O ex-ministro da Saúde Nelson Teich afirmou que o Brasil não possui "planejamento, estratégia, liderança, coordenação e informação" para enfrentar a pandemia. "Liderança não é uma coisa que você consegue por decreto, precisa ser legitimada”, disse
26 de dezembro de 2020, 07:24 h Atualizado em 26 de dezembro de 2020, 07:24
247 - O ex-ministro da Saúde Nelson Teich disse que o governo não tem "planejamento, estratégia, liderança, coordenação e informação” para enfrentar a pandemia e que até as “coisas boas” somem em função da “guerra política” criada em torno da crise sanitária. “Já devemos ter chegado a 220 mil mortos, porque há uma subnotificação”, alertou.
“A Covid-19 suscita uma cooperação em todos os níveis. E o que o Brasil não tem é planejamento, estratégia, liderança, coordenação e informação. Isso não é uma coisa deste governo, deste ministério. É uma coisa que foi se estruturando ao longo de décadas. Quando ocorre uma sobrecarga como essa, ela realça as fraquezas. Liderança não é uma coisa que você consegue por decreto, precisa ser legitimada”, disse Teich em entrevista ao jornal O Globo.
“Chegamos agora a um cenário parecido com o início da pandemia, com problemas de falta de equipamentos. Já devemos ter chegado a 220 mil mortos, porque há uma subnotificação”, completou. O ex-ministro destacou que o Brasil não possui um conjunto de ações para enfrentar o avanço da Covid-19. “Falta de tudo: planejamento, estratégia, liderança, coordenação e informação. Tudo isso aí não é uma coisa só. As pessoas falam de temas como se fossem uma bala de prata”, afirmou.
“Os países que tiveram grande controle foram os que conseguiram evitar casos novos. Tem países que fizeram coisas diferentes e deram certo. É um conjunto de ações. Tem que ter diálogo imenso com estados, municípios, uma comunicação com a sociedade forte. Por isso, estratégia e planejamento são fundamentais”, justificou.
Segundo ele, a forma como Jair Bolsonaro abordou a crise acabou prejudicando a disseminação de informações para combater a pandemia. “Numa situação como essa, você tem que ter uma coordenação em linguagem única máxima. Toda vez que você tem um conflito de informações, de mensagem, de posicionamento, você confunde as pessoas. Não ter uma comunicação alinhada, forte, todo mundo mandando a mesma mensagem, dificulta o combate à pandemia, claramente”, afirmou.
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