A jornalista Tereza Cruvinel, mui sabiamente, escreve hoje em sua coluna no Brasil 247:
No final de 1963 e começo de 1964, a conspiração contra a democracia era febril, envolvendo as Forças Armadas, as elites nacionais e poder norte-americano, mas liberais e progressistas se iludiam com a resistência que viria do suposto "dispositivo militar" anti-golpe do presidente João Goulart. Deu no que deu. Agora há um golpe anunciado e novas ilusões: diz-se que as instituições vão funcionar e que os militares da ativa não embarcarão em uma aventura com Bolsonaro. Não é possível que repitamos o erro de 64. O STF não pode fraquejar, não pode ser deixado só, e o Congresso precisa ir além dos panos quentes.
Entendo que ela tem plena e total razão no que escreveu.
Os que viveram aquele período equivocado e triste de nossa história sabem muito bem disso.
O PCB estava prenhe daquilo que chamamos de "ilusão democrática", e seu Secretário Geral, meu particular amigo e camarada Luiz Carlos Prestes nem se fala. Chegou a discursar: "se os golpistas colocarem a cabeça de fora, nós a cortaremos".
O amigo Brizola, tão iludido quanto, pregava uma revolução para derrubar ninguém menos que seu cunhado Jango, então presidente da República..
Comunistas e brizolistas acreditavam piamente no hipotético "dispositivo militar" apregoado, e que seria também comandado pelo fanfarrão General Assis Brasil.
Apesar das marchas das senhoras de Santana, das ações do IBAD e outras cositas mas, acreditavam que o empresariado estava de seu lado, quando já haviam desembarcado dessa canoa, para não falar da classe média que temia mais que tudo o avanço do proletariado.
Os que tínhamos a cabeça em cima do pescoço procuravam alertar esse povo que ele estava na contramão. Mas, debalde, a fanfarra e a total ilusão democrática não dava espaço para reflexões sensatas.
E aí o General Mourão desceu de Juiz de Fora para o Rio passando o rodo.
No dia seguinte, dizem as más línguas que o compadre Kruel, mediante a visão de algumas malas recheadas de dólares trocou de lado apesar de pouco antes ter jurado fidelidade ao seu compadre Jango.
O velho Ademar de Barros, governador de São Paulo, vendo isso, pulou rapidamente no colo dos golpistas.
Estava aí fechado o cerco.
As chamadas "ilusões democráticas" não tiveram outro caminho senão afundar no brejo...
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Hoje, vivemos situação um pouco semelhante.
Como a covid não deixa quase ninguém ir para as ruas, ou seja, o proletariado está contido em suas ações políticas, pelo menos por enquanto, com exceção da torcida corintiana e dos anti-golpistas de Porto Alegre, nossos jornalistas e intelectuais democráticos colocam suas fichas no Judiciário e nos Parlamentares.
Alguns acham ainda que, o empresariado industrial, dado a concorrência forte das empresas imperialistas e da atividade da CIA aqui, também fecharia contra os atuais fascistas.
Outros ainda acreditam nos militares democráticos que não endossariam o que acontece hoje no Brasil.
Embora eu não acredite piamente nisto, desejo e faço votos que eles tenham razão!
Zé Augusto
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