Mais tarde, nos encontramos em outra situação: ele havia criado os "Comités de Defesa do Partido" e eu tentava mudar a linha política do mesmo trabalhando por dentro, na Articulação, ainda na esperança de trazer o Partido para as posições que julgava mais consequentes. Claro que não consegui, fui derrotado, esmagado e, então, decidi sair do barco... Como o Prestes já fizera. Daí passamos a nos encontrar para trocarmos ideias sobre a situação do Partido, e mais, as questões políticas nacionais e internacionais que se colocavam na ordem do dia.
Desses vários encontros havidos aqui em São Paulo, "na casa do Aldo", surgiram não só posições comuns, mas, uma sólida amizade a qual fazia que a conversa derivasse para os tempos em que o Prestes estudava no Colégio Militar de Porto Alegre, e quando comandava a famosa Coluna que a história designa como Prestes, no Brasil e no exterior. Ele mostrava nessas conversas mais informações, e toda sua sabedoria como estrategista militar e de guerrilha. Tal era sua capacidade guerreira que a Coluna percorreu mais de 25 mil km só no Brasil, enfrentou inúmeros embates com as forças regulares, com o bando de Lampião, invicta, e internou-se na Bolívia e no Paraguai em dois blocos distintos. Ao que dizem, teria ido mais longe em quilômetros e mais duradoura no tempo que a Grande Marcha de Mao Tse Tung.
Seus objetivos políticos eram derrubar o presidente Arthur Bernardes, e incentivar a população a se rebelar contra os latifundiários (tipo Gilmar Mendes, Ronaldo Caiado e outros menos cotados hoje). Implantar o voto secreto e universal, o ensino fundamental obrigatório, e, especialmente, acabar com a miséria e a injustiça social. Portanto, longe de se tratar de um "passeio" de militares e intelectuais diletantes, foi uma revolução social que, durante seu percurso, chegou a obter o apoio e participação de mais de 1.500 pessoas.
Depois disso, estudou marxismo na Bolívia e na URSS, e retornou ao Brasil em 1934 para dirigir a insurreição da Aliança Nacional Libertadora, ANL, em 1935, que foi derrotada pelo Governo Getúlio Vargas, apesar de haver criado o Soviet de Natal, uma tentativa de implantar o socialismo no Brasil. A ANL, apesar de alcunhada por Getúlio e seus ideólogos de "Intentona Comunista", nada tinha de comunista, era uma insurreição com bandeiras nacionalistas.
Encarcerado, ficou incomunicável na prisão por cerca de 10 anos! Quem já ficou incomunicável numa prisão por muito tempo pode ter uma ideia e do sacrifício enorme imposto a esse herói da História do Brasil. De 1945 para frente sua história é um pouco mais conhecida. Eleito Senador em 1946, por nada menos de 9 estados diferentes, foi cassado em 1947 e caiu na vida clandestina, da qual, somente pode emergir 32 anos depois, em 1979.
Em poucas pinceladas esta é a história do Cavaleiro da Esperança, no dizer de Jorge Amado, em seu histórico romance que vendeu, nos anos 1940/1950, milhões e milhões de exemplares no mundo.
Ele nasceu na cidade de Porto Alegre, em 3 de janeiro de 1898, e veio a falecer no Rio de Janeiro em 7 de março de 1990, Se vivo fosse, estaria completando nesta data 116 anos. Até os anos 1960, o 3 de janeiro sera saudado, logo cedo, por um grande foguetório, no Brasil inteiro.
Em seguida, reproduzo o link da Wikipedia, onde vocês poderão encontrar mais informações sobre a vida do Camarada Prestes, embora, algumas delas, devam ser tomadas com cautela.
José Augusto Azeredo
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