sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Trabalhadores do transporte se articulam para greve geral



Nova plenária, marcada para dia 21 de outubro, sacramentará participação da categoria na paralisação

Escrito por: Igor Carvalho • Publicado em: 07/10/2016 - 16:32 • Última modificação: 07/10/2016 - 16:51

Durante a manhã desta sexta-feira (7), na sede do Dieese, na região central de São Paulo, aconteceu a Plenária do Setor de Transportes, que decidiu pelo apoio da categoria à greve geral. Uma nova reunião foi convocada para o próximo dia 21, para decidir os detalhes da participação do setor na paralisação.

A plenária, convocada pela CUT e demais centrais sindicais, foi precedida por uma analise conjuntural do diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio. “Desde 2008, os trabalhadores do mundo sofrem com a crise econômica que nos aflige. O Brasil conseguiu se esquivar em 2008, porém desde o ano passado sentimos os efeitos dessa crise, que já é uma das maiores de nossa história”, explicou.

Para Clemente, o avanço da direita não é um fenômeno brasileiro, ele se repete na América Latina e na Europa. “Essa mudança política cobrará severamente da classe trabalhadora as perdas provocadas pela crise”, afirmou o dirigente, que está pessimista com a retomada da economia brasileira. “No cenário mais otimista, o desemprego só voltará a crescer após a metade de 2017.”

O diretor técnico do Dieese criticou a PEC 241, que restringe os gastos do governo por 20 anos. “Ao invés do Estado brasileiro animar o mercado, o Estado brasileiro está restringindo seus investimentos. Em momentos de crise, quem anima o mercado é o Estado. Então, não há perspectiva de que a locomotiva do Estado vá puxar nossa economia”, afirmou Clemente, para quem, a possível aprovação do projeto irá causar um efeito dominó no Brasil. “Se essa PEC for aprovada, vai exigir que o governo mexa na Previdência, que deve ser votada em 2017. Aliás, assim que aprovar a PEC 241, o governo dirá que é forçado a mexer na previdência pois deve, por lei, gastar menos.”

Coordenando a mesa da plenária, o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, lembrou que “sobram motivos para uma greve geral”. “A crise econômica aprofundou o desemprego no Brasil. Com o desmonte da Petrobrás e a entrega do Pré-sal, vai aumentar ainda mais o desemprego. As reformas do Trabalho e Previdência irão ser colocadas em pauta no Congresso. Para todos os lados, quem perde é só a classe trabalhadora.”

Ainda de acordo com o dirigente Cutista, seria impossível pensar uma greve geral sem a participação do setor de transportes. “É uma categoria importante para a classe trabalhadora. Na construção da paralisação, vocês são fundamentais, só assim podemos parar o País”, encerrou.

Adesão

Durante a plenária, houveram diversas manifestações de apoio à greve geral. Entre elas, do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Intermunicipais da Bahia, através de seu presidente, Euvaldo Alves.

“Não vamos deixar de defender e participar da greve geral. Vamos para as ruas, mas é importante que haja adesão de outras categorias, a unidade é fundamental neste momento, sem ela não conseguiremos convencer a população”, afirmou o dirigente.

Roberval Place, da Federação Interestadual dos Ferroviários da CUT, falou sobre a adesão ‘a paralisação. “O importante dessa greve geral é que ela ajuda a alertar a população brasileira que ela é a vítima desse governo, não apenas a classe trabalhadora.”

Entusiasta da paralisação, o dirigente do Sindicato de Rodoviários de Sorocaba, Marcilio Jesus Garcia, pediu que os sindicalistas mobilizem suas bases. “Hoje, é o pontapé inicial para uma greve geral que defenderá a classe trabalhadora. Nós temos que ir às ruas, temos a responsabilidade de representar a classe trabalhadora, não podemos decepcionar.”

No final do encontro, Paulo João Eseausia, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Logísticos (CNTTL), defendeu a participação dos caminhoneiros na greve geral. “Temos dificuldades por conta da legislação. O problema é que a grande maioria é autônoma, então é tratada como patrão pela lei. Logo, quando paramos, é tido como locaute organizado por patrões e as multas são altíssimas. Apesar disso, iremos fechar rodovias e manter uma estratégia de paralisação que garanta uma grande adesão dos caminhoneiros”, encerrou.

INFORMA CUT BRASIL

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