segunda-feira, 21 de março de 2016

Frente Povo Sem Medo vai às ruas em defesa da democracia

Quinta-feira (24) os movimentos vão protestar contra a "Justiça de exceção" de Sérgio Moro e contra ameaças à democracia, e reivindicar reformas populares e o fim do ajuste fiscal

por Rodrigo Gomes, da RBA


São Paulo – A Frente Povo Sem Medo, formada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e outras 26 organizações, vai realizar quinta-feira a "Mobilização em Defesa da Democracia: a Saída é pela Esquerda" em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Fortaleza, Uberlândia e outras cidades. Os movimentos temem que os atos pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff sirvam de trampolim para a cassação de direitos. “Insuflaram um clima macartista de intolerância e ódio, que se traduziu nas ruas com intimidação e agressões contra quem diverge. O ambiente criado é de caça às bruxas, de ameaça à nossa já frágil e limitada democracia”, diz manifesto divulgado ontem (20).

A frente destaca que as ações pró-impeachment e em favor da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão sendo articuladas por setores e personagens conhecidos por ações antidemocráticas e pela corrupção. “Os setores que querem derrubar Dilma e prender Lula apostaram todas suas fichas, passando por cima inclusive de garantias constitucionais e das liberdades democráticas. Nunca é demais lembrar que o impeachment que querem impor tem a marca corrupta, antidemocrática e chantagista do (presidente da Câmara) Eduardo Cunha, representante do que há de pior na política brasileira.”

Os movimentos lamentam a perda de rumo da Operação Lava Jato, que se transformou “num instrumento de abusos e de seletividade”. E avaliam que a “justiça de exceção”, vigente há décadas nas periferias das grandes cidades contra o povo pobre e preto, está sendo legitimada como regra pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela operação, “sob aplausos da mídia”. “Defendemos que a corrupção seja investigada até as últimas consequências. Mas para todos e com as garantias previstas na lei.”

Para a frente, no entanto, não se pode ignorar que o governo Dilma adotou medidas antipopulares, "identificáveis com o programa derrotado nas urnas": iniciou um ajuste fiscal antipopular e assumiu uma “agenda de retrocessos” com temas como a Reforma da Previdência e a lei antiterrorismo. E deixaram passar oportunidades de pautar a democratização dos meios de comunicação e do sistema político, além de reformas populares. A crise atual seria também consequência desta “falta de ousadia”. 

“Não ficaremos calados e acovardados ante as ameaças ao que temos de democracia no Brasil. O ataque não é somente contra o PT. É contra o que quer que seja de esquerda neste país. Querem aniquilar o movimento social. Querem impor um ambiente de intolerância e linchamento, onde não há espaço para o pensamento e a ação críticos. A solução que a direita brasileira propõe representa ainda o aprofundamento dos ataques a direitos sociais e trabalhistas.”

Como parte da reação a esses ataques, o MTST realizou nova ocupação na madrugada do sábado (19), em Itaquera, zona leste da capital paulista. E não descarta realizar outras. Além disso, vai compor a mobilização nacional no dia próximo 31, em vários estados, junto com a Frente Brasil Popular.

Mais uma vez, os movimentos reivindicam reformas populares, a desmilitarização da polícia e a radicalização da democracia. “Defendemos a ampliação de direitos e liberdades. Mas sabemos que para construir este caminho é preciso deter os retrocessos, barrar a saída à direita representada pelo golpismo. Não há tempo para vacilação.”

Em São Paulo, a concentração do ato será às 17h, no Largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste. A manifestação vai até a sede da Rede Globo, na Avenida Luís Carlos Berrini. No Rio, o ato vai ser realizado no Campus Praia Vermelha da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), às 11h. Os endereços das demais manifestações serão divulgados amanhã, às 14h, em entrevista coletiva, em São Paulo.

Fonte : Rede Brasil Atual

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