domingo, 6 de novembro de 2016

Juvandia Moreira: Estaria o STF em conluio com banqueiros e empresários, os únicos que ganharão com a terceirização ilimitada?



Estaria o STF em conluio com o desmonte do Estado e dos direitos trabalhistas?
Com a terceirização perdem o Estado e a sociedade, só ganham empresários e banqueiros 
por Juvandia Moreira*


O Supremo Tribunal Federal (STF) tem um importante papel na próxima semana.

Dia 09 de novembro está marcado o julgamento de um recurso que trata da contratação de funcionários terceirizados por uma empresa de celulose (Cenibra).

A decisão da corte vai afetar milhões de empresas e trabalhadores porque trata da legalidade da terceirização para atividade-fim das empresas e servirá de base para todas as decisões judiciais semelhantes, definindo se é legal ou ilegal precarizar as condições de trabalho no Brasil.

Os efeitos da liberação da terceirização serão nocivos para o país.

Além de reduzir salários, aumentar jornada, a rotatividade e a possibilidade de acidentes de trabalho, a terceirização irrestrita no setor financeiro, por exemplo, vai aumentar e atingir todos os segmentos, como as gerências, caixas, crédito e áreas de tecnologia, colocando em risco o sigilo bancário e gerando um risco sistêmico para a economia brasileira, na medida em que decisões fundamentais em relação à concessão de crédito, aplicações financeiras e outras ficará fora do controle dos trabalhadores que têm as habilidades e competências técnicas e jurídicas para desempenhar tais atividades.

O setor patronal espera poder elevar a terceirização porque assim reduz os custos com pessoal e, consequentemente, aumenta o lucro.

Uma pesquisa da Confederação Nacional da Industria (CNI) mostra que 91% das empresas que terceirizam consideram a alternativa importante para reduzir custos. Isso explica porque o número de estabelecimentos que prestam serviço de correspondente bancário cresceu quase 2000% entre 2000 e 2016, atingindo 278 mil atualmente, de acordo com o Banco Central.

No setor bancário, a diferença de renda anual entre o trabalhador bancário e de telemarketing terceirizado no setor, que recebem o piso da categoria é de 72,6%, considerando férias, 13º, auxílios alimentação e refeição, auxílio creche, FGTS e participação nos lucros e resultados.

Ou seja, o trabalhador terceirizado recebe somente 27,4% da renda anual percebido pelo trabalhador bancário em um ano (tabela).
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Com a terceirização irrestrita, o Estado também vai arrecadar menos. Considerando uma alteração na forma de contratação do bancário como um terceirizado e utilizando como parâmetro a remuneração do trabalhador de telemarketing, onde a remuneração anual incluindo salário médio e PLR, a diferença anual de arrecadação incidente sobre a folha de pagamento cai em 96% por trabalhador.

A aprovação da terceirização irrestrita tem graves consequências para o país.

O Estado perde arrecadação já que os impostos sobre a folha salarial serão fortemente reduzidos e aumenta seus custos de outro lado, pois terá que gastar mais com problemas de saúde decorrentes do trabalho precário e com seguro desemprego.

Perde a classe trabalhadora porque terá sua remuneração e os benefícios reduzidos, terá empregos menos estáveis e mais inseguros, com menores possibilidades de organização sindical.

Perde a economia como um todo (incluindo boa parte das empresas que dependem do mercado interno para sobreviver, como o comércio, por exemplo), já que o principal motor do crescimento econômico que é o consumo das famílias ficará enfraquecido.

Só ganham poucos empresários, entre eles dos setores financeiro, da aviação, setor elétrico, plano de saúde, telefonia e banqueiros, uma elite gananciosa, que só pensa em aumentar suas margens de lucro e não tem compromisso com a geração de emprego e renda e com o desenvolvimento sustentável do país.

Vivemos um desmonte do Estado, onde o Executivo e o Legislativo realizam a aprovação da PEC 241 e da Reforma da Previdência e estão jogando a Reforma Trabalhista para ser aprovada no Judiciário.

Nos últimos meses, o STF julgou o fim da ultratividade dos acordos, a desaposentação e autorizou o corte imediato do ponto nos casos de greve de servidores públicos.

O Sindicato e a CUT continuam na luta contra todas as formas de precarização das relações do trabalho e estamos cobrando do STF que não faça parte desse desmonte, na certeza de que o Supremo não contribua para aprofundar as desigualdades sociais e a retirada de direitos dos trabalhadores.

Juvandia Moreira é presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, vice-presidenta da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) e diretora executiva da CUT Nacional.

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Invasão da escola do MST: versão da polícia não bate com as imagens

Viomundo

Advogados denunciam tentativa de criminalização do MST no Paraná: “Áreas ocupadas são da União, mas foram griladas pela empresa Araupel”



Ato realizado nesse sábado (05/10) contra a Criminalização dos Movimentos Populares e em Solidariedade à Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), do MST, invadida por policiais na sexta-feira. O ex-presidente Lula participou. Foto: Ricardo Stuckert

NOTA DOS ADVOGADOS DO MST

Em relação às ações da Polícia Civil do estado do Paraná no âmbito da denominada “Operação Castra” em Quedas do Iguaçu no dia 04/11/2016, os advogados do caso esclarecem:*

1 – O MST é um movimento social popular legítimo, conforme afirmado pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento realizado no dia 18/10/2016.

