terça-feira, 10 de maio de 2022

Mobilização popular é antídoto contra o golpe

Ato pelo impeachment de Jair Bolsonaro (Foto: Mídia Ninja)

"O presidente, percebendo a derrota, vai aprontar muito nesses cinco meses. Mas o antídoto para o seu golpe está nas ruas", escreve Helena Chagas


9 de maio de 2022, 11:34 h Atualizado em 9 de maio de 2022, 18:45

Por Helena Chagas, para o Jornalistas pela Democracia
Golpes contra a democracia não costumam ser bem sucedidos sem apoio da sociedade, ou de setores significativos, como a classe média que foi às ruas em 1964 em suas marchas. Não é provável que Jair Bolsonaro leve às ruas, antes ou depois da eleição, mais do que um punhado de sua milícia troglodita, ainda que barulhenta e armada, para apoiar eventual medida de exceção contra as eleições ou seu resultado.
As chances de sucesso do golpe são inversamente proporcionais à quantidade de pessoas que a oposição - no caso, a campanha do ex-presidente Lula - conseguir mobilizar em torno da candidatura do petista país afora em sua defesa e da democracia. Quanto mais movimento Lula fizer, galvanizando apoio pelos estados em visitas, eventos e comícios, mais difícil ficará para Bolsonaro desferir seu golpe.

Pode ser até que a cúpula das Forças Armadas hoje seja bolsonarista. Mas não é louca, e não arriscará a instituição - e a pele - botando seus blindados nas ruas para combater uma grande massa defendendo a realização das eleições ou o voto que acabou de digitar na urna eletrônica se Bolsonaro tentar desrespeitá-lo.


Lula já percebeu isso há tempos, e no discurso repleto de recados em que lançou sua candidatura, no sábado passado, foi muito claro: "A partir de agora, se preparem, porque nós vamos começar a percorrer esse país. Nós queremos muita gente na rua, muitos aliados".

Mais adiante, pontuou que não vai estimular confrontos e que quer fazer valer a vontade da maioria numa campanha com pitadas de emoção, no estilo "paz e amor": "Ninguém pode ter medo de provocação! É proibido ter medo de provocação. É proibido ter medo de fake news. É proibido ter medo de provocações via zap, via Instagram. Nós vamos vencer essa disputa pela democracia distribuindo sorrisos, distribuindo carinho, distribuindo amor e criando harmonia".

Ainda estamos na largada das campanhas, e certamente o presidente da República, percebendo a grande possibilidade de derrota, vai aprontar muito nesses cinco meses. Mas o antídoto para o seu golpe está nas ruas. E o conceito que usamos aqui vai bem além da Paulista e do Largo do Batata, e nem abrange somente a presença física das pessoas nas ruas.

Na rua hoje em dia também está nas redes, nos eventos menores, na movimentação dos jovens que foram de inscrever para votar pela primeira vez e numa infinidade de formas de representação pelas quais a população pode fazer valer sua vontade e seu voto.


Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.


Brasil 247

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