domingo, 30 de junho de 2019

“Democracia em Vertigem” é o relato pessoal de um país destruído.


O filme mais falado do momento – pelos seres humanos que ainda acham que Galileu Galilei tem razão pois o planeta continua redondo – com certeza é “Democracia em vertigem”, dirigido por Petra Costa.


O filme mais falado do momento – pelos seres humanos que ainda acham que Galileu Galilei tem razão pois o planeta continua redondo – com certeza é “Democracia em vertigem”, dirigido por Petra Costa.

A narrativa é uma leitura pessoal, com recortes de arquivos e lembranças familiares dos anos de chumbo e da repressão na ditadura militar no Brasil dos anos 70, em paralelo à deposição recente da presidente Dilma Roussef, somados à condenação e encarceramento de seu antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O filme pode até ter seus deslizes ou leituras ingênuas do processo, mas no cerne tem um propósito virtuoso e impactante.

Está sendo exibido na gigante Netflix e conta como os oligarcas e representantes da elite política tupiniquim, de mãos dadas com os setores mais conservadores e atrasados dos políticos religiosos, não se adaptaram à forma mais popular/populista e inclusiva de governos sucessivos de 2002 a 2016.

Deixaram o povo votar e foram esmigalhados nas urnas, afinal a voz do povo é soberana, certo?

Em tese, sim. Na prática, tivemos uma degustação de 14 anos que não foi palatável aos “grandes interesses democráticos” e resolveram mudar o rumo do processo drasticamente.

“Democracia Em Vertigem” poderia ter inúmeras sequências na agenda de seus produtores, pois do seu lançamento até agora tivemos vazamentos de áudios das conversas de Sergio Moro e seu meninão Deltan Dallagnol.

As mensagens comprometem a integridade jurídica no seu curso e desmascaram a perseguição implacável a Lula, em contraponto à aplicação de panos quentes a FHC e companhias belas do PSDB.

O golpe foi escancarado e precisava ser documentado.

Agora só o tempo vai dizer que tipo de sequência a diretora vai decidir filmar, pois a “nova ordem” encarnada por Jair Bolsonaro quer criar uma narrativa segundo a qual 1964 foi um movimento popular e que tortura era instrumento de pacificação nacional.

A música tensa e triste de uma despedida costura os acontecimentos e relatos muito bem editados de nossa recente, curta trágica história democrática.

Ficou o registro e esse foi o maior trunfo do projeto.

Parabéns, Petra, sua mãe ficará orgulhosa.

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