domingo, 26 de junho de 2022

CONQUISTA – DESTAQUE NO NOTICIÁRIO NACIONAL!


Após algum tempo Vitória da Conquista volta a ser destaque em noticiário nacional. Antes não era raro a divulgação de informações e acontecimentos sobre nossa cidade. 


Muitas vezes era noticiado nos programas meteorológicos a baixa temperatura de Conquista contrariando a predominante no nordeste. Infelizmente, também tornava-se matéria jornalística acidentes fatais na BR-116. No entanto, muitas vezes nos orgulhava a divulgação de êxitos alcançados pela Administração Municipal. As medidas eficazes sobre a prevenção e tratamento da AIDS. O fortalecimento do SUS e o cumprimento de seus princípios. Os programas de atendimento neonatal e pediátrico altamente reconhecidos no Hospital infantil Esaú Matos. As campanhas de vacinação e o tratamento de pacientes em seu próprio domicílio. A coleta de lixo e a modernização do seu tratamento e despejo. O vigor da participação popular e do Orçamento participativo. A ampliação do ensino fundamental I e II para as mais longínquas regiões do interior. Os inúmeros prêmios de excelência recebidos de organismos oficiais e privados. O jornal Gazeta Mercantil divulgou nacionalmente os êxitos alcançados no controle fiscal e na política tributária de Vitória da Conquista. Praticamente todas as áreas e funções públicas foram difundidas como exemplos de eficiência e competência a serem seguidos.

O retorno da nossa cidade como destaque em programa televisivo nacional não é motivo de orgulho. O noticiário “Jornal Hoje/JH”, da rede Globo de televisão, no dia 11 de junho, entrevistou a sra. Rosemeire Santana, moradora de Vitória da Conquista, desempregada, mãe solo e que simplesmente não tinha o que comer nem ela e nem seus filhos. Essa situação dramática que aflige grande parte da população brasileira não é exclusiva de Conquista, dados oficiais indicam que o Nordeste e a região norte são as mais duramente atingidas pelo flagelo da fome e da insegurança alimentar. Mas, aqui, em Conquista, é necessário se avaliar o total alinhamento político, administrativo e ideológico do governo local com as decisões desastrosas do governo de Bolsonaro, que trouxeram de volta a fome e a miséria para os lares brasileiros. A administração municipal não tem nenhum programa consistente de combate à insegurança alimentar, até o restaurante popular tem o seu número de refeições servidas constantemente reduzido. Apenas a solidariedade própria dos conquistenses consegue amenizar o problema com a distribuição de cestas básicas pelo trabalho de abnegados voluntários. É reconhecido que as escolas e creches municipais são fatores importantes na alimentação das crianças matriculadas, sendo que muitas pertencem às famílias que sofrem de insegurança alimentar. Essa situação parece não incomodar a gestão municipal, que, atualmente, não atende as condições mínimas para uma alimentação nutritiva e saudável aos seus alunos. Muitas vezes apenas bolachas não servidas às crianças, obrigando que as merendeiras façam verdadeiros milagres para diminuir o impacto cruel do descompromisso da prefeita com as crianças das creches e escolas municipais.

Sem dúvida, a pobreza é a mãe da fome. A estrutura capitalista brasileira fomenta continuadamente o aumento da riqueza para poucos e a miséria crescente para a ampla maioria. Dados da Secretaria de Desenvolvimento Social de Vitória da Conquista indicam 39.942 famílias, totalizando 98.268 pessoas que vivem em condições de extrema pobreza. E foi apurado que 351 famílias sofrem de insegurança alimentar!

Não possuo, no momento, dados estatísticos para analisar esses números, mas causa espanto que de quase 40 mil famílias vivendo em extrema pobreza apenas 351 sofram de insegurança alimentar. Para entender melhor a inconsistência desses números basta comparar com os dados oficiais de todo o Brasil. No país, estima-se que 52.700.000 (1/4 da população) vivem na pobreza e na extrema pobreza e, desses, - 33.100.000 - 62.8% - sofrem de insuficiência alimentar ou fome. Um simples estudo de comparação indica que os dados divulgados pela SEMDES mostram 39.942 (8.75 %) da população sobrevivendo em extrema pobreza e desses apenas 351 (008.75%) passam fome. Abstraindo-se da diferença que no plano nacional considerou-se a população que vive na miséria e na extrema miséria e, em Conquista, somente aqueles que sobrevivem na extrema miséria é evidente que os dados fornecidos pela administração municipal estão incompletos. Ou então Conquista é uma cidade singular que tem miséria mas não tem gente com fome. É importante distinguirmos o conceito de insegurança alimentar que é a insuficiência de nutrientes que cada pessoa deve receber diariamente e a definição de fome que é a família não possuir nada para comer naquele dia ou momento. Infelizmente, são muitos os exemplos de moradores de Conquista que se encontram nessa triste situação. Não me refiro apenas aos moradores de rua, mas de pessoas que recentemente perderam o emprego e a renda decorrentes da política do governo de Bolsonaro que é tão delirantemente apoiada pela atual prefeita. É impossível que não vejam homens, mulheres e crianças nos semáforos exibindo aflitos apelos: “Me ajudem, estou com fome!”

A fome e a miséria batem constantemente nas nossas caras. Nunca tantas pessoas vasculham as latas de lixos tentando achar alguma coisa para comer. Constantemente batem à porta pedindo alguma coisa para comer. Assisti uma cena chocante, no bairro Candeias, um menino aparentando oito ou dez anos, lambia e roía o papelão de uma caixa de pizza. Doeu. Claro, comprei e dei a ele um sanduiche e o sorriso e a alegria nos olhos dele me entristeceram ainda mais. Sei que no dia seguinte estará novamente fuçando o lixo para achar algo para comer.

Lamentavelmente, após o golpe que destituiu a presidenta Dilma Roussef o Brasil regrediu enormemente. Limitando-me somente ao aspecto relacionado à insegurança alimentar e à fome é visível que o estrago foi enorme. Foi completamente ignorado o trabalho realizado pelo saudoso sociólogo Betinho com a “Acão da Cidadania contra a Fome” e do presidente Lula com a consigna e programa “Brasil Fome Zero” que tinham permitido o país alcançar êxitos extraordinários na melhoria alimentar do nosso povo. Um conjunto de medidas estruturantes de combate ao desemprego, de melhorias salariais, diminuição das desigualdades regionais e sociais, geração de rendas, incentivo à produção e consumo da agricultura familiar, abastecimento dos estoques reguladores, fortalecimento do PNAE/Programa Nacional de Alimentação Escolar, e a instituição de programas sociais, principalmente o Bolsa Família, como verdadeiras políticas sociais e de Estado, fizeram a fome, que em 2004 atingia 9,5 % da população brasileira fosse reduzida em 2013 para 4,2% (queda de mais de 50%), tirando o Brasil do vergonhoso mapa da fome da FAO.

O governo Bolsonaro está mais interessado em privatizar as empresas públicas construídas com o suor e o trabalho dos brasileiros, como a Eletrobrás, a Petrobrás e os Correios do que reduzir minimamente a miséria e a fome que seus desmandos tem provocado. Sua ânsia destruidora não respeita nem as terras dos indígenas, nem as florestas, nem nossos rios e menos ainda a geografia, a flora e a fauna nacionais. Importa novas terras para serem depredadas pelo agronegócio, gerar comoditties agrícolas que são vendidas para o exterior auferindo altos lucros em dólar. A política bolsonarista que fomenta a miséria provocou o desemprego de mais de 13 milhões de trabalhadores, o poder de compra de todos os brasileiros caiu 48% em 2022, e logicamente os que se encontram na linha da miséria foram mais afetados, aumentando em mais 7.2 milhões no último ano. Os dez milhões mais pobres sobrevivem com apenas R$ 1,30 ou R$ 39,00 por mês. Metade da população, 106 milhões, tenta viver com R$ 13,83/dia ou R$ 415,00/mês. Exceto o nível mais alto da pirâmide social todos perderam renda particularmente no nordeste e negros, pardos e as mulheres. As consequências desse insano aumento da miséria nos lares brasileiros são dramáticas e visíveis. Em apenas um ano os dezenove milhões que passavam fome aumentou para trinta e três milhões. Mais de metade da população, cento e vinte e cinco milhões, sofrem de insegurança alimentar, e, somente os trinta e dois milhões mais ricos tem segurança alimentar plena.

As mesmas fontes oficiais que revelam esses dados vergonhosos também indicam, paradoxalmente, que o Brasil é o segundo maior exportador de alimentos do mundo.

A situação que vivemos é mais preocupante porque a deterioração das condições alimentares e de miséria provocadas pelo governo Bolsonaro têm sido crescentes. A fome brasileira choca o país e o mundo. E nossa cidade, Vitória da Conquista, envergonha-se de tornar-se exemplo das consequências provocadas por Bolsonaro e, no momento, ser governada por uma administração municipal que segue o mesmo modelo.

A situação atual fez renascer o voluntariado da Ação da Cidadania, e, vinte anos depois a candidatura de Lula concentra o seu programa de governo no estabelecimento de políticas públicas de combate à miséria e à fome. Portanto, resta a esperança de que o Brasil vai vencer o desafio e novamente sair do mapa da fome. Temos a certeza de que as eleições deste ano significarão a construção de um novo Brasil onde o nosso povo terá minimamente três refeições diárias, trabalho e dignidade.

Edwaldo Alves Silva é filiado ao PT

Asteca Assessoria e Consultoria

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