Todos os cidadãos brasileiros têm o direito de organização e de reunião, inclusive para lutar pela Reforma Agrária, bem como para que as propriedades rurais e urbanas do país cumpram sua função social. É ilegal e abusivo utilizar da Lei n. 12.850/13 (Lei de organizações criminosas) pelo simples fato de pessoas serem militantes do MST.

2 – Embora os autos dos Inquéritos ainda não estejam disponíveis para a equipe de advogados, da análise dos documentos a que foi possível acesso, constata-se que as armas apreendidas no âmbito da Operação Castra pertencem à EVALDO DE AZEVEDO, que foi preso dias antes, noutra operação, e não guarda nenhuma relação com o Movimento Sem Terra ou com o Acampamento Dom Tomás Balduíno.

3 – A tentativa de criminalização do MST na região de Quedas do Iguaçu ocorre há anos devido ao grande número de conflitos decorrentes da grilagem de terras na região. Desde maio de 2014 aproximadamente 3 (três) mil famílias ocupam áreas da União griladas ilegalmente pela empresa ARAUPEL. A Justiça Federal declarou que as terras pertencem à União e que devem ser destinadas às famílias que aguardam pela Reforma Agrária.

4 – O judiciário de Quedas do Iguaçu e a Polícia Civil do Paraná têm agido de forma parcial para criminalizar a luta social na região. Em abril deste ano dois trabalhadores rurais foram assassinados Polícia Militar quando estavam dentro do acampamento do MST, e até o presente momento ninguém foi denunciado por tais crimes.

5 – As ilegalidades cometidas no curso da Operação Castra são graves e flagrantes. São 7 injustificáveis os abusos policiais praticados na Escola Nacional Florestan Fernandes – ENFF, em São Paulo, na qual, Policiais Civis do Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos – GARRA, não identificados, sem mandado judicial, invadiram a sede da escola disparando armas de fogo com armamento letal e proferindo ameaças de todas as ordens, inclusive de morte aos estudantes, professores e trabalhadores presentes.

Na ocasião a cantora Guê Oliveira e o bibliotecário Ronaldo Valença, de 64 anos, que possui Mal de Parkinson, foram presos e agredidos pela Polícia sem qualquer motivo.

6 – As ações e recursos cabíveis já estão sendo elaborados para revogação das prisões arbitrárias e denúncia das ilegalidades cometidas.

Giane Alvares, Juvelino Strozake, Luciana Pivato , Diego Vedovatto e Paulo Freire.

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Viomundo

Quem pagou o pato de Paulo Skaf foi a Odebrecht. Por Mauro Donato




Postado em 03 Nov 2016   por : Mauro Donato

E então a campanha daquele engravatado senhor, deus do templo piramidal da avenida Paulista, foi paga com caixa 2. Surpreso, meu caro? Só se o leitor for alguém que toma sorvete com a testa, não é mesmo?

O marqueteiro Duda Mendonça tomou conhecimento de que seu nome está entre os citados na delação que a Odebrecht vem tratando na Operação Lava Jato. Decidiu então procurar a PGR (Procuradoria-Geral da República) para negociar a sua delação.

Como responsável pela campanha de Paulo Skaf (PMDB) para governador de São Paulo em 2014, a empresa de Duda Mendonça (Votemim Escritório de Consultoria Ltda), teria recebido R$ 4,1 milhões ‘por dentro’. A campanha custou bem mais que isso e o restante, o ‘por fora’, foi pago pela Odebrecht via caixa 2. Que coisa, não?

Duda Mendonça foi o marketeiro de Lula em 2002. Envolto no imbróglio do mensalão, esteve em risco de ficar preso. O Supremo Tribunal Federal, no entanto, concluiu que ele não teria como saber a origem dos recursos com os quais seu trabalho na campanha de marketing foi quitada e ele acabou absolvido das acusações de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Não havia o espetáculo das delações à época e tudo o que Duda disse foi que parte de seus pagamentos era efetuada através de Marcos Valério.

Por que Duda Mendonça faria de novo, agora para o deus-pato? Porque é o modus operandi histórico na política brasileira. Algo que sempre existiu, com participação de todos, e que os golpistas fizeram o possível para colar apenas na imagem do PT. Ou era assim ou não se fazia campanha para partidos. Alguém ainda não entendeu isso?

O mais doloroso nos dias atuais é constatar que todas as previsões, todos os alertas feitos a respeito das reais intenções do que estava em curso travestido de combate à corrupção para extirpar Dilma Rousseff e o PT se confirmam candidamente.

Todo aquele carnaval era na verdade para brecar a Lava Jato? Claro. Está funcionando? Sem dúvida. Toda aquela indignação em verde e amarelo tinha como finalidade impor mais sacrifícios ao povo enquanto o poder e a elite permanecerão gozando de privilégios? Sim, sim, isso mesmo.

Veja com que idade se aposentaram e quais os vencimentos de Michel Temer, Geddel Vieira Lima, Eliseu Padilha, toda aquela turma que deseja que o povo agora se esfalfe e trabalhe por mais tempo. Somando aposentaria e salários de seus cargos, ganham muito acima do teto do funcionalismo público. Mas teto para despesas voltadas ao amparo social serão respeitadas, certo?

