segunda-feira, 10 de abril de 2017

Uerj volta às aulas após três meses de paralisação; professores protestam



A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) retoma suas atividades acadêmicas a partir de hoje (10), após quase 4 meses de paralisação. A decisão foi tomada em reunião feita na última sexta-feira (7) entre a reitoria e o Fórum de Diretores das Unidades Acadêmicas. Também retornarão às aulas os alunos do Colégio de Aplicação da Uerj (Cap-Uerj).

As aulas são correspondentes ainda ao segundo semestre de 2016. O reitor Ruy Garcia Marques explicou que as aulas voltaram “por respeito aos alunos e à sociedade”.

“Na realidade teríamos que retornar no dia 17 de janeiro, porém, a situação estava impraticável. Todos os campus se encontravam sujos, sem manutenção e outros fatores. Porém, nesses três meses de negociação muita coisa evoluiu. Hoje o campus Maracanã, por exemplo, está limpo, com os elevadores funcionando, ainda que não na sua totalidade, e outros avanços. É preciso ressaltar que isso é o mínimo. Falta muitíssima coisa para se fazer,” disse.

Com relação aos alunos cotistas, o reitor explicou que há 9.800 alunos cotistas, sendo 8 mil também bolsistas. Ele disse ainda que a bolsa é um valor baixo, de R$ 450,00, mas que faz toda a diferença na vida dos estudantes que precisam dela.

“Hoje soube a situação de uma aluna que mora na Região dos Lagos e estuda aqui no campus Maracanã. Ela está utilizando o valor da bolsa para pagar o aluguel de um apartamento próximo à Uerj. Sem essa bolsa como vai pagar o aluguel? É uma situação complicada”, lamentou.

De acordo o reitor, dos 12 elevadores nove estão funcionando e outros em manutenção.

Ele ainda garantiu que todos os alunos que não receberam as bolsas, assim como os docentes que estão sem receber há três meses, não terão faltas caso não consigam comparecer. “Tem que haver compreensão e sensibilidade com o momento. Eu tranquilizo e garanto que nenhum deles receberá falta nessas circunstâncias”, afirmou.

Protesto

Professores fecharam ruas que dão acesso à universidade em protesto sobre os salários atrasados. Além disso, eles também pedem a saída do governador do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão. Entretanto, mais cedo, o reitor Ruy Garcia Marques afirmou não haver previsão para a resolução dos problemas à curto-prazo.

“Não há nenhuma promessa a curto prazo pra resolução disso. A única promessa que existe é que a Secretaria de Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento Social vem trabalhando no sentido e os alunos cotistas possam receber suas bolsas relativas a fevereiro o mais rapidamente possível”, disse Ruy Garcia Marques.

A Associação de Docentes da Uerj (Asduerj) convocou para a tarde de hoje uma assembleia entre seus membros para discutir os próximos passos do movimento. Uma greve não está descartada. Segundo comunicado da Associação, as aulas só devem ser retomadas com as devidas condições, isto é, com recursos para custeio e manutenção, bolsas e salários em dia. O reitor também falou da assembleia dos professores, a partir das 14h.

“Se decretarem greve, sinceramente, não sei como vai ser. O que tenho conhecimento é que a maioria dos professores e alunos não querem uma greve agora. Só quem quer são os servidores técnicos, que já aderiram ao movimento grevista. No momento, as aulas estão de volta, mas com essa assembleia tudo pode mudar”, disse.

Retorno às aulas

A aluna de engenharia elétrica Laura Peres está confiante com retorno às aulas, uma vez que muitos professores não pretendem entrar em greve.

“Além de que em breve o calendário de pagamento dos servidores deve sair. Com isso, eles ficam mais seguros para trabalhar. Não há o que reclamar deles [professores]. São comprometidos demais e fazem de tudo para contornar esses problemas que o Estado enfrenta. É uma crise feia. E quando a crise atinge a educação, consequentemente, alcança outros níveis também, pois a educação é a base de tudo“, acrescentou.

Há 17 anos na Uerj, o professor de Física Vitor Lemes admitiu que esta crise é a pior desde que ingressou na instituição. Ele também enumerou as dificuldades que professores encontram dentro da universidade e não se mostrou muito confiante com o retorno.

“Estamos sem o décimo terceiro salário, três meses atrasados com perspectiva de serem quatro. Vários professores e funcionários sem condição nenhuma de virem trabalhar e as instalações sem condições de nos receber”, disse.

Ao citar os problemas em sala de aula, o professor disse que “falta papel, tinta e impressora, por exemplo, para aplicar uma prova”. “Como recomeçaremos desse jeito? Eu não sei a resposta. A situação é ridícula e a chance de greve acaba sendo muito grande por conta disso”, concluiu.



Ciberia

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