Edgar Roquette - Pinto ( 1884 - 1954), o pai do Rádio no Brasil.
Escrevo, assim, caro leitor, lembrando o nome do pai da rádio-difusão no Brasil. Pode-se dizer que ele foi o mentor desse grande meio de comunicação e educação no Brasil. Fundou e dirigiu a pioneira Rádio Sociedade do RJ , em 1923, depois transformada em rádio MEC. Rádio que revolucionaria a transmissão da cultura, entretenimento e informação. A Música Brasileira deve muito da sua “Época de Ouro” à rádio. Em 1934, Roquette-Pinto fundou a Rádio Escola Municipal do Rio de Janeiro, atual Rádio Roquette-Pinto, que mantém até hoje uma programação própria, com jornalismo e música brasileira de todos os gêneros, sem perder o foco educativo.
Roquette-Pinto foi médico, professor, antropólogo, etnólogo e escritor. Em 1917 publica um grande clássico da antropologia brasileira “Rondônia”, fruto da sua participação no projeto Rondon.
Um grande nacionalista e positivista . Faz parte daquelas pessoas que amam o Brasil profundamente. Ele, Rondon, Teodoro Sampaio, Euclydes da Cunha e outros que deixaram sua marca de amor por esse grande país que conheciam como ninguém.
Desejo falar, hoje, de um outro grande livro escrito por Roquette-Pinto: “Seixos Rolados”, de 1927. Um livro de estudos brasileiros. Um livro de amor o Brasil. E fala de grandes naturalistas, do poeta Vicente de Carvalho, de etnografia, dos segredos das Uiaras e muito mais.
De Euclydes da Cunha, foi o escritor que vi falar com maior paixão e profundo conhecimento. Em “Euclydes da Cunha Naturalista” (pp 263-303 op. citada) eu deixo falar Roquette-Pinto como se houvera transmitido emocionado em alguns daqueles seus memoráveis programas em ondas Hertzianas de uma rádio educativa: eu disse: rádio que educava o Brasil:
“Não há, nem houve, e nunca haverá quiçá, quem descreva a natureza do Brasil de maneira tão formidável.”
“ Para ele, a vida humana, nos recantos da terra brasileira que palmilhou, era pungente episodio de um quadro natural revolto pelas condições da própria instabilidade”.
“ E foi por essa miséria, e foi por essa tristeza que Euclydes se apaixonou. Sentindo, como Heine, que é preciso transformar nossas dores em cantigas,.... pensando como o provérbio hebreu, que a melhor mentira ainda é a verdade”
“Para ele a natureza do Brasil era global; só a via em conjunto”
“ Os Sertões” são um tratado de etnografia sertaneja... Não é um livro de literatura: é um livro de ciência e de fé”
Assino em baixo tudo o que Roquette-Pinto escreveu, para concordar que em Euclydes da Cunha, o homem era parte de um todo. A Natureza era determinante nos costumes, sentimentos e lutas dos homens com o seu habitat. O Todo estava integrado. Euclydes foi um homem de ciência que também fez literatura. “Os Sertões” nos ensina que o país está em construção e terá o destino que nós escolhermos. Há muito a ser feito. Lamentar, com Roquette-Pinto, a nossa pouca leitura e educação. Só com a educação o homem saberá ler e cuidar da natureza. Só com a educação o brasileiro saberá que Euclydes foi um grande homem e que escreveu um dos maiores livros da nacionalidade feita de muitas raças, imigrantes, jagunços, mestiços, gaúchos e sertanejos. Entender que esse caldeirão pode ser o diferencial de uma grande nação que está a ser construída.
João da Mata Costa
Foto: Coleção Jorge Murad - Acervo MIS.
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