domingo, 5 de maio de 2019

A forma de sociedade burguesa que emerge


 "Se você deseja a segurança de sua família e não se importa se o preço a pagar for o assassinato de jovens nas favelas, atenção, pense bem. Não vai dar certo. Quer uma prova irrefutável? Já não deu. E é o que tem sido feito há tempos. Olhe ao redor. O que está à volta é resultado de décadas dessa política"

Chega às livrarias nos próximos dias o novo livro de Antonio Carlos Mazzeo, Os portões do Éden. Com uma vasta e fundamentada bibliografia, o autor oferece uma profunda reflexão sobre as controvérsias da democracia burguesa.

Por Redação Carta Maior

Antonio Carlos Mazzeo possui graduação em ciências políticas e sociais, mestrado em Sociologia e doutorado em História Econômica pela Universidade de São Paulo. Concluiu seu pós-doutorado em Filosofia Política pela Università Degli Studi Roma-Tre e sua livre-docência em Ciência Política pela Universidade Estadual Paulista. É professor livre-docente junto aos Programas de Pós-Graduação de História Econômica da FFLCH-USP e de Serviço Social na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 

Já na sua introdução ao volume, ele faz observações importantes: 

A quem acredita na ‘guerra contra o crime’, dirijo a seguinte ponderação. Meu intuito é oferecer argumentos persuasivos mesmo àqueles que não se importam com valores e apenas cobram resultados. Pretendo demonstrar que, mesmo do ponto de vista exclusivamente pragmático, o descumprimento dos direitos humanos por parte das polícias leva a sua degradação e seu consequente enfraquecimento e conduz ao fortalecimento do crime. Em bom português: prezada leitora, prezado leitor, aceitar e estimular a violência policial é um tiro no pé. Se você deseja a segurança de sua família e não se importa se o preço a pagar for o assassinato de jovens nas favelas, atenção, pense bem. Não vai dar certo. Quer uma prova irrefutável? Já não deu. E é o que tem sido feito há tempos. Olhe ao redor. O que está à volta é resultado de décadas dessa política. E cuidado: lideranças fascistas avançam, alimentando (e se nutrindo de) seu medo, seu ódio e seu desejo de vingança. Sem querer, sem saber, pode ser que você esteja gestando um monstro.”

Para o leitor se aproximar do tema do atual livro de Mazzeo, aqui um trecho do texto da orelha do volume, de autoria da pesquisadora e professora de Economia, Sofia Manzano.

" Na sequência de seu livro O voo de minerva: a construção da política, do igualitarismo e da democracia no Ocidente Antigo, Antonio Carlos Mazzeo traz aos leitores uma profunda sondagem teórico-histórica das questões mais importantes levantadas pela sociedade contemporânea acerca da democracia, do igualitarismo e do poder. 

Em Os portões do Éden: igualitarismo, política e Estado nas origens do pensamento moderno, o autor radica sua pesquisa histórico-filosófica nas origens helenísticas do igualitarismo e das formas políticas de resolução das necessidades organizativas das sociedades.

O corte filosófico encetado pela passagem da questão do “que fazer?” platônico para a questão de “como viver?” aristotélico dá início a um longo processo, contínuo-descontínuo, de construção de cosmologias que se adequem às diferentes formas sociometabólicas e histórico-particulares ocidentais até a modernidade.

O Renascimento e a apropriação peculiar da herança helênica do igualitarismo proporcionam uma imersão em autores que sintetizam a transformação civilizatória da nova era na “entificação” de uma nova cosmovisão da condição humana. Laicizar o divino e o estabelecimento do livre-arbítrio permitiram à humanidade historicisar o conhecimento na transformação dialética do ser humano e da consciência possível. 

Nessa particular transformação que emerge do Renascimento, a forma sociometabólica do capital impulsionada pela burguesia traz consigo a superação do ideal clássico grego fundado na pólis e a ascensão do ideal burguês do homem egoísta, surgindo assim, a forma inacabada da individualidade ainda segmentada pela sociedade de classes.

O encerramento do livro com a primorosa contribuição de Maquiavel permite compreender em plenitude a construção ideo-política da forma societal burguesa em emergência. A práxis política, o papel do Estado e o significado do igualitarismo no século XXI requerem a imersão na produção teórico-filosófica proposta por Mazzeo ao abrir os portões do Éden aos leitores."

Ficha Técnica:

Título: Os portões do Éden: igualitarismo, política e Estado nas origens do pensamento moderno
Autor: Antonio Carlos Mazzeo
Apresentação: Marcos Tadeu Del Roio
Posfácio: Anderson Deo
Orelha: Sofia Manzano
Preço: R$ 59,00 
Formato (largura x altura): 16x23 cm
ISBN: 978-85-7559-688-3
Editora: Boitempo
Disponível a partir de: 10 de maio

*Com informações do blog da Boitempo

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