quinta-feira, 5 de maio de 2016

OS QUATRO PODERES !

04/05/2016 

Agora, durante a revolução tecnológica, a história há que contar com certas implicações do progresso nem sempre muito boas. 

A coexistir com a velha desigualdade social, tanto interna como externa, logo a luta de classes, vão surgindo todo o dia muitas novidades. 

Considerem a forma de governar com três poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário, inspirado em Montesquieu com “ O Espírito das Leis”, ainda no século XVII. 

E nós aqui, influenciados pelos EUA, às vezes bem, muitas vezes mal, adotamos certas coisas da sua Constituição, inclusive a ideia de que o Congresso é competente para julgar o pedido de “impeachment”, o art. 86 da nossa Carta-Magna. Tudo se passa, ainda hoje, como se fossemos governados por três poderes. 

Mas, somos ?

Temo que não, que já somos dirigidos por quatro deles, se acrescentarmos o quarto poder, até então uma usurpação clara da Lei, pois a Concessão Midiática não é eleita pelo povo ou nomeada para governar. 

Mas, não governa ? 

Seria até o caso de passar a se eleger a mídia e oficializá-la como mais um poder, em função da necessidade de incluí-lo no controle do eleitor, que poderia, então, pedir o “impeachment” de um canal de TV, de uma rádio, de um jornal ou de uma revista ! 

Naturalmente não faremos como os venezuelanos e os argentinos, ao lidar com o poder dela, que não é um poder, mas que manda mais que os poderes que mandam.

Inclusive porque são aliados do capital nacional-transnacional em globalização financeira e, enquanto governo, tornar-se-iam mais patriotas...

Hoje assisti, pelo “príncipe eletrônico” de Octávio Ianni, a leitura do Relatório na Comissão Especial. 

Mas, menos pelo conteúdo, eu me fixei na forma, e, aparece-me, autoridade jurídica ex-máquina, no palco político do Senado, enquanto relatoria a votar a favor do impedimento. 
Sei que pode parecer loucura, mas para que relatoria ? Não só se pode entender que há parcialidade nela, como já há voto ! 

E, como alguns senadores observaram, o PSDB criou o processo e, então, o lidera na Comissão. 
A linguagem é jurídica, mas ele, citando Brossard, diz o processo... político. A linguagem é o economês em última análise. Afirma que fala de conteúdos e vai descendo a eles como Hércules, ou Orfeu, desceram ao Hades. 

Ressuscita, com a peroração iterativa nas câmaras, acusando a presidente e pedindo o “impeachment”. 

Cita Rui, que diria o presidencialismo sem impedimento, o imperialismo. Quando se busca chegar ao parlamentarismo, talvez com a monarquia...

O problema seria a desigualdade social e o governo procuraria resolvê-la como prioridade. Logo o arrecadado não poderia deixar de seguir o caminho das políticas sociais, das obras sociais, das conquistas trabalhistas na cidade e no campo. 

Aí vem o capital com os seus títeres e as suas máscaras políticas a se “ater à legalidade a qualquer custo” e a conspirar contra as reformas do projeto político do governo, inclusive mancomunado com o país mais rico no continente e no mundo. 

Clama pela lei e os seus conteúdos e brande a Carta contra o povo, tentando julgar acima da luta de classes. Acima da desigualdade social, em cuja aflição, o governo exercitou a inventiva que conduz às novas leis, porque da “ordem jurídica do proletariado”, e não da burguesia. Quando uma arcaica jurisprudência torna-se o círculo vicioso, é necessário desconstruir logo o velho para ir fazendo nascer o novo. Quando não se fazem as reformas porque o capital não o permite, ele que está infiltrado em todo o canto “aparelhando” o mundo. 

Jamais a presidente chamou o “impeachment” de golpe; mas deu a entender que - o seu “impeachment” o é. 

E, quando ele não ocorre isoladamente no Continente, como não senti-lo assim ? 

O arrecadado é do povo. Que povo ? Burguesia e proletariados da cidade e do campo. Quando se busca distribuir o dinheiro, há quem não o queira. Então, se vale de interpretações legais rebuscadas que passam a ecoar pela mídia, assustando os mal-acostumados aos grandes privilégios. Toda imaginação posta serviço da luta pelos mais pobres é considerada maquiagem e pontualizada como crime. 

Contudo é nesse governo que a verdadeira corrupção mais aparece e é mais combatida. Sistêmica, a criatividade a serviço do lucro máximo e imediato, a mídia o pregão do capital financeiro, ela é atributo do capital, não de governos emergentes de centro-esquerda. 

Sempre com Dilma. 



Fernando Neto
PT RJ º 1741303

Ilvaneri Penteado - Jornalista - Rio de Janeiro



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