segunda-feira, 13 de abril de 2015

A Terceirização


Há muitos e muitos anos o deputado de Goiás Sandro Mabel, empresário, apresentou um PL na Câmara dos Deputados propondo, em resumo, terceirizar a atividade fim das empresas então proibida pela legislação. A justificativa? A de sempre: que era preciso “desonerar” as empresas. Claro que nós, entendíamos e entendemos completamente diferente.
Essa ousada, para a época, ação do empresariado via Sandro Mabel, creio eu, não obtinha, ainda crédito algum na sociedade, nem mesmo, na maioria do empresariado. Mas, ele veio apresentando e pressionando o seu PL, ganhando apoio, cada vez maior, no seio do empresariado, até que Lula obteve no Congresso seu arquivamento.
Todavia, os Mabeis continuaram de tocaia, aguardando uma oportunidade favorável aos seus intentos. O companheiro Lula, quando presidente da República, deu uma grande mancada: não colocou na ordem do dia, quando seu prestígio chegava a quase 100% (que ele ironizava dizendo temer que acontecesse), uma PEC visando regulamentar dispositivos constitucionais sobre o monopólio da mídia no Brasil. Quando ele encheu as burras dos irmãos Marinho (nada a ver com as Irmãs Marinho, que são moças decentes) com milhões e milhões oriundos do BNDES, escrevemos no Asteca Informa que aquilo não ia civilizar a Mídia. Que, ao contrário, logo logo eles voltariam com a cantilena anti-Lula, anti-PT e anti-Operária, e de forma crescente. E não deu outra, dois ou três meses depois eles, a Mídia, retomaram a ofensiva, de forma escandalosa, audaciosa, e indecente que persiste até hoje.
E, como “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”, já começamos a ver os resultados nas eleições do ano passado, e na ofensiva cruel e sem quaisquer peias, contra o Governo Dilma.
Aí, com Eduardo Cunha na presidência da Câmara, o pastor que coleciona inúmeros processos no Rio, surgiu a oportunidade de ouro para os Mabeis. E, lá vieram eles, de novo, com o PL 4.330 que, já passou na Câmara, está na fase de votação de emendas, boa parte delas marotas, e, se não acontecer algo de surpreendente será aprovado e levado à sanção da Presidenta. Daqui pra lá, o movimento sindical, ou a parte não podre dele, terá que intensificar a luta dos trabalhadores, nas ruas, contra a Terceirização. Como ela significa, na prática, o fim da CLT, se a questão for levada ao interior das empresas, bem explicada, duvido que os trabalhadores optarão pelos Mabeis, ou seja, para ficarem sem férias, 13º, aviso prévio, etc. etc. Retornarem ao período escravagista. Além da perda de direitos duramente conquistados, ainda e certamente, terão sua remuneração reduzida em mais de um terço.
Portanto, companheiros, a aprovação desse PL será uma tragédia. Acho que a Presidenta se vetá-lo, como os politicamente mais lúcidos esperam e desejam, deve montar uma rede de Mídia e declarar as razões do veto, denunciar para o povo que, ela vetando, ainda existe o risco dos 300 ps rejeitarem o veto dela e o promulgarem. Portanto, está na hora, aliás, já passou muito dela, de radicalizarmos profundamente o processo. Ou partimos pra cima ou os nazistas vencerão. Duvido, companheiros, que, se cada um de vocês for às empresas onde têm vínculo, e explicarem com riqueza de detalhes o que significa o PL 4.330, os trabalhadores não os seguirão em passeata.
Está na hora de trabalhar, e duro, não só no discurso, mas na prática, para a realização de uma greve geral em protesto contra o fim da CLT. Porque podem estar certos, se com ela ainda não estamos no melhor dos mundos, sem ela, tenham absoluta certeza, pularão de cabeça num caldeirão do inferno do qual se arrependerão pelo resto da vida.
Portanto, avante trabalhadores, vamos parar este país pois, nem suas famílias os perdoará por tão grande derrota. Avante, em defesa de seus direitos tão duramente conquistados!
José Augusto Azeredo



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