quarta-feira, 20 de maio de 2020

Com mais de mil mortes em um dia, Brasil tem um óbito a cada 73 segundos... -

Imagens de vítimas do novo coronavírus no Brasil; país ultrapassou mil mortes em 24h pela doença


RESUMO DA NOTÍCIA
Sem ministro da Saúde desde sexta, Brasil tem total de 17.971 mortes e 271.628 casos oficiais
Só cinco países no mundo registraram mais de mil óbitos em um dia: Brasil, EUA, França, Reino Unido e China
Falta de testes e atraso em resultados levam a subnotificação dos casos
Brasil está atrás apenas de EUA e Rússia entre aqueles com mais infectados
São Paulo, Bahia, Ceará e Rio de Janeiro foram estados com mais novos casos em 24 horas


No tempo em que você lê este texto até o final, ao menos cinco mortes por covid-19 serão registradas no Brasil. A última atualização do Ministério da Saúde, divulgada hoje (19), mostra que, nas últimas 24 horas, foram contabilizados 1.179 óbitos pela doença causada pelo coronavírus, com média de uma a cada 73 segundos. Ao todo, o país registra 17.971 mortes pela covid-19.

O país atingiu 271.628 diagnósticos, sendo 17.408 casos confirmados entre ontem e hoje. Ao menos 146.863 seguem em acompanhamento e, segundo a pasta, 106.794 se recuperaram da doença.

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Trata-se de um novo recorde de mortes registradas em um dia, passando os 881 óbitos contabilizados na terça-feira passada (12). Os picos têm sido neste dia da semana porque, entre sábado e domingo, os dados não são registrados no sistema na mesma velocidade que nos dias úteis.

Hoje foi o primeiro dia nesta pandemia em que o Brasil contabilizou mais de mil mortes pela covid-19. O país é o quinto do mundo a chegar nesse patamar, após Estados Unidos, França, Reino Unido e China.... -

Com esse novo recorde de óbitos, a covid-19 se torna a principal causa de mortes hoje no Brasil, acima de qualquer doença ou causas externas — como comparação, as doenças cerebrovasculares matavam em média 273 pessoas por dia, em 2018, segundo os dados mais recentes do SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade).... 


O mesmo vale para os casos de infarto, pneumonia, diabetes, hipertensão e qualquer tipo ou agrupamento de câncer, além de mortes por acidentes ou agressões (que inclui assassinatos e suicídios).... 

Por trás dos números, 1.179 tragédias... 


Desde o início da pandemia, a covid-19 matou personalidades tão distantes quanto Aldir Blanc, Daisy Lúcidi, Daniel Azulay e a técnica de enfermagem carioca Daniele Costa, o que prova que a doença não escolhe classe nem local. 

Oito dias antes de morrer, Danielle fez um apelo em suas redes sociais: "É agoniante você ver que as pessoas estão ali, curtindo o momento. Mas não sabem se amanhã vão estar contaminadas ou se vai ter leito para elas". 

Danielle não foi a única a perder a vida no front de batalha contra a doença. Seu colega, o enfermeiro de Macapá Evandro Costa Silva, morreu horas depois de pedir ajuda em um grupo de Whatsapp. "Vou falar aqui até apagar. Não tem como falar ninguém.Vou morrer sentado agonizando aqui", escreveu nas trágicas mensagens finais.... 

Tentando trazer alegria a profissionais de saúde que, como Danielle e Evandro, deram a vida para salvar tantas pessoas, o maestro Siney Saboia de Moura, 46, conduziu uma homenagem da banda da Guarda Municipal de Macapá. Um mês depois, morreu vítima do novo coronavírus. 

Preocupado em ajudar o próximo, Paulo Fernando de Campos Meneses, conhecido como frei Bruno, trabalhava em uma casa de acolhimento a pessoas em situação de rua no interior de São Paulo, onde convivia com alguns infectados. Providências, como o isolamento e ajuda médica foram tomadas para evitar a disseminação da doença. Mas frei Bruno foi contaminado e morreu pouco depois.... - 

Mesmo isolada e tomando os cuidados que podia, como uso de máscaras, álcool em gel e luvas, a jornalista paraense Uliana Mota foi infectada pelo novo coronavírus e não resistiu. Preocupada com a alta incidência de casos suspeitos em sua rua, a família teve de se mudar. 

Caso parecido viveu a estudante paulista Jaqueline Gomes da Silva, que perdeu o pai em abril. "Desde quando começou a quarentena, a gente não saiu muito. Na única vez que ele saiu, meu pai saiu de casa para ir ao mercado com a minha mãe." 

A paulista Zemilda Silva do Nascimento tinha acabado de realizar o seu maior sonho: comprara sua casa própria. No final de abril, reuniu amigos na residência para um almoço de confraternização. Duas semanas depois, contudo, morreu vítima de covid-19. Outros cinco familiares que estiveram na ocasião também tiveram diagnóstico positivo....

Sem ministro 

Desde sexta-feira, o Brasil está sem um ministro da Saúde para conduzir o combate à pandemia. Nesse dia, o oncologista Nelson Teich deixou o governo federal menos de um mês após ter assumido para substituir Luiz Henrique Mandetta, demitido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no dia 16 de abril. Em seu lugar, atua interinamente o general Eduardo Pazuello. 

A pressão feita pelo presidente pelo uso de cloroquina no tratamento de pacientes contaminados e suas críticas ao isolamento social, desdizendo em público orientações da pasta, pesaram na saída de ambos os ministros em tão curto período. 

Em sua breve gestão, o ex-ministro da Saúde Nelson Teich já havia admitido no final de abril a possibilidade de o Brasil contabilizar mil óbitos por dia no decorrer da emergência de saúde.

Até a noite de segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro não havia feito qualquer pronunciamento ou divulgado nota de pensar em solidariedade às famílias de milhares de vítimas. Em vez disso, preferiu fazer gracejos sobre o uso da cloroquina. 



Perda de vidas é ainda maior do que o registrado


UOL

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