quarta-feira, 6 de abril de 2022

Crescer no Brasil faz mulheres nem perceberem que são vítimas de tantas violências, afirma ativista

Trinta por cento das mulheres brasileiras já foram ameaçadas de morte por seus parceiros ou por seus ex-companheiros. Uma em cada seis mulheres já enfrentou uma tentativa de feminicídio. Esses números de uma pesquisa dos institutos Patrícia Galvão e Locomotiva mostram apenas uma face das violências sofridas pelas mulheres no Brasil.



Cyntia de Lábio, líder do comitê de Combate à Violência contra a Mulher do grupo Mulheres do Brasil, o problema da violência é uma questão estrutural no país.

“O Brasil é historicamente um país machista e patriarcal, e todas as nossas relações humanas estão baseadas nesta cultura”, afirma a ativista. “E crescer em um país com esta cultura faz a gente se acostumar. Então, muitas das mulheres não percebem que estão sendo violentadas.”

Isso é resultado da normalização da violência no cotidiano. Se um grito, um xingamento, a subestimação das mulheres e mesmo um puxão de cabelo acontecem sem causar espanto, muitas mulheres acabam considerando atos assim como apenas um dia ruim.

“Quando você é uma menina e cresce em um ambiente familiar, com pai, mãe, avó, tio, se as relações familiares já são violentas, o pai bate na mãe. Os homens são pessoas imperativas, dominantes. Se o pai é o único que controla o dinheiro da casa, aquela criança cresce com esta referência. E depois quando ela vai se relacionar, ela acaba duplicando essa referência”, explica.

A sensibilização das múltiplas formas da violência contra a mulher é um dos eixos em que age o grupo Mulheres do Brasil.

Cyntia De Lábio destaca que a Lei Maria da Penha garante a proteção da mulher contra cinco tipos de violência: física, sexual, moral, psicológica e financeira. “Todos esses tipos de violência podem ser denunciados. E a mulher pode pedir uma medida protetiva contra o agressor”, informa.

Para as vítimas, a chamada telefônica para a central 180 ainda é a principal referência. Esse número recebe denúncias 24 horas em qualquer parte do Brasil. As delegacias de polícia, as defensorias públicas e os CRAS (Centros de Referência de Assistência Social) também podem ser procurados em caso de violência.


// RFI



CIBERIA

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