terça-feira, 5 de março de 2019

OPINIÃO Mino Carta: Outros Carnavais






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Quando o Brasil era também o país do futuro
Nunca fui um folião convicto. Nunca tirei o anel de doutor para não dar o que falar, mesmo porque não sou doutor. A marchinha é, porém, memorável: Vestiu uma camisa listrada e saiu por aí/ em vez de tomar chá com torrada ele bebeu parati/ levava um canivete no cinto e um pandeiro na mão/ e sorria quando o povo dizia: sossega leão, sossega leão. Era outro Brasil.




Carnaval Rio antigo




Três anos seguidos saí no corso, assim chamado porque na origem se realizava em Roma, na Via del Corso, em 1700, conforme o relato de Goethe. O desfile dos carros de início se dava na Avenida São João, aquela cantada por Caetano Veloso, e nos anos seguintes por um percurso que atravessava São Paulo e incluía três avenidas, Paulista, Rebouças e Brasil. Estreei com 13 anos e encerrei minha carreira carnavalesca com 15. Sempre precisei de um carro para participar, obviamente. Da primeira vez foi o Ford de um vizinho da casa, que também levava o filho e um sobrinho. Na segunda, de um amigo repetente no colégio Dante Alighieri. Na terceira, em companhia de uma bela rapariga, ao Jaguar do irmão dela, dirigido na ocasião por um motorista japonês impecavelmente trajado para a tarefa, de quepe e bota pretos. Não era fantasia.

Quem sabe também eu estivesse na Avenida São João

Naquele ano rebolava Chiquita Bacana, lá da Martinica, ela se vestia com uma casca de banana nanica. Mais, bem mais do que de mim mesmo, toma-me a saudade daquela São Paulo desaparecida no galope do tempo, mas fadada a ser a de hoje. Dela não sobrou sequer o fantasma, e daquele Brasil que sonhava com Paris, contava com pensadores e artistas e exibia os documentos em dia para se apresentar como o país do futuro, não somente do futebol e do carnaval. Hoje nem isso consegue ser. 

Quanto ao futuro…





Carta Capital







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