26/08/2016
Quando o Senado vai ao mundo pela TV e a Internet, pelo julgamento do “impeachment” da presidente Dilma Rousseff, surgem certos mal-entendidos derivados, obviamente, do cansaço do extenuante conflito entre as duas posições.
Pois, entre os defensores mais aguerridos da presidente, está a combativa senadora Gleisi Hoffmann.
E, hoje, em um momento de extroversão consentida, admitiu desabafar clamando contra o Senado não ter moral para julgar a presidente.
Sem adotar o chavão habitual de quem se aliena da realidade social pelo desprezo à política, talvez caiba procurar entender o que a senadora quis dizer.
Não creio que generalizasse. Como não creio também que se estivesse a colocar como a única pessoa cuja moral fosse digna de julgar e, então, absolver a presidente.
Mas julgo que nos caberia pensar um pouco de que moral ela falava. E, em tal intento, logo nos fica claro que ela certamente se referia as formas éticas pelas quais o capital e o trabalho consideram a história.
Não se podendo julgar acima da desigualdade de classes, haveria, pois, que considerar uma moral limitada, burguesa, egoísta e, outra, verdadeiramente humanista, que abrange a todos: burguesia e proletariado, na antecipação permanente de um mundo mais justo para todos.
Quando ela clama, invariavelmente é contra a primeira moral, não a segunda. Isto é, não se dirige ofensivamente ao Senado a apontar-lhe um valor negativo; levanta a voz para lembrar o que ele pode fazer tão melhor!
E isso coincide com o desempenho da presidente acusada - mais pelas virtudes dessa última - a mais pura moral - do que pelo descumprimento de regras da outra, em sua imperfeição, inclusive sujeita ao viés de muitos renomados juristas.
Não acusava o Senado de imoral ou amoral, mas de moral cujo aprimoramento ela já vislumbra, além, pela solidariedade que se propugna a emancipação de todos os homens.
O fundamento de tal diferença é histórico. Opõe-se ao fisiológico e ao sócio democrata e foi, é, e será, sempre, motivo de escândalo.
Não ofendia, fazia, em sua advertência, o apelo a que os outros senadores encontrassem em si mesmos ainda mais qualidades, abrindo-lhe os olhos ao que é menos moral, por moral capitalista, sem qualquer devoção à totalidade histórica.
É mais fácil pensar em uma bancada, do que em todo o povo. E o que se exige do Senado para o voto moral é a visão do esforço includente de todos, pois, deles sendo todo o poder, deles deve ser a representação em sua totalidade !
Vê-se aqui a diferença formal entre os eleitores do Executivo e do Legislativo.
Volta querida !
Fernando Neto
PT RJ nº 1741303
Ilvaneri Penteado - Jornalista - Rio de Janeiro
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