Meu amigo,
companheiro de lutas e líder metalúrgico em Itu nos anos 1980 e 1990 Wilson
Fagundes, já falecido, tinha tiradas geniais. Dizia que em Itu tudo era grande,
principalmente o desemprego, a fome e a miséria...
Por
diversas vezes os sindicalistas comandados por Lazinho e por Wilson Fagundes
conquistaram no voto a direção do Sindicato dos Metalúrgicos de Itu,
reorganizavam a entidade, providenciavam o saneamento de suas finanças, botavam
o Sindicato tinindo. Aí vinha o Ministério do Trabalho, decretava intervenção
nos Metalúrgicos e colocava no lugar dos autênticos, notórios pelegos. Estes,
quando saiam do Sindicato deixavam-no desorganizado e com rombo nas finanças.
Em
seguida, os companheiros lutavam retomavam o Sindicato punham tudo em ordem
outra vez. Aí lá vinha nova intervenção e novo rombo nas finanças.
Na
última das intervenções, ao retornarem ao Sindicato, Wilson Fagundes colocou na fachada do prédio da sede, uma faixa onde se lia:
"Fingimos que fumos e vortemos, oi nóis aqui traveis..."
"Fingimos que fumos e vortemos, oi nóis aqui traveis..."
No
início de novembro, absolutamente contra a minha vontade, fiz uma viagem pelo
Vietnam, Combodia e Tailândia, comprada à prestação em 2016.
E
por que o cara aqui não queria ir? Porque a viagem se iniciaria em 3 de
novembro, sendo que, 7 dias depois, entraria em vigor a Deforma Trabalhista.
Tinha grandes esperanças, que não se concretizaria, dos trabalhadores reagirem
vigorosamente com greve geral por tempo indeterminado, passeata, e quem sabe,
botar para correr os seus inimigos incrustados no Executivo, Legislativo e
Judiciário... Ou seja, passarem o rodo na cachorrada como cada vez urge fazer e
de forma crescentemente radical.
Achava
que minha presença seria importante num momento de tão grave transição. Mas,
como sabemos, ainda não foi desta vez que o povo se levantou, mas, não tenho
dúvidas de que, quando não conseguirem mais colocar caroços de feijão na panela
o pau vai comer...
Logo
de cara vi que, quanto à viagem, estava redondamente enganado. Ela foi
maravilhosa. O Vietnam, segundo a opinião dos quase 30 membros do grupo de
turistas do qual participávamos, foi o país mais bonito e próspero dos três.
Muito organizado, sem violência nas ruas, logo sem polícia à vista,
possibilitava os turistas deslocarem-se à vontade e, exercerem sua função de
"compristas inveterados".
A
República Socialista do Vietnam é um pais cuja economia é capitalista, mas,
funciona num estilo aproximado da China. Nele o estado é ocupado pelo Partido
Comunista do Vietnam, partido único que exerce todas as funções pertinentes ao
estado. Existem indústrias e uma companhia aérea estatal a Aerolíneas Vietnam,
muito boa por sinal. E duas estações de TV onde a programação é dirigida à
formação política da população, Tem 90 milhões de habitantes sendo a
maior cidade a atual Ho Chi Minh, antiga Saigon, com 9 milhões de habitantes.
Cambodia
é um pais feudal, com 90% da população no campo. É monarquia constitucional com
democracia multipartidária cujo monarca Norodon Sihamoni empossado rei em 2004
por seu pai Norodon Sihanouk.
O
príncipe Norodon Sihanouk foi a verdadeira liderança política do país. Deu as
cartas lá de 1941 até 2012, sendo monarca várias vezes, colocando o pai e o
filho como monarcas quando assim o desejou, elegendo-se presidente, primeiro
ministro e exercendo todos os cargos que quis durante esse tempo todo. Uma
carreira política impressionante.
A
Tailândia também é monarquia constitucional, democracia multipartidária, com 90
milhões de habitantes, dos quais, 70% no campo. Um pais capitalista ao estilo ocidental.
Bankok, sua capital, possui 11 milhões de habitantes sendo uma São Paulo
piorada, com um trânsito infernal.
Interessante
destacar que, em todos esses países a quantidade de motocicletas, motonetas, o
antigo rikjá tocado por motoca, é impressionante, especialmente no Vietnam e
Cambodia.
A
paisagem é linda, a alimentação muito boa baseada no arroz, verduras e legumes,
e carne de porco e frango em toda a região.
Aqui
estou, novamente, para enfrentar a barra que está pra lá de pesada como todos
sabemos. Mas, como diziam os metalúrgicos do ABC nos anos 1980, "A luta
continua"!
José Augusto Azeredo
Nenhum comentário:
Postar um comentário