quinta-feira, 14 de maio de 2020

Coronavírus: 86 milhões de brasileiros apresentam ao menos um fator de risco para a doença


Entre as doenças estão as cardiovasculares e cerebrovasculares, diabetes, hipertensão, doenças respiratórias crônicas, câncer e obesidade


Uma pesquisa feita pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostra que mais da metade da população adulta do País, 86 milhões de pessoas, apresenta pelo menos um dos fatores que pode aumentar as complicações em caso de infecção pelo coronavírus. Essa relação coloca essas pessoas no grupo de risco da doença. Dos 54% de adultos dentro do grupo, 30% deles têm ao menos um fator de agravamento, 15% têm dois fatores, enquanto 9% têm 3 ou mais.

Além do recorte etário – são consideradas do grupo de risco pessoas acima dos 60 anos – também estão na lista as doenças crônicas cardiovasculares, diabetes, hipertensão, doenças respiratórias crônicas (em particular doença pulmonar obstrutiva crônica), câncer e doenças cerebrovasculares (acidente vascular cerebral – AVC). Somam à lista doença renal crônica, obesidade, asma e tabagismo.

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A pesquisa, coordenada pelo professor do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina (EPM-Unifesp), Leandro Rezende, também avaliou a situação em cruzamento com recortes por escolaridade e unidades federativas do Brasil, para checar como essas classificações incidem sobre o grupo.

Identificou, por exemplo, que os adultos que não concluíram o Ensino Fundamental estão muito mais propícios a estarem nos grupos de risco, com 80%. O número é de 46% quando a análise é sobre os adultos que concluíram o Ensino Superior. Para o pesquisador há duas causas relacionadas à diferença entre os números: as pessoas com menor escolaridade tendem a ter um nível socioeconômico mais baixo e menos acesso a recursos básicos.

Em relação aos estados, observa-se predominância dos territórios do Sul e Sudeste entre os que têm maior fatia da população nos grupos de risco, com Rio Grande do Sul (58,4%), São Paulo (58,2%) e Rio de Janeiro (55,8%) nas primeiras posições. Amapá (45,9%), Roraima (48,6%) e Amazonas (48,7%) são os estados com menor proporção de populações nos grupos de risco.

O cenário, também de acordo com o pesquisador, é impactado pela maior expectativa de vida no Sul e Sudeste, com maior número de idosos, dado o maior poder aquisitivo. O Norte e Nordeste, por outro lado, tem menos acesso aos diagnósticos médicos, o que pode enviesar os números de prevalência de doenças como diabetes e hipertensão na população.

Carta Capital

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