terça-feira, 1 de setembro de 2020

Com mais de 90% no setor privado, bancários aprovam acordo. Para metalúrgicos, desafio é defesa do emprego

Luizão e Ivone: campanhas deste ano têm dificuldades extras

Campanha no setor financeiro exigiu 14 rodadas de negociação. Na área metalúrgica, empresários mostram má vontade, diz sindicalista


Por Vitor Nuzzi, da RBA                                                         Publicado 01/09/2020 - 12h33

São Paulo – Um dia antes da data-base, que é justamente hoje, os bancários encerraram sua campanha salarial após votação realizada pelos 89 sindicatos filiados de todo o país. De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), no setor privado foram 93% dos votos a favor da proposta negociada com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). Os percentuais foram um pouco menores no caso da Caixa e do Banco do Brasil, mas ainda expressivos: 70,82% e 83,68%, respectivamente.

Com duração de dois anos, o acordo coletivo prevê agora 1,5% de reajuste salarial e abono de R$ 2 mil. Benefícios como vales alimentação e refeição serão corrigidos pelo INPC-IBGE, estimado em 2,74%, além dos valores fixos da participação nos lucros ou resultados (PLR). Para 2021, haverá reajuste pela inflação e aumento real de 0,5%, incluindo as demais verbas. As cláusulas sociais foram mantidas.

Cenário adverso

Na base do sindicato de São Paulo, Osasco e Região, por exemplo, a proposta foi aprovada com 93,38% dos votos. No Rio de Janeiro, funcionários dos bancos privados aceitaram com percentual parecido, 93,89%, chegando a 72,36% na Caixa e 77,44% no BB.

“Mesmo em um cenário adverso, com um governo aliado de banqueiros e contra os trabalhadores, em uma pandemia que agravou a crise econômica e com metade da categoria em home office”, afirmou a presidenta do sindicato de São Paulo, Ivone Silva. Ela lembrou que, durante a campanha, que exigiu 14 rodadas de negociação, inclusive no último fim de semana, a Fenaban insistia em reajuste zero e mudanças para pior nas regras da PLR, além de retirada de direitos.
Fantasma

Para os metalúrgicos da CUT no estado de São Paulo, o desafio é garantir alguma cláusula que preveja estabilidade no emprego, principalmente neste período de pandemia. Segundo o presidente da FEM-CUT, federação estadual da categoria, que também tem data-base em 1º de setembro, a negociação com os diversos setores patronais segue “travada” em função, basicamente, da reivindicação de estabilidade.

“Para nós, não faz sentido fechar uma data-base sem prever que os trabalhadores tenham alguma tranquilidade. E o empresariado paulista não é sensível a esse tema”, diz Luizão. Segundo ele, as empresas têm mostrado má vontade e “jogam tudo na conta do pandemia”.

Assim, a questão do emprego é “central” na campanha deste ano. “A ideia é que a gente tire por alguns meses o fantasma do desemprego da cabeça do trabalhador”, afirma o presidente da FEM-CUT. O setor teve meses bastante ruins, como junho, quando foram fechadas 8 mil vagas. Em julho, foram abertas 500 postos de trabalho. “A recuperação deverá ser bastante lenta.” A negociação envolve 187 mil metalúrgicos.

Rede Brasil Atual

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