sábado, 29 de julho de 2017

Coluna do Fernando Neto : EUGÊNIO PACHUKANIS E EU

27/07/2017

Vou abrasileirando-lhe o nome. Mas o meu respeito e a minha admiração por ele vai crescendo, à medida em que eu vou me familiarizando com a sua obra.

Eu sou aquele que tentou definir corrupção como algo que vai da mais-valia às aventuras do capital financeiro.

E, ao saber de Lukács e, agora, de Pachukanis, acho que estou certo!

Mas, é claro, necessitava de boa companhia para defender a minha tese, aliás marxista, de alguém que se dedica ao estudo de Karl Marx.

Já, durante algumas aulas de direito constitucional e o livro de Pogrebinschi, “O Enigma do Político”, constatei a questão do “desvanescimento” do Estado nos níveis mais altos do socialismo.

Daí a percepção meio vaga de que, ao se punirem os mensaleiros, não havia uma identidade de culpas entre o núcleo político (enquanto tal...) e os outros, publicitário e financeiro.

O que Pachukanis pretende é marxista. Mas celebra a consciência do compromisso com o momento da história do capital no mundo.

O que se reflete, e refletiu, sobre nós, o círculo viciosos que nos golpeia, quer se justificar e possui as formas da justiça para tanto!

Mesmo Pogrebinschi, temo que tenha sido induzida a publicar um livro negando o “supremismo”. Ela, que eu ia recomendar para o prêmio Deutcher pelo seu livro sobre Marx, mas não pude, porque não citou lá a bibliografia de Trostki. Inibi-me, por esses e outros motivos...

E não sou da área jurídica, apenas o estudioso de Marx. Ora, nós estávamos mesmo precisando de Pachukanis ! E das aulas de Mascaro pela Internet, com a obra de Marcio B. Naves.

Inicialmente, ainda, eu diria que o marxismo entende que a história do capital desconstrói as instituições capitalistas. Que, como escreve Pogrebisnchi, o Estado “desvanesce”.

Mas não somos anarquistas, sabemos isso não ocorre assim tão fácil. Então, admitimos o Estado, sabendo não existir o Estado socialista com as suas instituições jurídicas. O socialismo reformula tudo “de cima abaixo!”

Então a jurisprudência vai se tornar a revolução.

Não consigo abandonar o texto do jovem Lukács “ Legalidade e Ilegalidade”, quanto a tal transição. Não se “ater à legalidade a qualquer custo”, nem se envolver com “ romantismo da ilegalidade”.

Mas, ressalvadas as metas socialistas, todas as instituições burguesas jurídicas não seriam suscetíveis de julgamento justo, mas segundo a “ordem jurídica da burguesia” na contradição dialética com a “ordem juríca do proletariado”. 

Entre nós, com muito “juridiquês” também, que eu considerei o mesmo “economês” de forma “pachukaneia”.

Embora o compromisso com formal alienação, aceitamos o momento histórico e temos de combater fogo com fogo. “Juridiquês” com “juridiquês”.

Quanto ao supremismo, sempre existiria de qualquer forma!

E aí entra a mídia, que é péssimo juiz, falando a mesma linguagem da alienação.

Com o dizia Heráclito de Éfeso : “ninguém se banha no mesmo rio”. 

Dizer : “a América é dos americanos”, pode esclarecer o momento político pela conspiração política.

O materialismo histórico significa movimento, etapas dialéticas. Não círculos viciosos. Não compromissos com a jurisprudência, mas esforços pela revolução. Que, como escreveu Engels, não implicaria qualquer violência desnecessária.

Seria assim ? 

Fernando Neto

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