quarta-feira, 19 de março de 2025

Viva o Comício do dia 13



O pessoal foi se chegando. O calor estava forte mais a moçada não parava de chegar. De Nova Iguaçu, de Caxias, de Barra Mansa, de Volta Redonda, de Bangu, do Meier, do Andaraí, da Praça Mauá, e outros bairros e localidades que, se fossemos citar todos, esta matéria haveria de se multiplicar por várias.

Vinham os trabalhadores, intelectuais, estudantes, jovens e populares admiradores de Getúlio, de Jango, de Brizola, de Prestes... Todos atendendo ao chamamento do Comando Geral dos Trabalhadores, da Confederação os Trabalhadores na Agricultura a CONTAG liderada por meu querido amigo e camarada Lindolfo Silva (já falecido), da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Industria a CNTI dirigida por Clodismithe Riane, do Sindicato dos Petroleiros, da Frente Parlamentar Nacionalista, da UNE, do PUA, do Sindicato dos Metalúrgicos, dos Estivadores, dos Doqueiros, dos Portuários, dos Ferroviários da Central do Brasil e da Leopoldina, dos Têxteis,   enfim, de inúmeras categorias profissionais.

À noite os Petroleiros com suas tochas acesas iluminavam o Campo de Santana como se fosse dia. Por volta das 18 horas o público presente já passava das 150 mil pessoas. Para você ter uma ideia, a população brasileira nos anos 1960 ficaria em torno dos 50 milhões de pessoas. Em 1945, no Estádio de São Januário, Luiz Carlos Prestes. o Cavaleiro da Esperança havia reunido 100 mil pessoas para ouvi-lo e vê-lo.

Sim, neste dia 13 de março de 1964, à noite, aquela gente toda reunida em frente à Estação da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, participava, entusiasticamente, gritando suas palavras de ordem, do célebre Comício do dia 13, organizado pelas entidades antes mencionadas, e assessores do Governo João Goulart. Detalhe, o local escolhido, ingenuamente ou não, ficava bem ao lado do antigo Ministério da Guerra, hoje, Comando do 1º Exército. A milicada reaça assistia a tudo de camarote...

Falaram inúmeros oradores. Pelo CGT Osvaldo Pacheco da Silva, líder da Estiva, Clodismithe Riane, da Construção Civil, e outros sindicalistas. Também Leonel Brizola e, por fim, o presidente João Goulart, popularmente conhecido como Jango. Como Lula, Jango não se distanciava do povo. Tomava cerveja em bares com as crianças puxando pelo seu paletó para pedir algo. Antes e após os comícios do qual participava era carregado nos ombros por seus partidários, por entre a multidão, sem medo e sem seguranças oficiais.

Esse era o Jango que conheci e com quem discuti, inúmeras vezes, as questões candentes de então, ou mesmo, tomando cerveja e jogando conversa fora.

Mas, vamos voltar ao Comício do Dia 13. Jango discursou defendendo as Reformas de Base, A Reforma Agrária, a Reforma Urbana, a Reforma da Educação... 

As bandeiras vermelhas que pediam a legalidade para o Partido Comunista, e as faixas que exigiam a Reforma Agrária foram vistas pela televisão causando arrepios nos conservadores e reacionários.

Na ocasião Jango decretou a desapropriação de todas as refinarias de petróleo que ainda não pertenciam à Petrobrás. Decretou a desapropriação para fins da Reforma Agrária de uma faixa de 20 km de cada lado de todas as rodovias brasileiras para assentamentos de sem terras, e informou estar em andamento estudos para uma ampla Reforma Agrária. Decretou a limitação da remessa de lucros para o exterior pelas empresas estrangeiras. Informou que estava elaborando uma lei para instituir a Reforma Urbana, e a da Educação, esta última, com base nas ideias de Paulo Freire. Enfim, se a história não tivesse sido a que conhecemos, estaríamos vivendo em um outro Brasil.

Um Brasil mais democrático, mais soberano, mais rico e dando condições ao seu povo para uma existência mais tranquila, segura, digna e feliz.

Mas, não. As forças da reação que assistiam a aquela apoteose politica e social, ficaram apavoradas. Aceleraram o golpe que já preparavam de há muito. Há mais de 2 anos os latifundiários acumulavam armas em suas fazendas vinda dos Estados Unidos. Militares de direita confabulavam com seus colegas estadunidenses sobre apoio a movimentos golpistas.

Do lado de cá, do nosso lado, predominava a ilusão de classe. Que as Forças Armadas eram nacionalistas e democráticas, portanto, não compactuariam com o golpe. Que preparar a resistência armada seria dar pretextos aos inimigos. Às vésperas do golpe o camarada Prestes discursou dizendo que, "se os golpistas aparecerem nós cortaremos suas cabeças". Uma confiança tão exagerada quanto ilusória no "Esquema Assis Brasil". Uma articulação militar anti-golpista que só existia na cabeça daquele General, na de Jango e na dos comunistas e nacionalistas.

E deu no que deu.

Mas, de tudo isso, ficou a querida lembrança do Comício do Dia 13. A ocasião de virada que deixamos passar de bobeira.

Perdemos, naquela ocasião, o bonde da história. Entretanto, eis que, novamente ele se aproxima célere. Naquela época tínhamos Jango, um latifundiário que pregava a Reforma Agrária, trocava ideias com os comunistas e falava nas Reformas de Base.

Hoje, temos ao nosso lado o Lula. A Jararacá que faz os reacionários, os coxinhas, borrarem de medo. Medo dele e, mais que isso, medaço do que ele representa. Não existe outra saída. Vamos adiante com ela rumo a um Brasil sem explorados nem exploradores!

Como naquela época, as Forças Armadas têm um componente nacionalista muito forte e grande. Ouvimos o Gerneral Leal dizer que elas devem obediência à presidenta da República. Ouvimos também que, os ideias deles são nacionalistas: pela Petrobrás, pelo Pré-Sal, pelo submarino nuclear, pelo desenvolvimento científico independente, e pela soberania de nosso País. Exatamente o inverso do que prega a Globo e seus parceiros de mídia, do judiciário, do Ministério Púbico e da polícia federal.

Vamos todos para às ruas nesse dia 13, comemorar aquele passo importante que demos em nossa história, lá em 1964, sem medo de ninguém, da Ópus Dei e seus membros daqui, e mostrar aos reacionários de hoje que a maioria dos trabalhadores está conosco.

Venceremos!
José Augusto Azeredo




3 comentários:

  1. Parabéns CAMARADA e COMPANHEIRO , José Augusto. Que orgulho de ser teu amigo !

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  2. Brilhante artigo, amigo Zé Augusto. Tá difícil, mas vencer nesse cenário, é mais estruturante politicamente. Parabéns. Aloísio Cuginotti

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