quinta-feira, 6 de abril de 2017

Coluna do Fernando Neto : RAZÕES E SEM – RAZÕES

05/04/2017

A lógica do capital, entranhando a mente burguesa, distorce a realidade política. E, quanto ao “economês” do judiciário, o dito “juridiquês”, que não o é, apenas burocrático, promove circunstâncias trágicômicas. 

Destaca-se, no momento, a questão das duas delações premiadas mais recentes de João Santana e Mônica Moura. 

E elas envolvem a Lava-Jato e o julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE.

São os marqueteiros que se encarregam das campanhas, mais que os candidatos. E, no caso, as campanhas que eles fizeram – não só a da chapa em questão, não só aqui no Brasil, foi com recursos de campanha não declarados, isto é, caixa 2. 

A lógica do capital exige a “neutralidade” do judiciário, mas quem vê as coisas com a justa parcialidade da consciência da desigualdade social e pergunta-se se há, ou não há, um antagonismo moral entre o caixa 2 de direita e o caixa 2 de esquerda ?

Imagino que, com essa frase, eu provoquei arrepios de indignação na pele burguesa.

Mas tal raciocínio, avesso aos condicionamentos das “escolas sem partido”, ignorantes, portanto, da “opção preferencial pelos pobres”, negam a programática partidária dos que se elegem em nome das classes do proletariado e do campesinato.

Mas em que mundo eu estou ? O país não pode ser considerado isoladamente e o capital nacional-transnacional persiste infiltrado por todo o canto a cobrar os seus lucros.

Então, surge a "neutralidade" do poder judiciário, um “judiciário sem partido”, em que a lei sempre acaba por beneficiar a mesmice do capital.

Qual seria a mais excelente virtude dos juízes? Não seria a interpretação da lei em nome da justiça social? Não é para isso que existe o Estado?

E a lei que reza – todo o poder emana do povo – não se elevaria à jurisprudência de um – todo o poder emana de... todo o povo !?- Logo, não só da burguesia, mas do proletariado e do campesinato ?

Daí, que, para o socialista, o Estado é um mal-necessário e que em certos momentos adere ao círculo-vicioso que lhe eterniza os atuais três poderes.

Quando o Estado não se encaminha pela interpretação da lei que privilegia a justiça social está retroagindo à sua origem, ao invés de evoluir até às desconstruções que colocam em pauta a importância do trabalho em seu antagonismo com o capital.

Acabou-se o trabalho? Conversa fiada de gente dos países de capitalismo mais avançado, não dos países do “3º e 4º mundos”.

PT, é bom lembrar, é a sigla de Partido dos Trabalhadores, logo voltado para o trabalho. A sua programática, quando eleito, vai contemplar os mais pobres, porque os mais pobres é que trabalham, não são preguiçosos por inteligentes, gênios dos investimentos em capital financeiro...

Como vou dizer ? Afinal soa como uma heresia política muito grave, e até como pornografia moral, o caixa 2, com e... sem partido ?...

Isso é revolucionário demais para os ouvidos reformistas, que nem as reformas fazem.

Ah, não seria assim...

Fernando Neto


Ilvaneri Penteado - Jornalista - Rio de Janeiro

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