Em fevereiro de 2020 escrevi eu pequeno texto onde dava conta da pressão de Bolsonaro sobre o então ministro da economia Paulo Guedes para que o PIB (Produto Interno Bruto) de 2020 atingisse pelo menos 2%.
Edilmo Lima(08/10/24)
Mesmo sendo um tosco em quase tudo e em economia principalmente, Bolsonaro sabia que fazer lives semanais nas redes sociais, criar polêmica, “bater pandeiro para maluco dançar” e distrair a massa, isso tudo tinha prazo de validade.
Bolsonaro tinha claro que os malucos bolsomimions iam continuar dançando e achando divertido suas lives semanais e suas pataquadas e continuariam gritando mitoooo, como o tempo confirmou isso. Mas que a imensa maioria da população queria saber de coisas reais do dia a dia, da sua vida, como emprego, saúde educação, custo de vida etc..
À época eu achava que, dentre as variáveis que sustentam um governo, o crescimento do PIB, a inflação e o índice de desemprego, claro, aliados à distribuição de renda outras políticas públicas, dariam sustentação e grande apoio ao governo no plano federal, que refletiria, por consequência, nos planos locais (estados e municípios).
Essa situação (de apoio) começa a mudar a partir das famosas jornadas de junho de 2013, onde a direita começou a sair do “armário” e colocar a manguinhas de fora e tomando as ruas, o que culminou na deposição da Presidente Dilma
Só resgatando um pouco, o governo Lula (e a Dilma), tinham popularidade alta quando esses índices (inflação, crescimento e emprego) estavam bons.
Lula começou seu mandato com um crescimento de 1,14% em 2003 e terminou em 2010 com 7,53%, tendo, em oito anos, uma média de 4,04% de crescimento.
Mesmo a Dilma, criticada pelo “pibinho” teve uma média de crescimento de 2,35% no seu primeiro mandato. E, mesmo com um alto nível de emprego em 2014, só 4,5% de desemprego, Dilma quase que não se reelege.
Depois, no segundo mandato, aí já caminhando para um modelo mais liberal ainda, com erros na política econômica, forte apego ao “fiscalismo”, com a nomeação de Joaquim Levy para a economia somados à perda completa de apoio no Congresso, o resultado todos nós sabemos, foram oito longos anos de retrocesso, até a eleição de Lula.
A direita ganha narrativa
A percepção, a politização, capitalizada pela direita começa a aflorar a partir de 2013.
Em janeiro de 2024, portanto há 10 meses, o ex-ministro Zé Dirceu apontava em entrevista a podcast do PT que o Brasil "está muito politizado e em disputa político-cultural"
“A direita está ganhando a disputa política e cultural no Brasil, e elencou que PL, PP, Republicanos, União Brasil e PSD como partidos que estão ficando fortes e construindo novos diretórios pelo país” – afirma Dirceu
E todos nós percebemos que, além desses avanços institucionais da direta, eles também ganham, e de longe, a militância política nas redes sociais e nas ruas.
Hoje a direita consegue mobilizar muito mais gente, coisa impensável anos atrás.
Esquerda envergonhada
Ontem (7), o professor, filósofo e jurista Alysson Mascaro, em entrevista ao jornalista Leonardo Atthuch da TV 247, afirma, de forma bastante contundente, que a esquerda sofreu um stryke nessas eleições.
Lembra o professor que nessa eleição municipal revela um sintoma, mas que é menos importante do que um quadro geral que não vem de agora, a questão que esse é o padrão que se alicerçou no Brasil e grandes sociedades capitalistas.
“Sociedades esgarçadas pelo neoliberalismo pós-fordista, a única voz que clama e recebe eco é a voz da extrema direita.
Quando as posições de esquerda renunciam a falar que são de esquerda, aí a isso de dá o stryke total.
No mundo inteiro não há uma pronúncia firme e clara do que seja esquerda. O que passa por esquerda hoje no mundo é o liberalismo e o liberalismo e neoliberalismos são a mesma coisa e o povo odeia a situação de mundo liberal.
O que se chama de esquerda nos Estados Unidos e no Brasil, Partido Democrata lá e as esquerdas no Brasil, são hoje os defensores da ordem e o povo não suporta mais a ordem.
Então, nós estamos produzindo uma sociedade inteira nos EUA, na Argentina, na América Latina, na Europa e no mundo todo para a extrema direita.
Esse é o fenômeno fundamental e não é de agora, aconteceu em 2022, 2020, 2018 e assim sucessivamente.
O professor acrescenta que nós precisamos pensar a forma do que é ser de esquerda, e porque o povo odeia a esquerda e prefere a direita”.
A direita politiza
Hoje há uma inversão. Se antes era a esquerda que tinha foco na politização, hoje essa tática pertence mais à direita.
Por isso, cidades governadas pela esquerda que entregaram muito à população, ou perderam, como é o caso de Araraquara, ou ainda não perderam, mas estão com dificuldades, como é o caso de Diadema (escrevo esse texto entre o primeiro e o segundo turno).
O que vemos é boa parte da população não dando tanto importância a resultados como antes, mas levando em consideração o posicionamento político na hora de escolher.
Por isso, que mesmo a economia indo bem, com inflação controlada, desemprego baixo e com crescimento razoável, isso não se reflete mais, automaticamente, em popularidade para o governo Lula.
Diante dessa situação o professor Mascaro propõe uma postura de esquerda sem envergonha-se. Tipo nós somos de esquerda sim e deixar claro que defendemos uma sociedade justa e que a direita, ao contrário quer manter privilégios, corte de políticas públicas e direitos.
Ele cita o exemplo de, nos debates em São Paulo, o P. Marçal atacar a esquerda, via um tal consórcio comunistas e o demais baixarem a cabeça e não ir para o debate.
Óbvio que o datenas e os nunes da vida não iam entrar nesse debate até por convicção, mas mesmo o Boulos ficou de cabeça baixa e boca fechada.
Asteca Contabilidade e Assessoria
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