Em entrevista à Fórum, a filósofa explica por que decidiu ser pré-candidata ao governo do Rio, fala sobre o cenário nacional e defende o direito de Lula ser candidato. Para ela, o Brasil vive uma ditadura do judiciário, mas a absolvição de Gleisi Hoffmann mostra que nem todos são golpistas.
(Divulgação)
A pré-candidata a governadora do Rio de Janeiro pelo PT, Marcia Tiburi, foi entrevistada no programa Fórum Onze e Meia desta quarta-feira (20), pelo jornalista Renato Rovai. Na entrevista, Marcia explica por que entrou na vida partidária e decidiu concorrer à eleição.
Para ela, é importante que neste momento brasileiro, pós-golpe, as pessoas mudem sua relação com a vida política. “Isso envolve também mudar a nossa relação com a nossa vida partidária. Não podia mais teorizar sobre política, me senti convocada a tomar a prática política e contribuir com esse cenário”, afirma. “As tarefas da discussão teórica são essenciais, mas também precisamos produzir uma aceleração histórica. A candidatura é uma tentativa de colaborar com uma aceleração histórica, é para isso que os partidos e movimentos existem.”
Marcia conta que foi filiada ao PSOL, em 2013, quando “decidiu sair da especulação teórica e entrar no campo da ação”. Ela que sempre se dedicou mais aos estudos e à sala de aula, foi fazer a experiência num partido político. “Queria entender a vida partidária de dentro.” A filósofa explica que decidiu ir para o PT após o golpe, de 2016, que tirou a presidente Dilma Rousseff do poder.
A professora também foi idealizadora de um partido feminista, a PartidA, que se transformou num movimento, espalhado pelo Brasil. “Funciona de uma maneira anárquica e suprapartidária, respeitamos todas as companheiras. Nosso feminismo é dialógico, em debate”, comenta.
De acordo com Marcia, a situação que o Rio de Janeiro enfrenta, sob intervenção militar, não pode ser vista de forma isolada, afinal o governo federal escolheu o Rio para dar um recado ao Brasil. “A crise do Rio não pode ser vista de forma isolada, o que a gente chama de estado de exceção se tornou tão comum, que precisamos pensar como as crises são produzidas e ininterruptas, como se a gente estivesse sempre em crise, na verdade é outra coisa.”
Em relação ao cenário nacional, segundo Marcia, o Brasil vive uma invasão neoliberal, que reúne os “colonizadores internos”, que ganham muito dinheiro vendendo o país para todo um contexto de corporações internacionais. “Essa exploração que vem de fora encontra essas pessoas que são traidoras da nação”, ressalta.
Marcia defende ainda a união das esquerdas num processo de transformação do cenário brasileiro. “Hoje defender a democracia é defender o direito de Lula se candidatar. Lula é um preso político. É uma das confirmações que estamos num estado de exceção, uma ditadura desse judiciário que se especializou em rasgar a Constituição desde o golpe. Um judiciário que nos envergonha. Mas a absolvição da presidente do PT Gleisi Hoffmann demonstrou que nem todo o judiciário é golpista”, conclui.
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Revista Forum
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