Contratação pelo Barça, investigada pela Justiça, pode ter desequilibrado o craque, diz jornal
Seu treinador deixou escapar que o jogador poderia estar abalado por questões extra-campo (em alusão à notícia, divulgada poucas horas antes do jogo, de que a Justiça espanhola admite uma queixa por “corrupção e fraude” em sua contratação pelo Barcelona).
Na quarta-feira, o El País publicou que o juiz da Audiência Nacional José de la Mata, sucessor de Pablo Ruz, admitiu uma queixa da empresa que detinha 40% dos direitos federativos do jogador antes que o Santos o transferisse ao time catalão. Essa empresa, denominada Dis-Esportes e Organização de Eventos, garante ter sofrido um prejuízo pelo contrato que Neymar e seu pai assinaram com o Santos e o Barcelona em 2011 pelo qual o jogador cobraria 40 milhões de euros quando fosse agente livre para garantir sua contratação.
Nesse processo aparecem como acusados o jogador, seu pai, o presidente do Barça, Josep María Bartomeu; seu antecessor Sandro Rosell assim como o atual presidente do Santos, Odilio Rodrigues e seu predecessor Luis Alvaro de Oliveira. Além disso, a ação se dirige também contra o FC Barcelona e o Santos como pessoas jurídicas.
Na denúncia, o magistrado pede que Real Madrid, Chelsea, Bayern de Munich e Manchester City apresentem as cópias das ofertas que enviaram ao jogador e seu clube de procedência, o Santos. O juiz acolhe a tese da empresa que presta queixa que alega que "se o jogador Neymar aceitou do FC Barcelona a quantia de 40 milhões para ser jogador deste clube, poderia ter alterado desta maneira o livre mercado da contratação de futebolistas e prejudicado também o querellante, que se viu privado da possibilidade de que o jogador entrasse no mercado conforme as regras da livre concorrência e pudesse obter uma maior quantia pela transferência".
O juiz estima que os contratos simulados foram realizados “com a finalidade de adquirir [os direitos de Neymar] fora da normal concorrência com os demais clubes interessados em sua contratação por valor inferior ao do mercado, e sem pagar as importantes cifras que outros clubes poderiam estar dispostos a pagar”. De la Mata sustenta que Neymar era obrigado por contrato a colaborar com a empresa Dis, e lembra que no Brasil, onde ocorreram os fatos, “qualquer transferência de um esportista profissional depende de seu consentimento formal e expresso”.
Este processo se soma ao já aberto na Audiência Nacional e que será julgado na Audiência de Barcelona sobre os delitos fiscais derivados da contratação do atacante brasileiro. Neste processo a procuradoria solicita dois anos e três meses de prisão e 3,83 milhões de euros de multa para Josep Maria Bartomeu, e mais de sete anos de prisão e 25,15 milhões de sanção para Sandro Rosell, por delitos fiscais e societários na contratação do jogador Neymar. Há também uma multa de 22,2 milhões de euros para a entidade azul-graná, imputada como pessoa jurídica. Além disso, como responsabilidade civil, o Ministério Público reivindica 9,55 milhões de euros para Rosell e o clube solidariamente e 1,9 para Bartomeu e a entidade conjuntamente, segundo o documento de acusação. Entre multas e indenizações, os dirigentes e o líder da Liga terão que abonar um total de 62,66 milhões de euros. O custo do jogador, impostos incluídos, foi de 94,8 milhões.
Os 13 contratos celebrados entre o Barça, o Santos e a empresa do pai e representante do jogador — por conceitos tais como o de jogadores, jogos amistosos ou inclusive “empréstimos” ao jogador — escondem, segundo o juiz e também segundo o procurador, o montante da contratação de Neymar. E, portanto, se trata de receitas trabalhistas do jogador sujeitas a retenção fiscal que o clube tinha que ter declarado, mas não declarou.
As principais defraudações, em termos quantitativos, foram produzidas em 2011 — no total de 2,4 milhões de euros — e em 2013 — 6,78 milhões. Nessa época o clube era presidido por Rosell. No dia 30 de janeiro de 2014, uma semana depois que Rosell pediu demissão e Bartomeu assumiu o cargo, alguns dos contratos assinados na época anterior cobraram vigência e provocaram uma fraude fiscal de 3,84 milhões.
Publicado : Jornal do Brasil
Fonte : Asteca informa
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