quarta-feira, 13 de julho de 2016

Não vamos deixar a peteca cair, minha gente!

O que está acontecendo com a sociedade brasileira é o que nos alerta um clássico do marxismo:

“Uma classe acostumada a dominar e desfrutar de privilégios pela tradição de muitas gerações nunca conseguirá conformar-se completamente com o simples fato de uma derrota, nem suportar sem mais a nova ordem das coisas. Ela precisa, em primeiro lugar, ser destruída ideologicamente, para somente então colocar-se voluntariamente a serviço da nova sociedade e aceitar as suas regras como legais, como ordem jurídica e não como os fatos brutais de uma relação momentânea, que pode ser invertida no dia seguinte.”

A elite brasileira, acostumada a escravizar as mulheres, a desprezar e enxovalhar os trabalhadores, a rejeitar negros, nordestinos, gays e tudo aquilo que fere seus privilégios e preconceitos odiosos, não aguentou 14 anos de aprofundamento da democracia e de elevação do nível de vida dos mais pobres. Embora os governos do PT pudessem – e devessem – terem feito muito mais seria a mais completa ignorância desconsiderar os feitos sociais e trabalhistas realizados por Lula e Dilma.

Por exemplo, os mais pobres sacolejavam nos trens e nos ônibus mais de 4 horas por dia para ir até o seu trabalho e voltar à residência aqui em São Paulo. Veio o Haddad e amentou a velocidade média dos ônibus em mais de 30% à custa da criação de quilômetros e quilômetros de faixas exclusivas. O que aconteceu? Os pobres, os negros, os nordestinos e outros mais passaram a ficar menos no trânsito de congestionamentos infernais e chegarem mais cedo às suas casas. Com as faixas exclusivas de ônibus o transporte público passou a ter preferência sobre o privado. Aí a "classe" média pagou o pato: um em cada carro em filas intermináveis nas ruas... Por isso, e somente por isso, odeiam Haddad e o PT.

Falar em Residência de pobre, aqui, é um eufemismo. Quem mora em barracos pendurados no morro e com risco permanente de desabamento; quem mora em barracos ao lado de córregos imundos transformados em esgoto a céu aberto; quem mora amontoado num cubículo onde caberiam 2 pessoas comporta 8, não vive em residência, mas em um moquifo que ofende a dignidade humana. Sem conforto e com a saúde em risco diário, suas e de seus filhos, são as vitimas preferenciais do Zika...

Porém, isto que sensibiliza e revolta a mim e a você, não incomoda o mínimo sequer a elite brasileira em geral, e paulista em particular. Os malabaristas de farol só os incomoda pelo medo que essa gente tem de pobres e de negros. Fora daí eles não estão nem aí para os riscos que meninos e meninas que esmolam nos faróis, nas ruas, se prostituírem, ingressarem na carreira do crime, tornarem-se viciados em drogas ou traficantes delas. Não, nada disso preocupa a elite e as camadas médias urbanas, parte da elite branca, fascista, racista, isto, no dizer de Cláudio Lembo que, está mais distante do petismo e do comunismo do que a Terra de Plutão.

Mas, então Zé, o que preocupa e incomoda as nossas elites e "classe" media? Seria a proposta do Serra de passar a idade mínima de aposentadoria para 75 anos? Seriam as propostas de proibir o aborto mesmo em casos de estupro? Seria a proposta aplaudida pelo Governo Usurpador de dobrar a jornada de trabalho dos trabalhadores e congelar seus salários? Ou seria a proposta desse governo de terceirizar as atividades fins extinguindo, na prática, a CLT ou a maior parte dela? Ou seriam as demais propostas ante democráticas, ante sindicais e ante trabalhadores dos golpistas?

Não, nada disse preocupa as chamadas elites.

Sobre essas propostas, abro aqui um parêntesis para comentar algumas.

Com relação à aposentadoria aos 75 anos, segundo minha companheira Carmen, deveria ser obrigatória para todos aqueles que foram as ruas gritar Fora Dilma vestindo camisetas amarelas. Ela diz mais: a Lei Serra deveria obrigar os já aposentados a retornarem a ativa, arrumar um emprego e trabalhar até os 75 anos, para, quando nada, serem coerentes com sua própria pregação reacionária.

Com relação à jornada dobrada de trabalho, de 16 horas diárias, fecho, de cara, com o Blogueiro Eduardo Guimarães: seria obrigatória para todos aqueles que vestiram camisetas amarelas e foram às ruas vociferar besteiras.

O que preocupa – de fato - às elites é o grau de melhora da situação de vida dos pobres nos últimos 16 anos. Pobre viajando de avião os incomoda demais. Afinal, aeroporto, shopping center, museus, e demais espaços públicos não foram criados para os pobres. Só para as elites. Esses pobretões, negros, nordestinos, gays e etc. invadindo o sagrado espaço da classe média, da elite, é mesmo um absurdo, inaceitável!
José Augusto Azeredo




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