólares desde 2011 em ações judiciais que alegam que os policiais espancam descaradamente os suspeitos", negros em sua maioria.
Esta mesma força policial foi fortemente mobilizada contra os manifestantes na segunda-feira, junto a membros das forças militares dos Estados Unidos, com a Guarda Nacional. Na segunda-feira, agências de notícias nacionais logo começaram a relatar episódios de "manifestações violentas". Eles foram enriquecidos por alegações questionáveis – e amplamente repetidas – da polícia sobre uma suposta trégua entre gangue que representaria uma "ameaça considerável".
Mas testemunhas contam uma história diferente: de violência policial e ataques aos manifestantes, incluindo crianças. Brian Arnold, um ex-professor do ensino médio de Baltimore City, compartilhou uma contra-narrativa no Facebook, que viralizou rapidamente:
“Quero deixar o mais claro possível que:
1) a polícia inventou uma "ameaça considerável" a partir de alguns estudantes do ensino médio que se reuniam em Mondawmin para criar confusão.
2) a polícia apareceu com grande efetivo e usando equipamento de choque antes que os estudantes saíssem da escola em Mondawmin, um local de tráfego intenso, e PAROU O TRÂNSITO, impedindo os garotos de sair.
3) a polícia começou a lançar gás lacrimogênio nas pessoas e a brandir tasers (armas que dão choque).
4) os garotos, compreensivelmente, ao serem encurralados e atacados com gás lacrimogênio, responderam atirando pedras.
5) a mídia começa a contar o episódio como "uma rebelião" de "manifestantes violentos”.
Tudo isto é 100% comprado e pago pelo departamento de polícia. Isto é absolutamente vil”.
"O cinismo inerente em fazer uma arapuca para garotos na escola é um reflexo da atitude da polícia com essas crianças", Arnold disse ao Common Dreams, acrescentando que, como ex-professor, testemunhou muitas vezes que a violência policial contra crianças "é um problema comum na comunidade.”.
Diversos relatos de brutalidade policial vieram à tona na segunda-feira, incluindo de agentes da lei jogando pedras em manifestantes. Mas muitos dos que vivem na cidade, onde os negros são 64% da população, argumentam que a violência é muito mais profunda.
Laurence Brown, professor-assistente na Morgan State University e membro da Baltimore Redevelopment Action Coalition for Empowerment, afirmou:
"A narrativa agora é sobre saques e tumultos. As pessoas não veem os problemas estruturais de todos os dias. Eu chamaria de saqueamento estrutural na forma de políticas públicas".
Brown explicou que a história de Baltimore de "segregação forçada e remoções" – através de leis de zoneamento raciais e de habitação pública segregada, e da construção de rodovias que cortam bairros negros – levou a uma situação de "riqueza discriminatória que parou de investir na comunidade negra".
Assassinatos cometidos por policiais de pessoas negras desarmadas fazem parte deste quadro, disse ele. "E agora temos esta mobilização nacional, mas também uma indignação nacional. Quase toda semana vemos um novo vídeo de uma pessoa negra desarmada sendo baleada e morta pela polícia dos Estados Unidos. Se não for um vídeo, ouvimos um relato. Neste momento de indignação nacional, a sensação crescente é de que estamos fartos".
A organização de direitos humanos com base em Baltimore United Workers disse em um comunicado à imprensa divulgado na terça-feira que o racismo e a pobreza que assolam Baltimore chegaram a um "ponto de ruptura".
"Por que 40.000 propriedades estão vazias, enquanto 4.000 pessoas estão sem um teto, e outras 154.000 perdem suas casas e são despejadas todo ano?" pergunta a organização. "Por que 62% dos candidatos a um emprego relatam ser impossível encontrar um trabalho que oferece um salário capaz de garantir uma vida digna, e quase um em cada quatro cita seus antecedentes criminais como uma dificuldade para conseguir emprego? Por que utilizamos subsídios de desenvolvimento econômico para beneficiar investimentos no centro da cidade, resultando em menos receitas fiscais para as escolas? Por que o nosso prefeito defende o projeto de um incinerador de lixo tóxico para a região de Southwest Baltimore, uma área que já registra a presença de chumbo, mercúrio e outros poluentes tóxicos em níveis perigosos? E por que, depois de 16 dias, ainda não há uma resposta à pergunta: por que Freddie Gray foi preso e como sua espinha foi quebrada?"
"Nossas comunidades têm dignidade", disse a líder da juventude da United Workers Destiny Watford. "Quando vemos nossos direitos humanos violados, agimos e continuaremos a pressionar pela garantia dos nossos direitos – direito ao ar puro, à moradia e a um trabalho digno".
Jackson, dos Leaders of a Beautiful Struggle, enfatizou que "a atmosfera em Baltimore é positiva, mesmo que extremamente agitada. As pessoas querem ser positivas, que a cidade avance e que seja feita justiça para Freddie Gray".
As comunidades de Baltimore organizaram equipes de médicos nas ruas para cuidar dos feridos nos protestos, bem como apoio jurídico – como um fundo de fiança – para quem foi detidos e presos pela polícia. Esforços de limpeza da comunidade foram vistos em toda a cidade na terça-feira, e alguns estabelecimentos, como a livraria e restaurante Red Emma's, estão servindo almoço gratuito para os estudantes que enfrentam o fechamento de escolas. Psicólogos e assistentes sociais estão atendendo quem precisa de apoio.
Enquanto isso, ações de solidariedade estão previstas em todo o país, de Nova York a Ferguson, passando por Chicago, onde o policial que atirou e matou Rekia Boyd, uma mulher negra e desarmada, foi recentemente inocentado por um juiz.
"Isso é parte de um diálogo e uma discussão mais ampla sobre justiça para a população negra", disse Jackson. "As pessoas estão insatisfeitas e cansadas desta situação e agora começam a se expressar".
Tradução de Clarisse Meireles
Fonte : Carta Maior
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