segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Coluna do Fernando Neto : INSISTINDO NO ÓBVIO.

21/01/2018

As perspectivas históricas para o mundo e, portanto, também para você mesmo, ( onde quer que esteja ), desenvolvidas por Mészáros, em sua obra atualizadora do marxismo, serão realistas. 

Portanto eu me alio ao pensamento dele, desconsiderado por muitos, inclusive quando também atualiza a alternativa de Rosa Luxemburg : "socialismo ou barbárie". 

Mészáros ao avançar além da crítica das crises múltiplas e cíclicas do capital, desenvolve uma advertência sobre uma crise estrutural, então una e irreversível, que nos estaria a comprometer o futuro em direção a algum tipo de barbárie. 

Há quem possa me esnobar com outros conhecimentos e antecipações, um pouco o "fim da história" de Fukuyama ou " O Admirável Mundo Novo" de Huxley... 

Então, eu insisto no óbvio e respondo que as pessoas : ou estão certas, ou estão erradas ! 

Se estão erradas as consequências do seu ponto de vista se mostrarão também erradas; se estão certas, os desdobramentos dos fatos provarão estarem certas. É simples assim. 

Ora, acompanhando a acumulação do capital, a se expandir pelo mundo, agora a auto-regulação do mercado prestigiada pelo presidente dos EUA, quando ao mesmo tempo se isola politicamente, notamos o "buraco negro" da exploração financeira que ele constrói cercado pelo horizonte de eventos das guerras de mercado.

Os EUA, enquanto a sede inexpugnável da expansão das empresas nacionais-transnacionais, é o ultimo e derradeiro empecilho à salvação do planeta! 

Porque a crise é una e irreversível, principalmente. Além de geral e "rastejante". 

Mas os EUA comportam-se como se fossem um Xangri-lá, onde o refúgio dos sábios a preservar-se para uma reconstrução do mundo, após o Armagedon... Como se não fosse lá que se enraizassem as principais causas das muitas aflições humanas da Terra como um todo. 

Eles, "first"; o resto de mundo, que sofra, que morra! 

Logo, de que adiantaria combater o capital e o capitalismo fora da sede mais importante das nacionais-transnacionais? 

O povo dos EUA não é exatamente mau, mas o capital que eles admitem é! Ele o mantém alienado, muito alienado, e distante de qualquer "primavera americana" que o levasse à reforma socialista ou mesmo à revolução salvadora. Seria um melhor uso para a descentralização da Arpanet!

Os EUA gostariam de ser a Inglaterra de Churchill, para serem uma ilha e, se vão à guerra, até hoje, é para fazerem-na a 2ª guerra mundial, que venceram enquanto heróis de todos nós. 

Ontem, ao assistir um filme sobre Churchill, decepcionei-me ! Ele só apresenta o herói da 2ª Guerra, não um dos responsáveis pela logística das explosões de Hiroxima e Nagasaki que iniciaram a guerra-fria. 

Não adiantaria a um Kim John-un, atacar os irmãos do Oriente, principalmente o Japão! Era só o que faltava.

O que ocorre é a crise estrutural do capital, não é luta nacionalista, religiosa, étnica ou racial. 

No cerco aos últimos países de tradição e influência socialista, o capital, liderado pelos EUA, como que com duas políticas externas : o isolamento político e a persistente acumulação do capital a virar o mundo, pode muito bem gerar o confronto nuclear. 

Quando Mészáros escreve que " por mais pessimista que possa parecer, o socialismo se fará pelos EUA ou não se fará" , advertia-nos da iminência da barbárie. 

E a nossa América, orgulhosamente latina, é solicitada a resistir ao contraditório " first", que os ingleses dirigem às damas. 

Quando esse presidente constrói o muro do México chama - a todos nós de "traficantes e estrupadores". E, se o somos, é por falta de escolas, alimentos, medicamentos, casas, terra, empregos etc. etc. etc.

Mais, mesmo entre nós, há tipos que lambem as botas de tais poderosos, já se ocultando além da "cortina de ouro", como escreve o pedagogo, que são as grades dos edifícios, os circuitos internos de TV, as negras películas dos automóveis, os condomínios fechados. Um EUA do Brasil, quando, anteriormente, pelo menos se cultuava com mais respeito a memória dos pais fundadores da pátria americana, talvez pelo teor revolucionário e proto-socialista da Declaração de Independência. 

Agora se"rasteja" entre a Turquia e a Síria? Durante os jogos de inverno na Coréia?

Fernando Neto


Ilvaneri Penteado  -  Jornalista  -  Rio de Janeiro


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