Todo esse movimento queria mesmo é aprovar uma anistia ampla, geral e irrestrita de todas as ilicitudes cometidas até então e tocar a vida em paz? Obvio. Está dando certo? Estão a caminho. “Ah, mas veja, o Skaf está exposto agora.” É ruim, hein? Em breve desaparecerá das notícias. Com essa turma não pega nada. Aécio Neves vem à baila e some. José Serra esteve nas manchetes por um dia e depois desaparece. Geraldo Alckmin deita e rola e, impeachment que é bom, nem pensar.

Paulo Skaf apregoava que você não deveria pagar o pato, era preciso mudança, e bla bla bla. Está aí o resultado. 

Tomou?

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Sobre o Autor Jornalista, escritor e fotógrafo nascido em São Paulo.





Diário do Centro do Mundo


A espantosa folha corrida da empresa que bancou congresso de juízes em resort baiano. Por Kiko Nogueira




Postado em 04 Nov 2016   por : Kiko Nogueira

Encontre o erro nesta frase:

Uma empresa com extenso passivo judicial que inclui condenações por crimes ambientais, trabalhistas e fiscais patrocina um evento da Associação de Magistrados Brasileiros, AMB, que reúne cerca de 1200 juízes em um resort de Porto Seguro.

Nada?

A tal companhia, Veracel Celulose, fica ao sul da Bahia. Informa o Globo que ela tem uma vasta área de plantio de eucalipto, uma planta industrial para produção de celulose e um terminal marítimo.

A folha corrida é, de fato, um assombro.

Já foi condenada nas áreas ambiental, trabalhista e fiscal. Isso apenas na primeira instância. Na segunda, perdeu um processo por não pagar IPTU na cidade de Belmonte.

Um proprietário rural lavrou um boletim de ocorrência acusando a Veracel de ter enviado “pistoleiros” para ameaça-lo.

Em 2008, 15 anos após ter sido denunciada por crimes ambientais em três cidades baianas, a Veracel foi condenada a pagar uma multa de 20 milhões de reais e a reflorestar 47 mil hectares com vegetação nativa da mata atlântica.

O VI Encontro Nacional de Juízes Estaduais, no Arraial D’Ajuda Eco Resort, anunciou a presença da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia; de seu antecessor, Ricardo Lewandowski, que fez a abertura; e do juiz Sérgio Moro, que organizou um “talk show” com um colega italiano que atuou na Operação Mãos Limpas.

Carmen Lúcia acabou desistindo de última hora.


Lewandowski (ao centro) na abertura
A AMB esclareceu, em nota, que tem “critérios rigorosos para a admissão de patrocínios aos seus eventos” e que “preza pela isenção e entende que não há nenhuma relação entre apoio financeiro ao evento e a independência da magistratura ao julgar empresas que estejam respondendo processos”.

A Veracel colocou 100 mil reais no congresso. É parte de sua campanha de 25 anos. Ela afirma que “tem relevância no PIB baiano”.

Ficamos combinados que o departamento de marketing da Veracel é o melhor do mundo. Os funcionários estarão em peso na palestra “Ética: desafio do pensamento e da ação na sociedade contemporânea”, dada pela mestre e doutora em Filosofia Márcia Tiburi, professora do Mackenzie.

Você precisa parar de se espantar com essas coisas. As instituições continuam funcionando.


Sucesso
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Sobre o AutorDiretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.




Diário do Centro do Mundo

Processos, confissão de uso de drogas, corrupção: o triste fim dos movimentos pró-impeachment.


Ela se contrapõe a Olavo de Carvalho. Critica fortemente Janaína Pachoal. Compartilha um meme que diz facilitar a vida das pessoas ao indicar ‘personalidades’ que devem ser bloqueadas: Kim Kataguiri, Reinaldo Azevedo, Fernando Holiday, Gilmar Mendes.

Desce a lenha nos movimentos que arquitetaram o impeachment. Uma “esquerdopata”, certo? Nada disso. Trata-se de Daniela Schwery, uma ativa participante desses mesmos movimentos, que divulgava vídeos dessa essa turma toda e era defensora desse pessoal até ontem. O que está ocorrendo com a direita ‘vencedora’?

Há alguns dias um áudio do revoltado online Marcello Reis vazou e o que se ouviu foi, além de seu característico estilo pouco diplomático, aparentemente alterado, uma lavação de roupa imunda que expõs o estágio atual de guerra declarada entre aqueles que foram às ruas patrocinados por Fiesp e patota, atingiram o primeiro objetivo (expulsar Dilma e o PT), mas que depois não encontraram vaga no camarote.

Reis dirige-se a Carla Zambelli, do “Nas Ruas”, outra ‘expoente’ verde-e-amarela da avenida Paulista, como ‘vaca, filha da puta’ e por aí vai. De quebra, cita Daniela Schwery. Daniela também sai atirando para todos os lados.

