21/09/2017
Quanto ao termo mutações é um termo
de Darwin, a que Marx pensou até em dedicar a sua obra “O Capital”.
E as conferências do ciclo não deixam de abordar o marxismo, mas sem qualquer
aderência exclusiva ou radical.
Pode-se admitir, ou não admitir, a engeliana “dialética da natureza”, mas é
mais difícil negar o materialismo dialético.
O culto da universalidade do pensamento, hoje em torno da revolução
científico-tecnológica, porém, não poderia deixar de citá-lo sem o concurso da atualização
feita pelas mentes que persistem em seu método.
No esforço de decifração de exposições complexas em sua erudição, busco
integrar ao pensamento marxista algumas anuências e outras contestações, talvez
pertinentes.
Há, ao que parece, páginas sobre o “ultrapassado” conceito de revolução,
estudado desde o étimo copernicano, até a natureza do que já padece no “par
conceitual crise/revolução” de “sinais abundantes de superação”.
A argumentação não é nova, já que desde sempre o marxismo é acusado de utopia.
Mas, agora, as acusações de estar ultrapassado no método e na pretensão de
socialismo global, decorrem do progresso e do progresso do capital em suas
muitas formas “a-dialéticas”.
Escreve, por ex., Luis Alberto de Oliveira em “Novas Configurações do mundo” :
“Como observou Valery, a humanidade se acha em risco de perder suas duas
maiores invenções, o passado e o futuro. Se, de fato, a atualidade se vê
embebida na abundância dessa lacuna, se o estado de crise se acha assimilado ao
próprio fundamento sobre o qual se instalara, talvez não seja mais o caso de
buscar-se entender esta atualidade – e seus potenciais desdobramentos futuros –
a partir do manejo e práticas pertinentes ao plexo crise/revolução, mas sim
empreender a explorações dos caminhos conceituais que se podem vislumbrar sob
uma perspectiva renovada : a da díade mutação / refundação. Para além do
momento crítico, a declinação imprevista, rumo a outras possibilidades : para
além do momento crítico, a declinação imprevista, rumo a outras possibilidades,
para além do constituído, o processo de reconstrução.(...) e seguem-se alusões
à “errância” da teoria da evolução biológica, o homem à “deriva” e o conceito
de “mutação” temo que para além da...barbárie.
Talvez isso seja tentar ir longe demais, quando a perspectiva do nosso
progresso social, atualizado o marxismo, já se propõe, com a alternativa de
Rosa Luxemburg, agora no limite absoluto do capital, no limite absoluto do
equilíbrio nuclear e no limite absoluto de desequilíbrio ecológico, já se
propõe protagonizar a barbárie.
Dizer dela não ser dialética, ou acusar Rosa de determinista por uma...
alternativa é absurdo.
Se há coincidência entre o progresso e o capital ele segue, ou não segue, para
o socialismo. No último caso, podem-se cogitar de barbáries e barbáries.
É do mesmo texto, o seguinte :
(...) Isto é, após séculos de expansão geográfica muito bem- sucedida, o
capitalismo triunfou em recobrir todo o seu domínio de operação e embeber-se
profundamente em seus próprios realizadores.
Exatamente por esse sucesso.
depara-se agora com um desafio de outra ordem: seu confronto não se dará com os
valores do trabalho, ou da ética, ou mesmo das religiões; a todos esses o
capitalismo dobrou, a todos ele assimilou. Pois o capital é o solvente supremo
: tudo que ele toca transforma em capital. Ao alcançar a escala do planeta e da
humanidade, porém, o capital se depara com uma nova alteridade: as das leis
inflexíveis da física, da química, da termodinâmica, da biologia, da ecologia.
“
Aqui eu veria a atualização do
marxismo que faz István Mészáros quando no seu “ Para Além do Capital”,
descreve a crise estrutural, diferente das de superprodução, quando ela já é
única, geral, global, irreversível e rastejante. E permaneço, ainda, não sei
por quanto tempo, admitindo a dialética das crises constatadas pelo método do
materialismo dialético.
Quanto à especialidade do físico, faria notar entre a coincidência dos limites
absolutos citados, o equilíbrio nuclear, cada vez mais numeroso e instável,
quando a acumulação do capital a virar o mundo já está a cercar os últimos
países de tradição socialista.
Não seria assim ?
Fernando Neto
O que se entende por fim da
humanidade? ou O fim do progresso como fim Luiz Alberto Oliveira.Parte superior
do formulário
Nenhum comentário:
Postar um comentário