Três mandatos como vereador em Belo Horizonte, quatro como deputado estadual e hoje deputado federal.
06/06/2020 - 19h11
Rogério Correia, da esquerda do PT, é um dos mais combativos parlamentares do Congresso, com profunda ligação com os movimentos sociais de Minas Gerais.
Em 2011, por denunciar as falcatruas de Aécio Neves e seu entorno, ele correu o risco de ser cassado na Assembleia Legislativa mineira depois de uma ação casada entre a família Neves, a revista Veja e o diário conservador O Estado de Minas.
Ele conseguiu escapar graças a um laudo da Polícia Federal comprovando que a Lista de Furnas, que registrava contribuições de caixa dois para a turma de Aécio, não havia sido forjada, além da solidariedade de colegas como Sávio Souza Cruz (MDB-MG) e reportagens-denúncia, dentre as quais as da mais premiada jornalista em Saúde do Brasil, Conceição Lemes, aqui mesmo no Viomundo.
Nesta entrevista em três partes, desde o isolamento social em Belo Horizonte, perguntamos ao deputado se ele pretende sair às ruas contra Jair Bolsonaro.
Rogério argumenta que não se trata de uma opção, mas de uma necessidade.
Bolsonaro, na avaliação dele, está “apertando o passo” para reabrir a economia e prestar favores à elite aprovando o mais rapidamente possível pautas demolidoras para os movimentos sociais mas que agradam a elite — na Saúde e na Educação.
Isso, em tese, poderia rachar o bloco que está se formando de oposição a Bolsonaro.
O deputado ouviu do ex-ministro da Saúde Arthur Chioro a previsão de que o Brasil terá cerca de 120 mil mortes causadas pela pandemia da covid-19 e acredita que milhões eventualmente sairão às ruas contra o governo Bolsonaro.
Neste caldo de cultura criado pelo descaso com a Saúde pública e o arrocho dos mais pobres, Correia acredita que só o povo na rua será capaz de evitar uma aventura autoritária do Planalto, que conta com amplo apoio no estamento militar.
“Para exercer isso, só com ditadura, só com autoritarismo, por isso ele coloca os fascistas nas ruas para ir ocupando, tentando com isso desmanchar o STF, o Congresso — e olha que é um STF conservador e um Congresso conservador”, diz Correia.
“Nós não podemos apenas permanecer em casa”, acrescenta.
Sobre a suposta intenção dos liberais, de esperar até o ano que vem para cassar a chapa Bolsonaro-Mourão, provocando eleições indiretas no Congresso, o deputado acha que pode ser tarde:
“O problema é que não se pode esperar e contar com o ovo na galinha. O Bolsonaro não está parado, não está morto, isso tudo que você vê ele está planejando. Ele pode aplicar um golpe durante este período antes da gente conseguir tirar ele de lá”.
Correia apoia a PEC 227, de Miro Teixeira (Rede-RJ), que prevê eleições diretas 90 dias depois da vacância do cargo do presidente e do vice.
Vale a pena ouvir a breve entrevista do deputado a respeito.
Viomundo
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