“Não deixem não, amiguinhos, esfreguem na carinha deles que o bonitão da família da Carla, o cunhadinho querido, com malas de dinheiro é o DONO da OAS e queria contar com a morosidade da justiça e ministros de bolso para livrar a cara dos companheiros, o que a Carla bota na prática alinhando e aparelhando os protestos aos interesses das empresas ligadas a lava jato, como a Suzano, tendo os Feffers como seu patrocinador – família que está aparelhando a FIESP – contando com a ajudinha do industrial que não tem indústria, o Skaf, que tem seu filho casado com a fefferlandia”, escreveu Schwery nas redes sociais, revelando que ali todo mundo se conhece, tem relacionamento muito próximo. O ‘cunhadinho’ de Carla Zambelli é Bruno Brasil, da empreiteira OAS.

Daniela Schwery agora se diz ‘empenhada em desmascarar essa gente, em denunciar suas práticas’. Agora quer posar de indignada, que foi enganada. Daniela Schwery, Marcello Reis e companhia limitada creem fielmente que somos idiotas ou eles é que são? Não sabiam de nada?

O áudio de Marcello Reis o contradiz bem rapidamente. Admite conhecer Carla há muito tempo. “Muuuuuito tempo”, ele diz. Admite ter tido um convívio próximo ao cunhado empreiteiro dela durante os anos de luta pelo impeachment de Dilma. Cunhado que ele afirma ser quem levava malas de dinheiro (e aí, Polícia Federal, vai chamar o cara para depor?).

Carla e Reis (ao centro) em outros tempos
Em tempo: Carla Zambelli postou um esclarecimento em sua defesa (que no pedantismo típico desse pessoal ela chamou de ‘Nota Oficial’) afirmando que Bruno Brasil é em ex-cunhado e que não fala com ele ‘desde que começaram as prisões da Lava Jato’.

Agora querem dar uma de inocentes? Não sabiam do rabo preso, das segundas intenções? Agora se referem ao MBL e demais golpistas como ‘bando de moleques’, ‘quadrilhas financiadas’?

“Então podemos considerar como Premissa (sic) de que (sic 2) qualquer um que lute contra o Establishment jamais ganhará popularidade sem o apoio dos senhores do capital?”, pergunta um aturdido seguidor de Daniela Schwery. “Podemos sim, infelizmente”, responde ela em tom misto de Margarida Arrependida com Pedro Bó.

O admirador de Daniela muito provavelmente tenha citado falta de popularidade em referência ao fracasso de Schwery nas eleições. Ela candidatou-se a deputada estadual pelo PSDB e não foi eleita. Obteve míseros 1.101 votos. Ela que sempre foi ligada ao partido tucano, aliada de José Serra, agora publica na internet que o PSDB ‘deveria ser varrido’. Neste ano fez campanha para o Major Olímpio. Melhorou, hein? Daniela é apoiadora dos militares faz tempo.

A ex-tucana se esforça para desgrudar-se do cordão umbilical e está em campanha por uma ‘CPI dos Movimentos Já!’. Diz não sofrer de indignação seletiva e quer investigados o NAS RUAS, o MBL, CUT, MST. “Acompanhando as últimas notícias, vídeos e áudios relacionados aos movimentos sociais ficou claro que tem muita coisa errada e que não se encaixa dentro do contexto político que vivemos. São denúncias que envolvem partidos políticos, empresas envolvidas na lava jato e muito dinheiro. Acredito que os envolvidos devam se pronunciar e colocar tudo em pratos limpos, caso contrário seremos a piada da esquerda”, postou ela e completou: “Não temos bandidos de estimação.”

É curioso ver a direita se batendo. Além da profundidade típica dos debates ‘políticos’ (se xingam, ameaçam, agridem fisicamente, ofendem, carregam argumentos rasteiros, são reativos emocionais sem um pingo de respeito pelo contraditório) é fundamental, entretanto, saber quais interesses deixaram de ser atendidos para declararem guerra desse jeito.

Como louvaram e idolatraram empresas e pessoas com a ficha tão suja durante tanto tempo e agora vêm com esse mimimi auto-acusatório? É o roto falando do remendado.

Dizer que só descobriu hoje que ‘Janaína Pachoal é uma articuladora para blindar o PSDB’ e que tudo nasceu com o propósito de brecar a Lava Jato é um 171 fajuto demais. Até para a direita golpista.

Por uma CPI dessa pilantragem.


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Sobre o AutorJornalista, escritor e fotógrafo nascido em São Paulo.




Diário do Centro do Mundo

TIJOLAÇO: ‘QUEREM QUE O BRASIL, GIGANTE, SEJA ANÃO’



O mapa do mundo redesenhado pelo japonês Hajime Narukawa, "se olhado com mais que simples curiosidade, mostra que somos maiores do que sempre pensamos olhando o velho mapa de Mercator. Repare: maiores que os EUA, sem o Alasca. Quase do tamanho da China, esse gigante. Mas temos uma elite que pensa que um gigante assim pode ser anão. Pequeno e 'bem-comportado'", escreve o jornalista Fernando Brito

6 DE NOVEMBRO DE 2016 ÀS 08:45 // RECEBA O 247 NO TELEGRAM

Por Fernando Brito, do Tijolaço - Ontem, todos os jornais deram destaque ao trabalho do japonês Hajime Narukawa, que redesenhou, muito mais proximo da realidade, o mapa do mundo que “vigia” desde que Gerardus Mercator transformou, há quase 500 anos, a Terra em um cilindro, para representá-la num mapa plano.

O resultado, claro, foi que “quem” estava mais próximo do Equador ficou “menor” e quem estava mais próximo dos pólos “cresceu”.

