quarta-feira, 20 de julho de 2016

Coluna do Fernando Neto : O NEGRO NORTE-AMERICANO


O negro norte-americano é a prova de que o racismo apenas aliena na categoria econômico-política.


18/07/2016

O presidente é negro, mas a maioria dos negros, como ocorre entre nós, pertence às classes mais pobres.

Se eu busco fazer aplicações marxistas ao problema, haverá quem não me compreenda. Mas eu devo continuar, pois, acho que o marxismo é um humanismo, que é expressão de profunda solidariedade com a desigualdade social inicial no planeta, que propõe a melhor alternativa para difíceis antecipações.

Não há como negar a desigualdade social escondida atrás dos conflitos “justificados” pelo racismo.

Os negros, antes escravos, hoje constituem, na periferia e nos países ricos, os proletariados externo e interno.

Os choques entre eles e a polícia nos EUA não são senão a subjacente luta de classes. Os negros podem chegar à presidência como uma exceção à regra, um “self made man” de cor que, às vezes, faz formações reativas, como já vimos em certas funcionárias do Estado.

A percepção da história do capital logo nos desvenda que o racismo, em sua alienação na economia-política, só favorece o “status quo” em que ainda se tenta sustentar o capital em crise estrutural.

Há algo da escravidão na desigualdade social, mas em relação ao trabalho, menos do que à raça.

Os negros construíram a América, e não tem direito a ela !

Se a nossa visão ética do valor coincide com o “tempo de trabalho social necessário”, se o que há de se emancipar é o proletariado e, ele, a humanidade, não há mais tanto negros ou brancos, mas exploradores e explorados.

Também aqui, como no Oriente, os conflitos não são o que parecem e o seu enigma se decifra a partir do momento em que vemos - além da raça - a classe social !

É bem verdade que os pobres são negros em sua maioria, mas não precisariam continuar a sê-lo, como nas exceções citadas, quiçá de hábil construção demagógica.

Parece mais fácil lidar com raças, etnias, nacionalidades, do que com as classes sociais.

Fácil a quem ? Em todos os lugares do mundo de hoje, não só nos EUA, a alienação na economia-política cria aparentes motivações para entravar a evolução da história do capital, levá-la a procrastinações críticas e insolúveis.

Existem as raças. Mas o que não se pode negar é a importância das classes sociais em desigualdade. Não são os negros mais numerosos entre os proletariados interno e externo, mas os proletariados interno e externo incidentalmente numeroso em negros.

Há um vínculo muito forte entre valorizar-se o trabalho e o trabalho dos negros. O negro se emancipa, ao se emancipar o proletariado. E, ao se emancipar o proletariado, emancipa-se o Homem.

É injustiça voltar olhos preconceituosos para as minhas aplicações do marxismo à história atual do capital no mundo.

Seria assim !

Fernando Neto

Ilvaneri Penteado - Jornalista - Rio de Janeiro

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