segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

A relação entre a evasão do capital e a realização de lucros

“ Qualquer coisa que em aconteça em uma parte, produz impacto sobre as condições de todas as outras partes”.

O Desafio e o Fardo do Tempo Histórico”, de I. Mészáros

No finalzinho da antológica entrevista de István Mészáros ao Roda Viva em 2002, na qual sempre volto a colher inesgotáveis ensinamentos, é-lhe perguntado se um país do 3º mundo poderia sair do sub-desenvolvimento, quando, para tanto, seria obrigado a importar capitais. E ele dá uma resposta pessimista, embora não nos condenando à completa falta de esperança por outros trechos da palestra e a publicação dos seus livros entre nós.

Mas fica claro que os países menos desenvolvidos necessitam importar capital para se desenvolver. Ora, diante do nosso quadro atual, por aqui, têm-se a impressão de que o capital nacional-transnacional dos países mais ricos, não só não nos contempla como devia, como se evade de nós !

Isso naturalmente decorre do seu “sociometabolismo” – capital, Estado e trabalho – objeto da crítica de Mészáros.

Atendo-me ao título acima e na condição de alguém pouco versado em economia, contudo, gostaria do colocar a questão da realização de lucros do capital social total sujeita às suas “leis invisíveis”, como a causa da evasão do capital.

Porque haveriam, então, as leis visíveis do capital social individual cujas implicações potencializadas pela mídia lidariam com causalidades aparentes, mas não condizentes de fato com a realidade econômica, financeira e, logo, política, de natureza global.

A “Anticrítica” de Rosa Luxemburg ( um outro “Antidhuring”, este de Engels), sempre possuiria alguma atualidade, se atualizada for pelos seus leitores de hoje.

Escreve :

“ O lucro total capitalista constitui, de fato, uma grandeza econômica muito mais real do que, por ex., a correspondente soma total dos salários pagos aos trabalhadores, uma vez que esta última só se realiza a posteriori, como número estatístico, e por adição correspondente a um período determinado. 

O lucro total, pelo contrário, se apresenta como um todo dentro do mecanismo econômico, um todo que na qualidade de lucro médio “local” ou extraordinário, distribui-se a cada instante pelos capitais individuais por meio da concorrência e da flutuação de preços.”

Determinante da acumulação do capital, a realização do lucro social total não produziria a evasão do capital ? Ou coincidiria com ela, pelas suas leis invisíveis ?

Porque, ao que imagino, não se tratam só de investimentos “iníquos” na perspectiva do capital, mas da evasão do mesmo na forma de chantagem.

Porque os capitalistas poderiam não... querer acumular o capital, embora estejam demonstrando que o querem.

Porque eles poderiam abandonar o seu modo de produção por outro mais humanista e querer isso.

A alternativa é conhecida.

De qualquer forma, talvez tais ideias possam servir para o debate.

Seria assim ?


Fernando Neto


Fonte : Ilvaneri Penteado - jornalista Rio de Janeiro





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