O que, afinal, correspondia em parte à importância cultural e econômica do mundo “desenvolvido”: subtropical, europeu.

O mapa de Narukawa, se olhado com mais que simples curiosidade, mostra que somos maiores do que sempre pensamos olhando o velho mapa de Mercator

Repare: maiores que os EUA, sem o Alasca.

Quase do tamanho da China, esse gigante.

Mas temos uma elite que pensa que um gigante assim pode ser anão.

Pequeno e “bem-comportado”.

Com um governo que faça “o dever de casa” como uma criança, em corpo de homem.

Obediente, quieto, fazendo “tudo o que seu mestre mandar”.

A eleita brasileira é capaz de olhar este novo mapa e dizer: mas que desperdício…

As áreas ricas deste país, se separadas da imensidão nacional, seriam nada, quase invisíveis.

Vem-me à cabeça asas palavras de ontem, de meu velho mestre Nilson Lage:

O PT foi afastado do poder não por ser PT, mas por ser Brasil.

As políticas que estão sendo destruídas vêm de muito antes do PT.

Foi Getúlio Vargas quem criou a legislação trabalhista, as primeiras escolas técnicas, a primeira universidade federal e promoveu a industrialização com a criação da primeira usina siderúrgica e da primeira fábrica de motores. Em seu segundo governo, fundou a Petrobras, a Eletrobras e possibilitou, em Paulo Afonso, o inicio do desenvolvimento da tecnologia nacional de barragens para geração de energia elétrica.

Foi Juscelino Kubitschek quem deu impulso à expansão das grandes construtoras nacionais, promoveu a ocupação do Oeste e a abertura de nova fronteira agrícola, hoje a maior competidora da agroindústria norte-americana.

Foi Jânio Quadros quem começou a formular a política externa independente que Ernesto Geisel levaria adiante, com seu esforço para aproximação com nações da África e do Oriente Médio.

João Goulart, que o sucedeu, equacionou o conflito interno gerado pelo desenvolvimento dependente do país em tempo de expansão imperialista e apontou caminhos para uma sociedade mais justa

Os governos militares cuidaram de preservar a soberania sobre a Amazônia,deslocando maciçamente tropas do Sul e criando a Zona Franca de Manaus; desenvolveram a pesquisa agropecuária e nuclear;, criaram os projetos nacionais de informática, no âmbito da Marinha, e iniciaram a implantação da indústria de defesa.

Lula herdou tudo isso, após duas décadas perdidas – do PMDB de Sarney ao PSDB neoliberal de Fernando Henrique;, percebeu a grandeza da herança e negociou, como é de seu feitio, para incluir nela a maioria esquecida do povo.

Direita, esquerda, corrupção, moralidade são apenas discursos, embora com paixões, lágrimas e sangue.

Quem está sendo derrotado, tenham clareza, não é o PT; é o Brasil.

Esta é a questão que tantos não conseguem ver. Que nossa natureza é de gigante e não de anão.

Perder nossa auto-estima, a consciência de nossa grandeza, acharmo-nos miúdos, proclamarmo-nos atrasados e incapazes, ladrões por natureza, velhacos por definição e pobres por fatalidade é nos acocorar-nos e nos atrofiar-nos.

É ficar de um tamanho menos que nos deu a projeção de Mercator, é nossa projeção “de Mercado”, onde 30 % desta imensidão funcionando já basta para fazer a festa dos negócios.

Para os outros 70%, a selva.

E 100% funcionando, ainda que deficientemente, é um perigo, porque nos faz ficar metidos “a besta” num mundo onde não “somos para ser”.

A história nos repete e repete que é uma asneira , mas nossa elite – e parte da nossa soi disant esquerda, que sonha com Paris como os coxinhas sonham com Miami – nos querem “cosmopolitas”.

E miudinhos, falando pra dentro e olhando pro chão.

Brasil 247

MONUMENTO A PIXINGUINHA É INAUGURADO NO RIO



A Prefeitura do Rio de Janeiro inaugurou neste domingo, em Ramos, zona norte, monumento em homenagem ao maestro, compositor e arranjador Alfredo da Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha; instalado na calçada do Bar da Portuguesa, frequentado pelo músico carioca, a obra é assinada pelo artista Ique Woitschach e foi confeccionada em bronze, pesa cerca de 400 quilos e mede 1,40m de altura

6 DE NOVEMBRO DE 2016 ÀS 17:05 // RECEBA O 247 NO TELEGRAM

Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil

A Prefeitura do Rio de Janeiro inaugurou hoje (6), em Ramos, zona norte da cidade, monumento em homenagem ao maestro, compositor e arranjador Alfredo da Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha. Instalado na calçada do Bar da Portuguesa, frequentado pelo músico carioca, a obra é assinada pelo artista Ique Woitschach e foi confeccionada em bronze, pesa cerca de 400 quilos e mede 1,40m de altura.

Na avaliação do secretário municipal de Conservação do Rio de Janeiro, Marcus Belchior, o monumento tem uma grande importância. "Falar do Pixinguinha é falar da música popular brasileira", disse, ao lembrar que o projeto começou por iniciativa dos moradores da região.

