quarta-feira, 20 de junho de 2018

O homem e o macaco



A origem do homem ainda é muito discutida. As religiões apresentam e acreditam firmemente que o homem seria obra de uma criação divina. Como relata a Bíblia, Deus trabalhou uma semana inteira e no fim dela teria criado  Adão. E para não o deixar sozinho no Paraíso, surge a história de que ele teria mordido a maçã do pecado quando se deparou com Eva, também obra do Criador.

Daí, em seguida, se originaram Caim e Abel. Ainda na dicotomia do bem e do mal, Caim seria mau e Abel o bonzinho...

Grande parte da ciência não entende assim. Acha que o homem é a evolução de algum outro animal, no caso concreto defendido por Friedrich Engels o ser humano teria sido resultado de determinado tipo de macaco que, vendo as sementes que deixava cair ao solo germinarem e crescerem plantas que lhes dava o alimento, passou a plantar aquelas sementes daí surgindo a agricultura e o trabalho que foi aperfeiçoando o ser até chegarmos ao que somos hoje.

O trabalho é a fonte de toda riqueza, afirmam os economistas. Assim é, com efeito, ao lado da natureza, encarregada de fornecer os materiais que ele converte em riqueza. O trabalho, porém, é muitíssimo mais do que isso. É a condição básica e fundamental de toda a vida humana. E em tal grau que, até certo ponto, podemos afirmar que o trabalho criou o próprio homem  É de supor que, como consequência direta de seu gênero de vida, devido ao qual as mãos, ao trepar, tinham que desempenhar funções distintas das dos pés, esses macacos foram-se acostumando a prescindir de suas mãos ao caminhar pelo chão e começaram a adotar cada vez mais uma posição ereta. Foi o passo decisivo para a transição do macaco ao homem.  Todos os macacos antropomorfos que existem hoje podem permanecer em posição erecta e caminhar apoiando-se unicamente sobre seus pés; mas o fazem só em casos de extrema necessidade e, além disso, com enorme lentidão.

Caminham habitualmente em atitude semi-erecta, e sua marcha inclui o uso das mãos. A maioria desses macacos apóiam no solo os dedos e, encolhendo as pernas, fazem avançar o corpo por entre os seus largos braços, como um paralítico que caminha com muletas. Em geral, podemos ainda hoje observar entre os macacos todas as formas de transição entre a marcha a quatro patas e a marcha em posição erecta. Mas para nenhum deles a posição erecta vai além de um recurso circunstancial.  E posto que a posição erecta havia de ser para os nossos peludos antepassados primeiro uma norma, e logo uma necessidade, dai se depreende que naquele período as mãos tinham que executar funções cada vez mais variadas. Mesmo entre os macacos existe já certa divisão de funções entre os pés e as mãos. Como assinalamos acima, enquanto trepavam as mãos eram utilizadas de maneira diferente que os pés. As mãos servem fundamentalmente para recolher e sustentar os alimentos, como o fazem já alguns mamíferos inferiores com suas patas dianteiras. Certos macacos recorrem às mãos para construir ninhos nas árvores; e alguns, como o chimpanzé, chegam a construir telhados entre os ramos, para defender-se das inclemências do tempo. A mão lhes serve para empunhar garrotes, com os quais se defendem de seus inimigos, ou para os bombardear com frutos e pedras. Quando se encontram prisioneiros realizam com as mãos várias operações que copiam dos homens.

Mas aqui precisamente é que se percebe quanto é grande a distância que separa a mão primitiva dos macacos, inclusive os antropóides mais superiores, da mão do homem, aperfeiçoada pelo trabalho durante centenas de milhares de anos. O número e a disposição geral dos ossos e dos músculos são os mesmos no macaco e no homem, mas a mão do selvagem mais primitivo é capaz de executar centenas de operações que não podem ser realizadas pela mão de nenhum macaco. Nenhuma mão simiesa construiu jamais um machado de pedra, por mais tosco que fosse.  Há muitas centenas de milhares de anos, numa época, ainda não estabelecida em d efinitivo, daquele período do desenvolvimento da Terra que os geólogos denominam terciário, provavelmente em fins desse período, vivia em algum lugar da zona tropical — talvez em um extenso continente hoje desaparecido nas profundezas do Oceano Indico — uma raça de macacos antropomorfos extraordinariamente desenvolvida. Darwin nos deu uma descrição aproximada desses nossos antepassados. Eram totalmente cobertos de pelo, tinham barba, orelhas pontiagudas, viviam nas árvores e formavam manadas (O Papel do Trabalho na Transformação do Macaco em Homem - F.Engels)

Como vemos, a versão da "criação" do homem de autoria de Engels se afigura mais verossímil, mais científica que aquela das religiões. Pois o homem seria produto do trabalho.

Se apreciarmos a história quando nada dos últimos 3 séculos, digamos, da Revolução Industrial para cá, veremos com clareza a evolução da sociedade e do homem. O ser humano do século XVIII não é o mesmo do seguinte muito menos o dos nossos dias. É só atentarmos para o veloz e profundo desenvolvimento da ciência, da cultura, e dos meios de produção para sentirmos muito facilmente a existência de uma evolução e até de revolução transformando a sociedade e cada um de nós.

Sequer somos as mesmas pessoas que viviam nos primeiros 50 anos do século XX, nem mesmo dos últimos 20 anos. Mudaram radicalmente os trajes, os recursos científicos, os transportes, os instrumentos de trabalho, enfim, tudo. Por exemplo, no início dos anos 1980 sequer dispúnhamos de computadores, depois surgiram aquelas caixas enormes que, brincávamos depois, não tinham sequer memória e sim "uma leve lembrança". A época dos disquetes muitos sequer chegaram a conhecer.

Enfim, o mundo mudou e muito, e, apesar dos pesares, sempre para melhor. 
 José Augusto Azeredo

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