quinta-feira, 31 de março de 2016

A CONTRADIÇÃO DO PMDB

29/03/2016

É surpreendente o que está fazendo o PMDB ! Ele “desembarca do governo”, em uma sessão entusiástica, mas deixa lá o vice-presidente do governo – também presidente do partido - e os presidentes da Câmara e do Senado. Estes últimos, principalmente, citados na Lava-Jato.

Onde está unidade partidária em sua natureza política e ética ? Porque, se ele “desembarca do governo”, não pode ser sem a anuência do presidente do partido.

Não seria de se esperar, então, que todos renunciassem aos seus postos ? Por que, em sendo assim, fica caracterizada uma manobra oportunística em que os que ficam esperam se beneficiar do “impeachment” de um governo que apoiam... e não apoiam ao mesmo tempo !

Ignoro a natureza das leis partidárias em seu contexto constitucional, mas do ponto de vista legal, não apenas ético, tal comportamento me é tão ambivalente e tão absurdo que espanta e horroriza como golpista.

Enquanto a sócio-democracia mascara o capital em seu terceiro turno, o PMDB não faz diferente com o seu programa “Pontes Para o Futuro”, que o senador Lindberg Farias critica, item por item, mostrando-o como o retrocesso das conquistas trabalhistas, das políticas públicas e dos programas sociais tão queridos à centro-esquerda no governo. Ela, que não necessariamente com o PMDB, vem todo esse tempo incluindo as classes mais pobres do velho Brasil.

Fica-se pensando, porém, se não há males que vem para bem. Pois a liberação dos cargos, vai permitir a reforma ministerial sem o PMDB e o seu fisiologismo, hoje todo voltado para o golpe, digamos, num eufemismo.

De modo que não se repetem aqui as mesmas coisas boas da “Operação Mãos Limpas”, mas também às más, como a subida de Berlusconi na Itália, então comparável ao líder maior do PMDB.

Ou será que se pode pensar, no trágico círculo vicioso, do governo Margareth Thatcher com aquela expressão deplorável de seu ministro James Callaghan : “ A festa acabou !” seguindo-se ao “The Bridges for the Future”...

Temo que a Lava-Jato possa ser um sucesso policial. Até certo ponto, um sucesso jurídico. Mas, ao despolitizar, como a “Operação Mãos Limpas”, ela será um fracasso na economia-política por só beneficiar à anarquia de mercado.

Quando se afirma que o processo do “impeachment” é jurídico, e não político; quando se lhe nega o nome de golpe, acho que se incorre em vários erros.

Porque tudo é político, apenas haveriam bons e maus sentidos políticos históricos. E porque a acusação que justificaria o “impeachment”, ao não se sustentar, não o justifica enquanto constitucional. Não existe o jurídico puro, senão enquanto o alienado em economia-política.

A comissão especial da Câmara, é bom lembrar, vai votar pela admissibilidade – ou não ! – do “impeachment”, sendo que, no último caso, ele não irá mais ao plenário da Câmara.

Plenamente identificado com a indignação dos que tentaram obstar a investida da OAB, temo que será bem melhor permanecermos com Dilma e Lula e finalmente voltarmos a trabalhar pelo país. Fazer as reformas !

Seria assim.



Fernando Neto
PT RJ nº 17413030


Fonte : Ilvaneri Penteado - Jornalista - Rio de Janeiro


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