O monumento demorou entre oito e nove meses para ser concluído e custou R$ 232 mil. "A gente traz para a cidade do Rio de Janeiro mais um ponto turístico e na zona norte, que tem muita representatividade na música popular brasileira", disse Belchior.

Flautista e saxofonista, Pixinguinha nasceu em 23 de abril de 1897 e é considerado um dos maiores compositores da música popular brasileira, tendo contribuído diretamente para dar ao choro uma forma musical definitiva. Começou a tocar, em 1912, em cabarés da Lapa, bairro boêmio do centro do Rio de Janeiro, e compôs sucessos como Carinhoso, entre 1916 e 1917, e Lamentos, em 1928. Pixinguinha morreu em fevereiro de 1973.

Brasil 247

NO GOVERNO FHC, JORNAIS DEFENDIAM PARTICIPAÇÃO ESTRANGEIRA NA MÍDIA DO BRASIL



A mesma Associação Nacional dos Jornais (ANJ) que entrou com ação no STF contra a participação estrangeira na comunicação social a portais, como forma de sufocar o jornalismo produzido pela BBC Brasil, The Intercept Brasil, El País Brasil e Deutsche Welle Brasil, entre outros, em 2001 reunia-se com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para defender a participação de capital estrangeiro em jornais, revistas e emissoras brasileiras; reportagem do Jornal GGN

6 DE NOVEMBRO DE 2016 ÀS 09:59 // RECEBA O 247 NO TELEGRAM

Jornal GGN - A mesma Associação Nacional dos Jornais que entrou com uma ADIN contra a participação estrangeira na comunicação social aos portais de internet, como forma de sufocar o jornalismo produzido pela BBC Brasil, The Intercept Brasil, El País Brasil e Deutsche Welle Brasil, entre outros, em 2001 reunia-se com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para defender a participação de capital estrangeiro em jornais, revistas e emissoras brasileiras.

A informação é de notícia do Estado de S. Paulo, datada de 20 de novembro de 2001. O jornal anunciava que dirigentes da ANJ e também da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) e da Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) defendiam a entrada de 30% do mercado estrangeiro na área.

"De acordo com o presidente da ANJ, Francisco Mesquita Neto, Fernando Henrique disse ser favorável à proposta e prometeu apoio na votação em plenário, na Câmara dos Deputados, prevista para a próxima semana. (...) Aos dirigentes da ANJ, Abert e Aner, o presidente disse que vai pedir a Aécio agilidade na votação", diz o jornal.

"As três entidades têm posição favorável à PEC, que altera o artigo 222 da Constituição. A atual redação impede grupos estrangeiros de terem participação na posse de jornais, revistas e emissoras de rádio e TV", seguia a reportagem.

Naquele encontro com FHC, participaram Francisco Mesquita Neto, então presidente da ANJ e diretor-superintendente do Grupo Estado; o presidente do Conselho de Administração das empresas Grupo Folha, Luiz Frias; e o então presidente do Grupo Abril, Roberto Civita.

Na época, Civita disse que a alteração com a PEC seria fundamental para permitir a capitalização das empresas via bolsa de valores. "Hoje o único jeito é tomando empréstimo", afirmava. "O artigo 222 é arcaico e vem prejudicando os meios de comunicação tradicionais", dizia Mesquita Neto.

Brasil 247


Nem fome, nem demissões: centrais argentinas em mobilização nacional


As centrais argentinas de trabalhadores CTA E CTA Autônoma se unirão, nesta sexta-feira (4), em uma grande mobilização nacional na qual exigiram ao governo parar imediatamente com o ajuste econômico que tem deixado milhares de desempregados.

Sob a consigna 'Nem fome, nem demissões', a marcha foi a primeira de outras muitas que realizarão nesta jornada de luta na qual exigirão a abertura das negociações nacionais, conhecidas como paritárias, entre outras demandas.

Docentes, taxistas, bancários e operários de várias agremiações, além de cerca de 30 organizações políticas, sociais e estudantis, marcharam juntos para a emblemática Praça de Maio.

A partir dali, a poucos passos da Casa Rosada - sede presidencial - reclamaram ao governo de Mauricio Macri contra milhares de demissões, os chamados tarifaços sobre os serviços básicos, e contra o ajuste econômico que consideram brutal.

"Marchamos porque o país que o governo está nos propondo é um país para poucos. Marchamos para lhe dizer 'Macri, pare a mão' e para que deixe de governar para os ricos", sustentava a convocação.

Na jornada 4N, como a denominaram, os sindicatos expressaram seu repúdio por muitos problemas que hoje os afetam, cada um a partir de sua própria luta, e com esta marcha se unem também à jornada continental pela democracia e contra o neoliberalismo.

As duas centrais sindicais têm como uma de suas reivindicações principais a referente às negociações salariais e protestam pela gratificação de fim de ano acordado entre o Executivo e a Confederação Geral do Trabalho, com um piso de dois mil pesos (132 dólares).

'Isto vai de mau a pior, é o início de uma frente de tormenta; espero que todo o sindicalismo se una', expressou ao canal C5N o secretário geral da CTA, Hugo Yasky.

Os docentes congregados na Confederação de Trabalhadores da Educação marcharam contra o imposto sobre os salários e exigirão uma lei de financiamento educativo e a continuidade de programas nacionais socioeducativos.

