sábado, 5 de agosto de 2017

A sangria estancou?

POR FERNANDO BRITO · 05/08/2017

Quem era Governo Federal quando a curva de crescimento da exploração de petróleo ascendeu como um foguete?

Quem é Governo Federal quando a curva descendente de exploração do petróleo caiu como um foguete queimado?




No Estadão de hoje, Ricardo Galhardo mostra um resultado da Lava Jato bem diferente do que, em outros jornais, se podia ver hoje de manhã.

É a mansão de Sérgio Machado, figura de alto coturno do PSDB e, depois, do PMDB, autor das gravações que escandalizaram o Brasil dois anos atrás e, agora, consideradas de pouco valor como prova pela Polícia Federal, onde o virtual Ministro da Fazenda de Temer, Romero Jucá, dizia que o impeachment era necessário para “estancar esta sangria”.

Meio quarteirão no bairro luxuoso de Dunas, em Fortaleza, cercado de seguranças, – “com piscina, quadra, extensos jardins no alto de uma colina com vista para o mar azul da Praia do Futuro” – num dolce far niente semelhante ao de outros ex-diretores da Petrobras que confessaram o desvio de milhões e, curiosamente, continuam a ter milhões e milhões.

Aqui perto, em Macaé, a cidade ganhou até um “praça dos desempregados”, onde pessoas como Reginaldo de Jesus Gonçalves, de 51 anos, “bate ponto” à procura do emprego que perdeu, como mostra Nicola Pamplona, na Folha.

Machado devolveu R$ 100 milhões que admitiu ter roubado. Reginaldo perdeu o salário de R$ 2,2 mil que ganhava trabalhando em plataformas de petróleo.

O que Machado devolveu pagaria o salário de Reginaldo durante quase 4 milênios.

E o que sobrou para Machado alugar a mansão onde vive e pagar seus oito seguranças é muito mais do que o que falta às dezenas de milhares de Reginaldos castigados com o desemprego pela maneira desastrosa que a Lava Jato se atirou sobre a maior empresa brasileira.

A Petrobras, convenientemente dirigida pelo ex-“ministro do Apagão” de Fernando Henrique, Pedro Parente, diz que está reduzindo sua dívida para criar “um ciclo virtuoso de mais investimentos, maior receita, mais empregos, royalties e arrecadação”.

Na Folha, nota-se como: não perfura mais poços e deixa tudo à espera de que os leilões entreguem todo o petróleo às estrangeiras.

Enquanto Machado segue nas delícias da mansão e Reginaldo nas agruras da praça, neste novo Brasil, moralizado, afinal.




Tijolaço

Nenhum comentário:

Postar um comentário