Caros amigos, Como de praxe, vamos começar nossa conversa atualizando a situação de Carta Maior, um projeto coletivo, de quase vinte anos, destinado à difusão do pensamento da esquerda.
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Daí o apelo: nós precisamos atingir 3 mil parceiros-doadores o mais rápido possível. Lembrem-se que com apenas R$ 1 real por dia vocês podem fazer a diferença. Se puder, doem mais (saibam aqui as formas de doação).
O tempo das convicções já passou, agora existem provas
Como vocês sabem, as próximas semanas podem ser decisivas.
No âmbito da pandemia, ultrapassamos dezessete mil mortos por COVID-19 no país, caminhando para o topo da lista dos países mais atingidos e os dados estão subnotificados. Dois ministros caíram, mais um general ascendeu ao governo, mesmo que interinamente. A a única certeza é de que o próximo Ministro será, obrigatoriamente, um defen$or do uso da cloroquina, o medicamento (ainda em fase de testes) que Donald Trump tenta empurrar goela abaixo de nações subservientes como a nossa, tendo em vista seus interesses comerciais, já que, segundo o NYT, é sócio do laboratório produtor da droga.
Já no âmbito político, dois episódios prometem aquecer o noticiário nos próximos dias. Primeiro, a divulgação do áudio, entregue pela Advocacia-Geral da União, da reunião entre Bolsonaro e seus ministros. Até então, o messias-presidente bradava não existir nada que o incriminasse no material. No trecho vazado, na última quinta-feira (14.05.2020), a história é outra:
“Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente e não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar f. minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança da ponta de linha que pertence à estrutura (...) Vai trocar. Se não puder trocar, troca o chefe dele. Não pode trocar o chefe? Troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira”, afirma Bolsonaro.
A fala foi mencionada por Sérgio Moro em longuíssimo depoimento à PF de Curitiba, dia 2 de maio. O ex-ministro de Bolsonaro sustenta que o chefe interferiu sim na PF, a fim de trocar o então diretor-geral da entidade, Maurício Valeixo e o superintendente do Rio, o que de fato ocorreu após a saída de Moro do governo, vide publicação do Diário Oficial.
No dia 11 de maio, porém, em depoimento na mesma superintendência da PF, Valeixo desmentiu o ex-ministro, disse que nunca tratou diretamente com o presidente sobre troca de superintendentes e que ele nunca lhe pediu informações sobre investigações ou inquéritos em curso.
Cinco dias depois, surgia nova acusação contra Bolsonaro.
Na noite da última sexta-feira (16 de maio), a Folha publicou a entrevista do empresário Paulo Marinho, presidente do PSDB no Rio de Janeiro, e já anunciado candidato a prefeito, pela legenda. À jornalista Mônica Bergamo, ele detalhou que em dezembro de 2019, Flávio Bolsonaro, de quem é suplente no Senado o procurou, transtornado. Começava ali a Operação Furna da Onça, que revelaria o esquema de rachadinha capitaneada por Queiroz, pessoa de confiança da família Bolsonaro, que trabalhava no gabinete de Flávio, então deputado estadual, na Alerj.
Nessa entrevista, Marinho, colega de partido de Dória, levanta duas arapucas:
Primeiro, ele afirma ter ouvido do próprio senador, em presença de outras duas pessoas, que no segundo turno das eleições de 2018, “um delegado da Polícia Federal” encontrou o coronel Braga (chefe de governo de Flávio no Senado) e o advogado Victor Alves para alertá-los sobre a Operação Furna da Onça; e pior: ele garantiu que poderia retardar a Operação para que Bolsonaro saísse vitorioso nas urnas daquele ano.
‘Eu sugiro que vocês tomem providências. Eu sou eleitor, adepto, simpatizante da campanha [de Jair Bolsonaro], e nós vamos segurar essa operação para não detoná-la agora, durante o segundo turno, porque isso pode atrapalhar o resultado da eleição [presidencial]’ (...), teria dito o delegado. Logo em seguida, conta Marinho, Flávio comunicou ao pai o episódio e o pai pediu a demissão de Queiroz e sua filha.
