domingo, 5 de maio de 2024

Quando Mito Provocou Congestionamento


Conheci Mito no Sindicato dos Bancários RJ no início dos anos 60. Tempos vigorosos de eperança, ideologia, luta. 

O futuro parecia próximo e alegre. A vitória do socialismo era inabalável certeza. Ele era o mais discreto diretor do Sindicato., e talvez o mais eficiente. Mesmo quando os debates acalordos da assembléia ou reunião estavam na tempertura de explosão. Mito mantinha a serenidade e a impunha aos companheiros. E principalmente, soltava sua inimitável risadinha, uma espécie de sorriso aberto, levemente sonoro, discreto, plenode significados, portanto misterioso. Enfim um toque que revelava resquícios de toda milenar sabedoria de seus antepassados orientais.

O golpe militar de 1964 interviu no Sindicato (assim como em todas organizações democráticas). O banco onde trabalhava há anos e tinha estabilidade não poderia demiti-lo. Então optou pelo castigo. Transferiu Mito para uma cidadezinha mineira. Era tão pequena, que seus moradores nunca tinham visto um oriental. E nosso sereno Mito se transformou em atração turística. O pessoal da zona rural vinha para a cidade especialmente para conhecer o japonês. E a pacata Nova Resende tinha enfim uma rua congestionada de gente, carroça,caminhote, carros, exatmente em frente da agência bancária onde ele trabalhava. E o melhor da história, o tiro saiu pela culatra para os patrões. Mito conheceu Maria Helena, a moça mais bonita, simpática, inteligente, enfim o melhor partido da cidade. Se casou com ela e tiveram a encantadora Patrícia.

Hoje a pessoa do Mito não está entre nós. Mas continua em nossa memória, sua integridade, coragem, a lealdade, consistência ideológica, espírito de luta, alegria, capacidade de liderança, de doação, afeto, senso de humor. /e sabemos que no espaço indefinido de nossa saudade sua risadinha será eterna.
Ilvaneri Penteado
Jornalista
Asteca Contabilidade e Assessoria

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