O alagoano protagonizou alguns dos episódios mais conhecidos da luta armada contra a ditadura militar no Brasil / Foto: Jornal A Verdade
Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz, ou Comandante Guilherme Clemente, faleceu neste sábado (29), em Ribeirão Preto (SP), onde vivia com sua companheira, a historiadora Maria Cláudia Badan Ribeiro, e vinha lutando contra uma doença nos últimos anos.
O homem que a ditadura nunca conseguiu capturar foi sucessor de Carlos Marighella e Joaquim Câmara Ferreira no comando da guerrilha Aliança Libertadora Nacional (ALN) – um dos principais movimentos armados de resistência à ditadura militar brasileira, nas décadas de 1960 e 70.
Carlos Eugênio era alagoano, mas cresceu no Rio de Janeiro, tendo estudado no colégio federal Dom Pedro II. Além dos assaltos a bancos para financiar a luta contra a ditadura, um dos episódios mais conhecidos de sua atuação como guerrilheiro foi a execução do industrial dinamarquês Henning Boilesen, em São Paulo (SP), no ano de 1971. Boilesen era conhecido por ser espectador assíduo de sessões de tortura contra presos políticos praticadas nas dependências do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI).
Perseguido pela ditadura, em 1973, Clemente vai para Havana, Cuba, e de lá segue para a União Soviética e França. No retorno ao Brasil, no início dos anos 1980, passa a atuar como professor de música. Escreveu dois livros – Viagem à luta armada (1996) e Nas trilhas da ALN (1997) – e foi tema de um documentário, dirigido por Isa Albuquerque – Codinome Clemente (2018). Foi filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), de Miguel Arraes.
“O quadro é irreversível. Ele se vai como viveu a vida: com coragem. Obrigada a todos que por todo lado nos deram força e nos reconfortaram. Vou viver a passagem dele assim, segurando a mão dele e sussurrando bem em seus ouvidos todo amor que tenho por ele”, disse sua companheira Maria Cláudia, na mensagem sobre a partida de Carlos Eugênio, vítima de falência respiratória.
Sul21
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