Os bancários, que têm realizado várias paralisações, voltaram às ruas pela reabertura das negociações paritárias, em defesa dos bancos públicos e pela revogação do imposto sobre o salário.

Cada setor com suas próprias reivindicações, todos unidos por um sentimento comum, o de dizer ao Governo que ponha fim imediatamente às demissões e ao ajuste econômico. 

Fonte: Prensa Latina

'O crescimento do Estado policial está fora de controle' diz presidente da AJD



"Eu não tenho dúvida. Está caminhando em sentido contrário à democracia. E o sentido contrário à democracia é ditadura. Não sei como será esta ditadura no século XXI... as coisas têm mudado, os golpes de Estado têm sido mais sutis, as ditaduras ou não têm sido mais sutis... De repente a gente pode continuar tendo eleições, pode continuar a ter liberdades formais, mas cuja aplicação não exista"


Presidente da Associação dos Juízes para a Democracia comentou sobre as mais de mil ocupações de escolas contra a Reforma do Ensino Médio e contra a PEC 55

Fábio Nassif

Em entrevista à Carta Maior, o presidente do conselho executivo da Associação dos Juízes para a Democracia (AJD), André Augusto Bezerra, fez duras críticas ao que classificou como “crescimento do Estado policial”. O juiz comentou sobre as mais de mil ocupações de escolas contra a Reforma do Ensino Médio e contra a PEC do teto de gastos, que, em sua opinião, não poderiam sofrer reintegrações de posse por esbulho. “Quem pratica o esbulho é o Estado, que está impedindo que o estudante exerça seu direito fundamental à educação”, diz. 

André acredita que temos sinais evidentes de um maio fechamento do regime político do país. E vai além: estaríamos caminhando para um regime ditatorial.

A entrevista foi realizada antes da ação policial na Escola Nacional Florestan Fernandes do MST. 

Leia aqui a nota da AJD sobre as ocupações de escolas e veja abaixo a entrevista completa:


Como viu a decisão do juiz de Brasília que autorizou técnicas de tortura contra ocupações de escolas?

A AJD firmou uma posição jurídica a respeito das ocupações como um todo. Nós evitamos falar de outras decisões de juízes quando não conhecemos os autos do processo. A decisão em si não costumamos comentar, ainda mais se a gente não vê o processo.

Do ponto de vista jurídico nós entendemos – e discordamos de outras posições jurídicas que se têm a respeito desta questão – é no sentido que o movimento de ocupações dos estudantes como mecanismo de protesto não é esbulho. O que é esbulho? Esbulho do ponto de vista jurídico é você tomar à força a posse ou a coisa de outra pessoa. Ou seja, um prédio público, expulsa outra pessoa, e toma posse. Por que não é esbulho? Porque o estudante não quer ficar naquele prédio público ocupando, possuindo, efetivamente, em definitivo, permanentemente. Ele quer fazer o protesto, chamar a atenção da sociedade, exprimir um ponto de vista, pautar uma determinada política pública ou pautar um determinado tema que nem sempre é colocado pela imprensa empresarial e principalmente pelo Estado nas discussões públicas. Ou seja, o que o estudante quer quando faz a ocupação de uma escola segundo o entendimento da AJD é, em suma, exercer seu direito constitucional a liberdade de expressão e de manifestação.

O grande problema é essa natureza de esbulho. O esbulho é outro, na verdade. Quem pratica o esbulho é o Estado, que está impedindo que o estudante exerça seu direito fundamental à educação. O estudante quer pegar para ele porque ele é o titular deste direito. E o direito à educação não implica em um processo passivo do Estado perante ao aluno. O que o estudante quer é também ajudar na construção da efetivação deste direito fundamental. Por tudo isso é que nós entendemos como não passível de reintegração de posse por esbulho esses atos de ocupação. A resposta do Estado ao nosso ver deveria ser pelo diálogo. Chamar a conversa. Em qualquer democracia mínima é a democracia do diálogo permanente da administração pública e dos poderes como um todo com a sociedade. A partir do momento em que o Estado se nega a conversar e começa a impor reformas importantes - que vão durar 20 anos a depender de uma das PECs – sem conversar com a sociedade, limitando-se a conversar com lideranças políticas ou partidárias, o Estado está violando este direito básico constitucional que é do diálogo.

Na ocupações, por exemplo no Paraná, vimos movimentos de direita como o MBL que iam para frente das ocupações, em movimentos de desocupações, com argumento de que os estudantes ocupados estariam impedindo os demais de estudarem. Juridicamente como vê essa argumentação?

O MBL fazer protesto também é um direito deles. Direito ao protesto não tem ideologia. Cabe ao Estado ser neutro ao direito ao protesto. O problema é que o Estado não está sendo neutro em relação ao direito ao protesto. Estou falando do aparelho estatal como um todo. Ele recebe muito bem um protesto de determinada linha política e recebe com repressão um protesto de uma outra linha política. Ele está fazendo uma opção. O que nos preocupa é quando o Estado faz esta opção em favor de um determinado movimento. O MBL pode fazer o protesto dele. O que se estranha é quando o Estado começa a apoiar um dado movimento em detrimento do outro. O Estado não pode apoiar e nem desapoiar ninguém. 

E essa argumentação jurídica de que os estudantes que estão ocupando estariam impedindo os demais de estudarem?

