Líder do MTST, Guilherme Boulos, diz em entrevista a Mauro Donato, do Diário do Centro do Mundo, que o Senado está "cheio de canalhas que fizeram uma eleição indireta"; "Por isso a resistência vai se intensificar nas ruas", afirma Boulos, que esteve ontem na manifestação contra o golpe na Avenida Paulista; "Temer abriu um período de instabilidade e conflito social no país", diz
1 DE SETEMBRO DE 2016 ÀS 14:00 // RECEBA O 247 NO TELEGRAM
247 – O líder do MTST, Guilherme Boulos, afirmou em entrevista a Mauro Donato, do Diário do Centro do Mundo, que o Senado não tem credibilidade para decidir o futuro do País. "Ainda mais um Senado corroído pela corrupção, cheio de canalhas que fizeram uma eleição indireta", dispara.
Por isso, segundo ele, "a resistência vai se intensificar nas ruas". Boulos esteve ontem manifestação contra o golpe e contra Michel Temer que aconteceu na capital paulista e terminou em repressão pela Polícia Militar. Para ele, "Temer abriu um período de instabilidade e conflito social no país".
Leia aqui a entrevista.
Pela terceira noite seguida manifestantes reuniram-se na Paulista em protesto contra o golpe parlamentar. E na noite de ontem, os ânimos estavam ainda mais exaltados após a votação que decretou o impedimento definitivo de Dilma Rousseff. Uma goleada de 61 a 20.
Mais uma vez o roteiro foi o mesmo das noites anteriores. Saindo do MASP não se pode ir na direção da FIESP.
Os golpistas continuam ali, são donos do pedaço e intocáveis. Um claro sinal de provocação. Então logo um maciço cordão policial se forma na avenida e dali ninguém passa. Se quiser andar, a manifestação precisa ir sempre no sentido oposto.
Eram milhares de pessoas que uniram duas concetrações marcadas com poucos metros de distância entre elas. Uma no MASP e outra na Praça do Ciclista.
Guilherme Boulos estava presente e falou ao DCM:
DCM – Como viu o resultado de hoje?
Boulos – O que não podemos dizer é que o resultado não era previsível. A farsa estava montada, ali nenhum argumento funcionaria. A decisão do Senado e do Congresso já estava tomada.
Como será de agora em diante?
O Senado não tem legitimidade para definir o destino do povo brasileiro. Ainda mais um Senado corroído pela corrupção, cheio de canalhas que fizeram uma eleição indireta. Por isso a resistência vai se intensificar nas ruas.
Temer se sustentará?
Ele tem uma blindagem fortíssima, é preciso reconhecer. Tem blindagem midiática, tem apoio no Congresso, tem um bloco do empresariado sustentando o governo dele. É forte, mas não tem legitimidade social. Então abriu-se um período de instabilidade e conflito social no país.
Também repetitiva foi a atuação da polícia que, a certa altura, decide terminar com a manifestação. Resolve que deve atacar e pronto. Foi o que novamente ocorreu na rua da Consolação. Então recebemos aquela chuva de meteoros bélicos. Seis, oito, dez bombas simultaneamente vindas do céu sobre a aglomeração de pessoas desarmadas e indefesas.
Daí os olhos queimam, a garganta fecha, o oxigênio acaba. A ação violenta e repressora provoca a reação dos mais novos e mais exaltados. Agências bancárias tornam-se alvo preferido. O centro da cidade virou praça de guerra. Uma quebra na ordem, mas estamos vivenciando um golpe, qual é a ordem estabelecida num país que retira um presidente na mão grande?
Protestos ocorreram em diversas cidades ontem. Mas protestar contra o atual governo é colocar em risco sua integridade física. Se os protestos irão se intensificar como previu Guilherme Boulos é algo a conferir pois a repressão policial muitas vezes funciona. Quem tem olho tem medo de bala de borracha.
Coragem, entretanto, parece não faltar, por enquanto. E objetividade nos recados também. “Temer, seu otário. O seu governo continua temporário”, cantavam os manifestantes.
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Sobre o AutorJornalista, escritor e fotógrafo nascido em São Paulo.
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