Jornal paulista que acusa Lula (PT) de não ser “republicano” tem histórico golpista, que vai do integralismo, fascismo brasileiro, ao golpe contra Dilma em 2016
13 de fevereiro de 2022, 15:15 h Atualizado em 13 de fevereiro de 2022, 16:47
Juca Simonard, 247 - O jornal O Estado de S.Paulo, tradicional órgão da burguesia paulista, aproveita o ano eleitoral para todo domingo escrever um editorial contra o ex-presidente Lula e o PT — que já foram acusados de serem ‘antidemocráticos’, burocráticos, entre outras acusações. Neste domingo, Lula foi acusado de não ser republicano.
“Tanto na oposição como no governo, a legenda de Lula nunca quis um Estado verdadeiramente republicano. Sempre foi contrária a toda e qualquer modernização, a toda e qualquer melhoria institucional que pudesse contribuir para a independência dos órgãos técnicos”, diz o editorial.
As declarações, vindas do jornal, são, no mínimo, cínicas. O ‘Estadão’ tem um histórico antigo de apoio a golpes de Estado e medidas ‘antirepublicanas’ e ‘antidemocráticas’. Começando com o ano de 1938, quando a Associação Integralista Brasileira (AIB), partido fascista inspirado no ditador italiano Benito Mussolini, promoveu um levante para derrubar o governo de Getúlio Vargas, que havia fechado o regime com o Estado Novo, em 1937.
A enciclopédia de verbetes da Fundação Getúlio Vargas destaca que o plano golpista do integralismo “articulava o general Castro Júnior e o grupo civil, integrado pelo proprietário de O Estado de S. Paulo, Júlio de Mesquita Filho, [...]”.
A atuação da família Mesquita na tentativa de golpe fascista em 1938 é corroborada pelo site oficial do integralismo brasileiro. Explicando sobre o movimento liderado por Plínio Salgado, chefe dos fascistas brasileiros, o artigo ressalta que os “integralistas se articulavam com o General Flores da Cunha, em seu exílio no Uruguai, e com o grupo do Sr. Júlio de Mesquita Filho, na Capital Paulista”.
O Estado de S.Paulo também foi ativo na campanha golpista contra Getúlio Vargas na década de 1950, participando ativamente da campanha contra a nacionalização do Petróleo brasileiro, ponto central da política do governo na época através da campanha “O Petróleo é nosso”.
Como bem lembrou Lula em entrevista à imprensa progressista e independente no dia 19 de janeiro deste ano: "como não queriam deixar, em 53, que a gente tivesse petróleo, porque era melhor, diziam na época, importar dos Estados Unidos. É só pegar o editorial do Jornal O Estadão da época. Você pensa que o Estado é conservador agora que ele está pequenininho? Não, ele era conservador na época já, em 53”.
O 'Estadão' também defendeu o golpe militar de 1964 contra o governo de João Goulart. Defendeu a imposição da ditadura mais brutal que o País já conheceu, que cassou direitos políticos e colocou o Brasil na mão de torturadores e assassinos por mais de 20 anos.
Na história recente do Brasil, o Estado de S.Paulo fez parte do cartel da imprensa golpista — denominado de Partido da Imprensa Golpista (PIG) pelo jornalista falecido Paulo Henrique Amorim — para derrubar Dilma Rousseff através do impeachment sem crimes de responsabildiade, portanto, ilegal, como reconheceu recentemente o presidente do Tribunal Superio Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso.
Desta forma, participou também da campanha que impulsionou a Lava Jato e o ex-juiz, declarado parcial pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Sergio Moro, para prender Lula sem provas e com a participação dos Estados Unidos (EUA). Provavelmente o maior crime de lesa a pátria dos últimos anos no Brasil, a Lava Jato prendeu opositores políticos à mando de uma nação estrangeira, destruiu a economia brasileira, jogou milhões de trabalhadores no desemprego e colocou no governo o fascista Jair Bolsonaro (que o 'Estadão' apoiou em 2018 no editorial “Uma escolha muito difícil”).
Antes do ‘Estadão’ criticar a suposta falta de democracia dos outros, deveria olhar para sua própria história, repleta de golpes, apoio a fascistas e torturadores, e em defesa dos interesses do imperialismo contra o Brasil.
Brasil 247
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