O estudante que está ocupando está na verdade tentando impedir que se viole o direito à educação dele. Ele quer colocar na pauta o direito à educação. Quer colocar em discussão pública o futuro do ensino do país que pode ser gravemente atingida caso, por exemplo, se congele os gastos públicos por 20 anos. 

Por que acha que existe uma ofensiva por meio do Estado especificamente sobre as ocupações de escolas?

O que eu vejo é o crescimento do Estado policial como um todo no país. Não é de hoje. É um processo contínuo que têm crescido cada vez mais e que agora mostra-se sem limites. Sem qualquer espécie de limites. Desde o momento em que você começa a enxergar que problemas históricos do país, como a corrupção, sejam tratados exclusivamente como casos de polícia – e a punição penal sempre será seletiva – você começa a permitir o crescimento do Estado policial. E agora esse crescimento do Estado policial está ganhando uma força absolutamente fora do controle. E a gente não sabe onde isso vai parar. Estamos vendo notícia de polícia fazendo desocupação sem mandado judicial. Isso é coisa de ditadura. Ao que parece, determinados agente públicos estão rasgando a Constituição e fazendo “justiça” com as próprias mãos. 

Diante da crise política que o país vive o Judiciário tem tomado iniciativas, não somente relativas às ocupações de escolas mas outras como a decisão sobre o direito de greve do funcionalismo público. Por que acha que o judiciário toma essa iniciativas e qual a relação entre a crise política do país e essa iniciativas?

A crise política do país foi causada por todos os poderes da República. Por setores do Executivo, por setores do Legislativo e por setores do Judiciário. A crise é causada pelo Estado como um todo, que têm colaborado, por exemplo, no fortalecimento deste Estado policial. Ora, se o Brasil hoje tem a quarta maior população carcerária do mundo, quem prende é o Judiciário. Se você tem mandados de reintegração de posse contra índios, que tem por exemplo a seu favor laudos da Funai dizendo que um determinado pedaço de terra deve ser demarcado, isso decorre de uma ação do Judiciário. O Judiciário tem tido uma participação muito grande neste conservadorismo e neste processo de restrição de direitos. Repito: tudo isso faz parte de um processo que não é de hoje mas que tem se ampliado e está saindo totalmente do controle.

Acha que existem sinais de um maior fechamento do regime? Quais as consequências que isso pode ter para o conjunto da população e para os movimentos sociais?

Eu acho. Quando falamos de fechamento do regime falamos basicamente do velho conflito democracia versus ditadura. Democracia como regime aberto, regime do diálogo – muito além de eleição, e ditadura o regime de repressão, o regime onde o Estado se nega a conversar com a sociedade. Ora, o que vemos hoje é cada vez mais o Estado que faz uso de seu aparelho repressor, visando implementar determinadas reformas que interessam a certos grupos econômicos, negando-se por completo ao diálogo com a sociedade. Diálogo não é apenas com a liderança partidária e sim diálogo permanente com a sociedade civil. Democracia brasileira, pelo menos em termos constitucionais, é de alta intensidade, que vai muito além das eleições. É uma democracia, por exemplo, que respeita os direitos humanos – que requer conversa e abertura do Estado. Mas o Estado está cada vez mais fechado e cada vez mais repressor. Então caminhamos cada vez mais para um regime ditatorial. 

Podemos afirmar, neste termos, que caminhamos cada vez mais para um regime ditatorial?


Eu não tenho dúvida. Está caminhando em sentido contrário à democracia. E o sentido contrário à democracia é ditadura. Não sei como será esta ditadura no século XXI... as coisas têm mudado, os golpes de Estado têm sido mais sutis, as ditaduras ou não têm sido mais sutis... De repente a gente pode continuar tendo eleições, pode continuar a ter liberdades formais, mas cuja aplicação não exista. 

Quais as consequências do ponto de vista ideológico e subjetivo deste crescimento do Estado policial para o conjunto da sociedade? Como isso impacta a forma como as pessoas se enxergam na sociedade?

O que não tem sido muito sentido pela sociedade é esse crescimento do Estado policial e esse fechamento do Estado. A crise econômica que chegou no Brasil com tudo talvez tenha colaborado para essa não percepção. Mas em um momento ou outro a sociedade vai perceber isso. Os próprios agentes do Estado, muitos deles bem intencionados, vão perceber isso. Juízes, membros do Legislativo, pessoas da administração pública vão perceber isso: que a coisa fugiu completamente do controle. E a sociedade vai sentir isso porque em um determinado momento ela vai se ver perdendo direitos sem poder reivindica-los, sob pena de ser presa ou tomar uma agressão por parte dos agentes do Estado. 

O que a aprovação da Lei Antiterrorismo influenciou no que está acontecendo agora?

A Lei Antiterrorismo está no processo que envolveu todos os poderes. Ela faz parte disso, tendo iniciativa do Executivo que sofreu um golpe de Estado. Veja a ironia da coisa: o próprio Executivo que foi derrubado fez aprovar esta lei, junto com parte do Legislativo. O que nós esperamos é que o Judiciário julgue uma série daqueles dispositivos como inconstitucionais. Vamos aguardar e cobrar do STF. Esperamos que o Judiciário também não legitime mais essa ação repressora do Estado brasileiro. 

Créditos da foto: Joka Madruga

Carta Maior