Jornal do Brasil
Ao longo dos últimos meses, o Brasil assiste à espetacularização de uma doença grave (corrupção) e as consequentes chagas, provocadas pelo avanço do processo terapêutico de cura, associado com a expurga dos tumores provocados pela degeneração da res pública.
Em consonância com os nossos 125 anos de existência e a tradição republicana de nossa organização, defendemos de forma enfática e incondicional a ampla e total investigação pelos desvios ocorridos, sua responsabilização e a punição exemplar a todos os envolvidos, sem seletividade ou “preferenciais”. Contudo, nesse momento histórico da nação, somos obrigados a fazer uma reflexão e lançar um tema ao debate cívico para nossos leitores. A crise político-econômica em que o pais se encontra exige uma ação rápida e contundente dos três poderes da República, com o objetivo de resgatar a governabilidade e o normal funcionamento das instituições. A paralisia da atividade econômica, a hipertrofia de um poder em relação aos outros, associado com frequentes indefinições e arranjos espúrios alheios às práticas democráticas basilares, podem ser visualizadas nas constantes tentativas de rachaduras aos preceitos constitucionais. Queremos Justiça! Defendemos a Constituição Federal! Somos Democratas!
No entanto, nossa reflexão vai além da análise política e ideológica rasteira, movida pelos interesses espúrios e oportunistas do linguajar chulo de alguns agentes políticos, pregadores do caos e atiçadores da infâmia.
O que estamos observando é que o uso da justiça em um procedimento de “espetacularização do ato” tem sido pouco eficiente para a solução do grave problema institucional. (Condições de governabilidade) A impressão que emerge das continuas etapas da Operação é a que o meio virou o fim e os fins justificam os meios. A criação de capítulos e a sequência programada de capítulos espetaculares passou a ser a principal razão para os procedimentos de apuração e os julgados. O que nos faz refletir se a solução jurídica de prender corruptos e corruptores, em busca da extração de cenas e conteúdo, para os próximos capítulos da novela em exibição, de fato tem por objetivo, ajudar a resolver os problemas do Brasil.
A dor da população tem levado a uma exaustão da paciência do cidadão comum, com a consequente incapacidade do exercício de uma resposta aos anseios por emprego, renda e dignidade.
Possivelmente, a constante busca por holofotes é exercício de um reality show onde a audiência aumenta com seleção do próximo a ser confinado e a cada sessão novos personagens e agentes econômicos são chamados para a seleção de possíveis candidatos a “delação”. Os vazamentos seletivos transformam as “colaborações” em justiçamento, têm provocado um cenário de denuncismo e arrepiantes confissões. O clima em decorrência passa a sugerir um quadro contínuo de degradação do ambiente institucional. Ao final o custo das prisões e a megaoperação que gera a superprodução em exibição não têm se revelado suficiente para uma rápida resposta aos anseios de soluções provisórias e definitivas para a hemorragia em curso. Até agora é o povo que tem pago um custo alto demais, vítima dos desvios, enganados pelos seus representantes, ofendidos em seus direitos, vilipendiados pelo desejo incomensurável de poder e dinheiro de um grupo de empresários, empresas e políticos.
O Jornal do Brasil espera o imediato bloqueio dos bens de todos esses corruptos e corruptores, o Brasil foi roubado nesses últimos anos com a destruição de sua economia. Com perda do grau de investimentos, com a fuga de capitais estrangeiros, com 12.5% de perda renda per capita, com a deterioração da oferta de empregos, com os que nunca foram empregados e não têm condições de se empregarem mais, com a perda dos planos de saúde de 1 milhão de pessoas em razão do desemprego e a volta de 4 milhões de pessoas ao submundo dos desprotegidos de renda mínima.
O Jornal do Brasil não admite que essa punição branda seja suficiente, só admite para corruptos e corruptores o que a justiça comum faz quando um delinquente rouba e leva o produto do roubo para casa: ela toma o produto do roubo e aquele que compra se torna receptador. O Brasil não pode admitir que esses senhores continuem com o patrimônio roubado. O país quer o patrimônio de volta: educação, saúde e segurança. Afinal de contas, o que foi roubado pertence ao Brasil.
Do alto de nossa mensagem centenária de defesa incondicional dos valores democráticos e dos preceitos e valores de nossa constituição, queremos a volta da paz, do trabalho e da dignidade em nossas vidas e o respeito aos princípios basilares do estado de direito e das garantias constitucionais.
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