![]() |
Pessoas aguardam serem chamadas para seleção de emprego no Rio Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
|
Número de pessoas com esse tipo de contrato foi reduzido em 790 mil, em relação aos últimos três meses de 2018
RIO - A dispensa detrabalhadores temporários no primeiro trimestre deste ano foi a maior em sete anos. O grupo de empregados com esse tipo de contrato teve redução de 790 mil pessoas em relação aos últimos três meses de 2018. É no último trimestre de cada ano que ocorre boa parte dessas contratações. Eles eram 6,64 milhões de trabalhadores e caíram para 5,85 milhões na comparação entre os dois períodos.
Sem carteira: Brasileiro só consegue vaga formal após os 28 anos
Os dados são da pesquisa Pnad Contínua do IBGE , divulgada nesta quinta-feira. Desde que o levantamento começou a ser feito, em 2012, essa queda nunca foi tão grande.
SAIBA MAIS
Dentro do grupo de trabalhadores temporários dispensados no início de ano estão muitos professores do setor público, que são contratados para trabalho entre março e dezembro, a cada ano.
- É um dado que dialoga com o atual momento do mercado de trabalho, de baixa retenção de trabalhadores - diz Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimentos do IBGE.
A falta de disposição do empresariado para abrir vagas elevou o número de desempregados para 13,4 milhões e fez a taxa de desemprego subir a 12,7% nos três primeiros meses do ano.
Centenas, sob chuva, em busca de uma vaga
Na manhã desta quinta-feira, centenas de cariocas ficaram, sob chuva, em uma fila de um feirão de empregos no Bairro Engenho de Dentro, Zona Norte do Rio. O evento, organizado pela Comunidade Católica Gerando Vidas na escola de samba Arranco, começou às 10h, disponibilizando 437 vagas, nos setores de serviço e comércio.
Karina Macedo, de 24 anos, está sem emprego há um ano. A jovem, que mora em Caxias, saiu de casa às 4h da madrugada e, quando chegou à feira, a fila dobrava a esquina. Já tendo trabalhado em quatro empresas, sendo duas de carteira assinada — uma loja de varejo e uma rede de supermercado —, tem ensino médio completo e diz que vai agarrar a oportunidade que aparecer:
— Moro com meu pai, que é pedreiro, mas atualmente trabalha como auxiliar de serviços gerais, e com a minha mãe, que é diarista. Eu quero fazer faculdade de pedagogia. Mas, por agora, aceito o que aparecer porque emprego está bem difícil.


O desemprego levou centenas de pessoas para fila, hoje, no Rio, em busca de uma vaga. Dispensa de trabalhadores temporários no início de 2019 foi a maior em sete anos, segundo dados da Pnad Contínua, do IBGE Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Desempregado há três meses, Marlon dos Santos, de 26 anos, já passou por outros processos seletivos para tentar uma recolocação no mercado de trabalho, mas não conseguiu as vagas devido à exigência de experiência. Ele cursa ensino superior em Gestão de Recursos Humanos e mora com a avó, que sustenta a família com uma pensão que recebe no valor de um salário mínimo.
— Já atuei em telemarketing e gostaria de achar um emprego na minha área, Gestão de RH, mas a vaga que não exigir experiência é a que vou me candidatar — afirmou o jovem.
Pelas contas do coordenador da comunidade católica organizadora do evento, Paulo Vasconcellos, cerca de 600 pessoas compareceram ao evento em busca de emprego:
— Esse número todo é um recorte do que passa o país. As pessoas esperam a retomada do crescimento da economia.
Na próxima semana, a comunidade Gerando Vidas irá organizar três eventos com 1200 vagas no total. Na terça-feira, acontecerá no Sindicato de Telefonia do Rio (Sinttel Rio), no Maracanã; na quinta-feira, no Mercado Extra de Irajá; e na sexta-feira, novamente na Escola de Samba Arranco, no bairro Engenho de Dentro.
Desemprego avança em 13 estados
O desemprego cresceu em 13 estados brasileiros mais no Distrito Federal no primeiro trimestre do ano, segundo dados divulgados nesta quinta-feira. As maiores taxas foram observadas em Amapá (20,2%), Bahia (18,3%) e Acre (18,0%). As menores taxas foram registradas em Santa Catarina (7,2%), Rio Grande do Sul (8,0%) e Paraná e Rondônia (ambos com 8,9%). No Rio de Janeiro o índice ficou estável.
Queda na renda: Crise empurra 1 milhão de famílias para classes D e E
As maiores taxas foram observadas em Amapá (20,2%), Bahia (18,3%) e Acre (18,0%). E as menores foram observadas em Santa Catarina (7,2%), Rio Grande do Sul (8,0%) e Paraná e Rondônia (ambos com 8,9%).
A taxa cresceu, na passagem de trimestre em Acre, Goiás, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Mato Grosso, Distrito Federal, Tocantins, Espírito Santo, Minas Gerais, Pará, Ceará, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. As maiores variações, em relação ao trimestre anterior, foram em Acre (alta de 4,9 pontos percentuais), Goiás (+2,5) e Mato Grosso do Sul (+2,5). Nas outras 13 capitais, incluindo o Rio, a taxa ficou estável nessa mesma comparação.
Com relação ao primeiro trimestre do ano passado, só quatro estados tiveram alta na taxa: Roraima, Acre, Amazonas e Santa Catarina. Ceará, Minas e Pernambuco tiveram queda na taxa e, nos demais, ela ficou estável.
O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário