sexta-feira, 5 de março de 2021

Jovem de 21 é intubada em Araraquara e prefeito adverte sobre nova onda da Covid: "tsunami que causará um genocídio"

(Foto: Prefeitura de Araraquara)

O país inteiro está virando Manaus, onde faltou oxigênio e as pessoas morreram por falta de ar", diz Edinho Silva, prefeito de Araraquara. "A nossa geração vai ver cenas que nunca imaginou na vida. Será uma tragédia"


5 de março de 2021, 12:16 h Atualizado em 5 de março de 2021, 15:08

247 - O Brasil vive uma situação dramática com a propagação das novas variantes da Covid-19. O elerta é do prefeito dacidade de Araraquara, Edinho Silva. A cidade do interior paulista registrou nesta quinta (4) a internação de uma mulher de 21 anos e de um outro homem, de 26 anos, por causa da Covid-19. Os dois estavam em estado grave e foram intubados. A informação é da jornalista Mônica Bergamo, em siua coluna no jornal Folha de S.Paulo.

Edinho diz que a nova cepa do coronavírus que passou a circular na cidade segue alcançando cada vez mais pessoas jovens, em uma situação dramática que não era comum no ano passado.

Segundo ele, em 2020 apenas uma pessoa de menos de 40 anos morreu em Araraquara vítima da Covid-19. Só em fevereiro e março, já foram registrados os óbitos de dez pessoas nessa faixa etária até agora.

Para conter a explosão de casos na cidade, e evitar o colapso completo do sistema de saúde, Edinho Silva decretou lockdown total em Araraquara, com a restrição completa de mobilidade das pessoas. "O país inteiro está virando Manaus, onde faltou oxigênio e as pessoas morreram por falta de ar", diz ele. "A nossa geração vai ver cenas que nunca imaginou na vida. Será uma tragédia", afirma.

Leia também matéria da Prefeitura de Araraquara sobre o assunto:

Cepa de Manaus já é predominante em Araraquara

A variante do coronavírus denominada P.1., conhecida como a cepa de Manaus, já é a predominante em Araraquara, segundo informações da Agência Fapesp. Mais de 80% dos casos de Covid-19 analisados pelo Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (IMT-USP) foram causados pela P.1, variante considerada duas vezes mais transmissível que a anterior (linhagem B.1.128).

Segundo dados preliminares do estudo, 53 de 57 amostras coletadas entre 25 de janeiro e 23 de fevereiro continham a cepa P.1., o que representa 93%. Em outra análise mais ampla, com mais amostras, 66 de 80 positivados para Covid-19 em Araraquara eram da P.1. (82%), de acordo com a Vigilância em Saúde.

O trabalho integra um projeto apoiado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), cujo objetivo é avaliar a transmissão domiciliar do SARS-CoV-2 em Araraquara.

“Até 17 de fevereiro, ainda encontramos alguns casos de infecção por outras linhagens. A partir daí foi tudo P.1. Desenhamos um novo ensaio de RT-PCR, similar ao que é usado para diagnóstico, mas capaz de diferenciar quais casos positivos de Covid-19 estão relacionados à linhagem P.1.”, explicou Camila Romano, coordenadora da investigação, à Agência Fapesp.

“Ainda não sabemos quando exatamente a P.1. entrou em Araraquara e estamos analisando amostras mais antigas para tentar descobrir. Mas os dados que temos até agora sugerem que também nessa cidade ela se tornou a mais prevalente em menos de dois meses. É incomum uma linhagem emergente substituir completamente outra já estabelecida em tão pouco tempo, ainda mais quando há um foco epidêmico ativo e um grande número de indivíduos já infectados. É assustador e mostra o poder desse vírus”, concluiu Camila Romano.

A circulação da nova cepa do vírus aumentou de forma expressiva o número de casos, internações e óbitos por Covid-19 no início deste ano em Araraquara, o que levou a taxa de ocupação dos leitos de UTI e enfermaria a atingir 100% e fez com que a Prefeitura endurecesse as medidas de isolamento social, com o lockdown.

O número de casos de Covid-19 neste ano em Araraquara já se aproxima do registrado no ano passado todo, quando a estrutura montada pelo município controlou o avanço da doença: 6.758 casos em 2021 (até esta quinta-feira) contra 8.327 em 2020. Em relação aos óbitos, houve aumento expressivo: 92 em 2020 e 132 neste ano, sendo 89 deles somente em fevereiro.

As autoridades de saúde também detectaram uma mudança no perfil das internações, com pacientes mais novos também tendo agravamentos e precisando de UTIs — fato que está se repetindo em outros municípios e é alertado pelas autoridades nacionais de saúde.

Das 89 mortes pela doença no mês de fevereiro, 34 delas foram de pessoas abaixo de 60 anos (38%). No ano passado inteiro, 17 dos 92 óbitos foram de pessoas não idosas, o que representou 18%. Essa mudança de perfil é sinalizada pelos profissionais de saúde do município desde o final de janeiro, quando a nova cepa ainda era uma suspeita e não estava confirmada.

Com a circulação das novas variantes, o Brasil chegou ao pior momento da pandemia, com a confirmação recorde de mais de 1.800 mortes causadas pelo coronavírus em 24 horas, na última quarta-feira (3).

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