Além dessa arapuca, a entrevista de Marinha também menciona o famoso celular de Gustavo Bebianno que, segundo ele, “tinha esse conteúdo imenso [de mensagens], na mais alta intimidade que você pode imaginar. Eram conversas íntimas que provavelmente deviam ter revelações interessantes (...) E deixou esse telefone com uma pessoa nos Estados Unidos.”
Esses depoimentos devem confirmar que a vitória de Bolsonaro foi uma enorme fraude que começa com o impeachment de Dilma (e o vazamento de Moro dos diálogos telefônicos entre os presidentes foi crucial); a condenação de Lula (sem provas e por um juiz suspeito) e sua prisão posterior (sem trânsito em julgado); a fraude das fake news contra o candidato do PT; e a revelada intervenção da Polícia Federal no resultado eleitoral, postergando a Operação Furna da Onça.
Por que Bolsonaro tem coragem de dizer a Moro, o juiz endeusado pela Globo, e por grande parte da população brasileira, “você tem 27 superintendências, eu quero a do Rio”? Quem diz algo desse tipo (Bolsonaro), meus amigos, o faz porque está acostumado com esse tipo de interferência, isso faz parte de sua prática política mas também porque sabe, tem certeza, de que a outra parte (Moro) tem essa prática incorporada na sua atividade profissional (Intercept).
Para Bolsonaro, não há problema nenhum a PF adiar a Operação Furna da Onça. Faz parte do jogo. Agora, fica a pergunta: o juiz Moro, ao aceitar a proposta e entrar neste governo, não tinha nenhuma ideia desse caso? Teria vindo disposto a manter seu método de atuação?
Meus amigos, o tempo das convicções já passou, agora existem provas. Eles precisaram usar de todos os artifícios criminosos para tentar eliminar o PT e as esquerdas da vida política brasileira. Lula havia ganho quatro eleições, fato inédito na América Latina e no mundo; e se o governo Dilma tivesse um bom desempenho, certamente, ele retornaria e, em vez de dezesseis anos de governos petistas, nós teríamos, quem sabe, 24 anos.
O desastre que o golpe representou para as elites é perfeitamente visível no desaparecimento do PSDB. Onde estão FHC, Serra, Aécio, Alckmin, Aluisio? O Príncipe dos Sociólogos é apenas encontrado nas páginas da grande imprensa, de resto, é um “zero à direita“. Os demais nas páginas policiais, onde serão protagonistas por muito tempo.
E quanto ao desastre que o golpe representou para o verdadeiro povo brasileiro? Em 2003, na posse de Lula, o Brasil tinha uma taxa de desemprego de 12,3%. Em 2010, último ano de Lula na presidência, a taxa caia para 6,7% e ele contava com aprovação de 87%, segundo o Ibope.
E tem mais:
Em 2011, quando Dilma assumiu, a taxa de desemprego caiu para 4,7%. Em 2013, último ano em que ela pode, efetivamente, governar em paz, o país contava com desemprego em 5,7%. Vivíamos o pleno emprego, e Dilma batia 79% de aprovação.
Em 2019, a taxa média de desemprego voltou aos patamares da era FHC: 11,9%. Em janeiro de 2020, antes da pandemia, o índice estava em 11,2%.
Só muita maracutaia para combater números tão expressivos. E não duvidem, vem mais por aí.
O velhaco de Chicago, aquele que pretendia vender até o Palácio do Planalto, anda agora esmurrando a mesa e ameaçando: “Vamos vender logo a p… do Banco do Brasil”.
Ironias da história: os Marinhos colocaram Bolsonaro no governo e um Marinho com um Jeep, pode tirá-lo de lá...
Meus amigos, antes de finalizarmos, segue mais um apelo: por favor, ajudem-nos e façam suas doações. Quem já contribuiu antes, se puder nos ajudar novamente, nós seremos muito gratos (cliquem aqui).
E anotem o que digo: vocês irão se surpreender com a nova Carta Maior que nascerá se essa campanha de doação for bem sucedida.
Sigamos juntos e fiquem em casa.
Joaquim Ernesto Palhares
Diretor da Carta Maior
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